Os primeiros da fila #OURO #GOLD #EURUSD #BITCOIN
O movimento recente do Bitcoin — uma alta rápida de 3% em poucos minutos, seguida de um curto período de estabilidade e, logo depois, uma queda praticamente simétrica — não exige explicações mirabolantes nem teorias conspiratórias. Ele é, antes de tudo, um retrato fiel do comportamento humano sob estresse, exatamente como Charlie Munger descreveu ao longo de décadas ao estudar os erros recorrentes de julgamento. O gráfico chama atenção porque é abrupto, mas o fenômeno por trás dele é antigo e amplamente conhecido.
O post que acompanha
esse gráfico se limita a fazer a pergunta óbvia — “o que está acontecendo
aqui?” — mas não entrega a resposta. E não entrega porque, na prática, não
houve um motivo objetivo. Nenhuma mudança estrutural, nenhum dado novo, nenhuma
notícia capaz de justificar um movimento dessa magnitude em tão pouco tempo. O
que houve foi comportamento.
A primeira engrenagem
desse processo é a super-resposta a recompensas e punições. Movimentos rápidos
ativam reações automáticas: entusiasmo quando sobe, desconforto quando cai. O
preço passa a comandar a narrativa, não o contrário. Em ativos sem geração de
caixa ou âncoras fundamentais claras, como o Bitcoin, esse efeito se amplifica.
A volatilidade deixa de ser ruído e passa a ser o próprio motor do mercado.
A isso se soma a prova
social. A alta recente é interpretada como validação coletiva; a queda, como
sinal de alerta. O investidor tende a reagir ao comportamento dos outros, não à
estrutura do ativo. O Bitcoin depende fortemente dessa dinâmica: sua sustentação
está menos ligada a utilidade econômica e mais à disposição contínua de novos
compradores entrarem no jogo.
O terceiro viés é o
otimismo excessivo. Períodos de valorização alimentam narrativas lineares, nas
quais o passado recente é projetado indefinidamente para o futuro. Riscos
passam a ser tratados como detalhes secundários, e cenários adversos são
considerados improváveis ou transitórios.
Quando o mercado muda
de direção, entra em cena a aversão à perda. Os primeiros a reagir não são os
investidores mais pacientes, mas aqueles mais sensíveis a preço — especialmente
os alavancados. São eles que formam os primeiros da fila. Liquidações se encadeiam,
stops são acionados e o ajuste ganha velocidade.
Nesse ponto, os vieses
deixam de atuar isoladamente e passam a operar em conjunto — o efeito
Lollapalooza. Ganância recente, validação social, excesso de otimismo e medo de
perdas se reforçam mutuamente.
É aqui que a
superconfiança merece atenção especial. O caso da MicroStrategy ilustra bem
esse ponto.
No ano passado, no
post “O mega especulador”, o Mosca já havia comentado a estrutura montada pela
empresa: emissões de ações e títulos de dívida para financiar compras de
Bitcoin, partindo da premissa de que o ativo deveria valer milhões.
Naquele momento, a
relação entre o valor de mercado do estoque de Bitcoins e o valuation da
empresa girava em torno de 2.
Não vou me aprofundar
no conjunto completo de covenants desses títulos, mas é razoável supor que
existam limites e gatilhos.
O episódio recente do
Bitcoin não é excepcional. Ele mostra quem reage primeiro quando a maré vira.
Os mais expostos são sempre os primeiros da fila.
Charlie Munger deixou
o roteiro. O mercado apenas segue o script.
Análise Técnica
No post “o-voto-de-desconfiança”, fiz os seguintes comentários sobre o ouro:
“Nos últimos cinco dias, o ouro ficou ‘enxugando gelo’, como se diz na gíria,
restrito a uma oscilação de US$ 100 entre US$ 4.260 e US$ 4.160” … “o metal
continua ali, sem saber se arrisca novas altas (o que me parece um pouco mais
provável, apenas um pouco) ou quedas”.
O ouro está próximo de romper o nível apontado no gráfico em US$ 4.391, o que aumentaria as chances de novas altas. No entanto, há algo que chama a atenção na elipse destacada abaixo: dentro do movimento de alta contam-se sete ondas, e sete ondas não configuram uma sequência válida dentro dos padrões da Elliott Wave. O que isso indica, na verdade, é uma correção — a, b, c — conforme ilustrado na figura. Se essa leitura estiver correta, ainda haveria espaço para uma queda até o nível de US$ 3.800.
— David, o que fazer nessas situações?
Veja que, por
enquanto, existem sete ondas, mas novas ondas ainda podem se formar e alterar
completamente o quadro. Para responder à sua pergunta, eu ficaria atento ao
seguinte: se o preço ultrapassar o nível de US$ 4.391 de maneira pujante, essa
hipótese vai por água abaixo; agora, se começar a cair a partir daqui, ela
ganha força.
Em relação ao euro,
comentei: “o euro não deu muitas pistas sobre seu rumo. Embora seja provável
que esteja dentro de um triângulo — o que combina com o metal —, eu não gosto
dessas associações. Normalmente, o movimento desses dois ativos é na mesma direção…
até a hora em que não é!”.
Nada muito diferente do que comentei acima: o ativo ainda segue sem definição. Quero enfatizar que não necessariamente irá trilhar o triângulo demarcado no gráfico, pois, ao invés de retrair para completar a onda e laranja, pode ultrapassar o nível atual e buscar as metas demarcadas no retângulo. Caso ultrapasse € 1,1921, a hipótese do triângulo fica descartada, e passa a ser mais provável que caminhe em direção aos objetivos destacados.
O S&P 500 fechou a
6.774, com alta de 0,79%; o USDBRL a R$ 5,5230, sem variação; o EURUSD a
€ 1,1724, com queda de 0,14%; e o ouro a U$ 4.332, com queda de 0,13%.
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