A armadilha da bolha #USDBRL


Ray Dalio nunca foi economista. E justamente por isso sempre enxergou a economia melhor do que a maioria dos economistas. Ele não saiu de um departamento universitário nem perdeu anos debatendo teorias que não resistem a cinco minutos de mercado real. Dalio veio do mundo prático, do risco diário, da pele em jogo — começou pequeno, remando contra a maré, e acabou construindo nada menos que o maior hedge fund do planeta, a Bridgewater Associates.

E não foi sorte. O homem criou um império financeiro que, em seus melhores anos, deu mais lucro para seus clientes do que muita multinacional faturava. E não era um clube aberto a qualquer um. Como já comentei diversas vezes no Mosca, para entrar no fundo dele era necessário “50 paus”. E não são paus comuns — são dos grandes: cinquenta milhões de dólares. Esse era literalmente o preço do ingresso para sentar à mesa com ele. Mercado para gente grande, onde não entra curioso, apostador ou amador.

Dalio conquistou esse sucesso absurdo porque nunca teve medo de dizer o que pensa, nunca evitou contrariar o consenso e passou a vida inteira estudando ciclos econômicos como quem estuda padrões meteorológicos. Ele procura entender por que as coisas acontecem, enquanto o mercado prefere repetir jargões. E é justamente por isso que, quando ele fala sobre bolhas, ninguém sensato deveria tratar como exagero — Dalio ganhou a vida prevendo riscos que o mercado jurava que não existiam.

Vamos ser diretos: há momentos em que o mercado sobe porque a economia vai bem… e há momentos em que ele sobe apesar da economia. Quando isso acontece, você sente aquele cheiro de coisa errada antes mesmo de conseguir explicar. E é exatamente nesse ponto que Dalio resolveu bater: segundo ele, estamos vivendo uma combinação perigosa entre uma grande bolha e um enorme desequilíbrio de riqueza — e esses dois ingredientes, juntos, nunca terminam em final feliz.

Dalio insiste numa distinção que o mercado adora ignorar: riqueza financeira não é dinheiro real. Parece simples, mas é aí que mora o perigo. Ações, títulos, imóveis e valuations criam uma sensação de patrimônio robusto, mas tudo isso só vira “real” quando alguém consegue vender. Dinheiro de verdade é o que paga dívida, imposto, susto, erro e necessidade urgente. O risco aparece quando a riqueza financeira cresce muito mais rápido do que o dinheiro disponível. Fica tudo maravilhoso enquanto ninguém tenta sair ao mesmo tempo. Mas basta uma necessidade súbita de liquidez para revelar que boa parte dessa riqueza era apenas uma miragem coletiva.


Gráfico

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.


Dalio afirma que essa diferença entre o que as pessoas acham que têm e o que realmente existe em dinheiro está no maior nível dos últimos 120 anos, superando épocas clássicas de euforia, como 1929 e a bolha da internet. E, para agravar, essa bolha atual está apoiada sobre outro problema gigantesco: uma desigualdade de riqueza extrema. Ou seja, não é apenas uma bolha financeira — é uma bolha sobre uma base social frágil.


Gráfico

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.


O roteiro da bolha, para Dalio, é quase sempre o mesmo. Primeiro, o crédito fica barato. Depois, a liquidez empurra os ativos cada vez mais alto. A valorização vira narrativa, a narrativa vira certeza, e a certeza vira “nova era”. As pessoas se sentem ricas, gastam mais, tomam mais risco e confundem euforia com prosperidade. Até que, repentinamente, alguém precisa de dinheiro. Uma venda vira duas, duas viram dez, e o mercado descobre que não existe comprador para aquela montanha de ativos inflados. É aí que todas as frases mágicas desaparecem — e rápido.



Dalio lembra que, nesses ambientes, o risco não é apenas financeiro — é político. Quando a desigualdade está muito alta e a bolha estoura, o problema se espalha para governos, instituições e tensões sociais. Surgem medidas improvisadas, pressões por impostos extraordinários e polarização ainda maior. O estouro da bolha é apenas o início da dor.

Ele não recomenda pânico, nem fuga total dos mercados. O que Dalio sugere é prudência. Bolhas duram mais do que parece racional, e tentar adivinhar o topo costuma ser um jogo suicida. Por outro lado, carregar alavancagem num ambiente desses é brincar com gasolina perto de fogo. Dalio reforça a importância da diversificação real — não aquela falsa diversificação onde cinco ativos fazem a mesma aposta — e lembra que certos instrumentos funcionam como proteção justamente quando o mercado perde a confiança.

O recado final é simples: não confunda riqueza com caixa, nem euforia com prosperidade. As maiores bolhas da história sempre foram óbvias — mas só depois de estourarem. Dalio apenas tenta evitar que você descubra isso tarde demais.

Análise Técnica

No post "IA-na-segunda-fase” fiz os seguintes comentários sobre o dólar: “A moeda se encontra dentro o intervalo apontado, mas sem que haja uma convicção quando observo numa janela de 2 horas. Eu poderia ser inconsequente e “arriscar” uma compra aqui, afinal isso vai de acordo com minha tese de alta, mas mesmo meu amigo querendo me pressionar não vou fazer”.


Na última sexta-feira e no desespero total, a família Bolsonaro resolveu dar uma cartada lançando Flavio Bolsonaro como candidato à presidência da República. Quando voltei do almoço e notei um enorme stress na bolsa e no câmbio busquei os motivos. Custei acreditar que o motivo foi esse pois um analista político mesmo sem grande estatísticas não daria mais de 20% de chance. Hoje pela manhã disse que negocia sua “rendição” se receber garantia de “Bolsonaro livre”, ou seja, como é impossível alguém garantir isso, é um call sem objetivo mas inviabiliza a candidatura de Tarcísio de Freitas.

Porém esse evento ajudou a desvendar algo que eu considerava pouco provável, a que a melhora dos ativos brasileiros tinha uma crença na direita ganhando o poder em 2026. O porquê do meu ceticismo? Achava que é muito prematuro para fazer essa aposta. Lógico que parte da alta também era do “Maria vai com as outras” pelos investidores internacionais que estão premiando os P/L barato pelo mundo.

Voltando a vaca fria como se diz na gíria, e por mais que o mercado indicasse que o dólar iria cair mais, como comentei acima, me abstive de qualquer posição, afinal por enquanto trabalho com a alta do dólar, o que eu desconheço e de qual nível de queda isso poderia ocorrer.

Qualquer ativo que eu analiso, eu tenho visualmente três gráficos com as janelas: semanais, mensais e de 2/4 horas. Vejamos as observações possíveis:

Semanal: ainda distante de qualquer opção de alta se desenhando.

Diária: Existe a possibilidade de alta mais não confirmada.

2 horas: Poderia estar formando uma onda 3, ou então, a alta que ocorre desde a mínima de R$ 5,2567 destacada no gráfico ser uma simples correção.

Conclusão: observar nos próximos dias e se por acaso houver o rompimento do nível de R$ 5,56 minha propensão de assumir uma mínima se eleva, caso contrário, pode estar se formando um triangulo na onda 4 azul (destacada), que deveria ser empurrada para a direita.


- David, você estar mais em cima do muro é impossível! Acho que vou cortar seu salário! Hahaha.

Você poderia fazer um favor para mim, vai bater um papo como o Flavio Bolsonaro e pergunte qual será a nova loucura da família assim poderá decidir se compra ou vende dólar. Agora, mesmo que consiga essa informação nem pense em me perguntar para saber qual a minha opinião no dólar!

O S&P 500 fechou a 6.846, com queda de 0,35%; o USDBRL a R$ 5,4314, com queda de 0,13%; o EURUSD a € 1,1637, sem variação; e o ouro a U$ 4.191, com queda de 0,14%.

Fique ligado!

Comentários