Ganhei! Uhuuul #OURO #GOLD #EURUSD
O ano está acabando e daqui a pouco todos nós
vamos nos defrontar com a performance dos nossos investimentos, bem como as
perspectivas para o próximo ano. Não gosto nada, nada das datas
pré-estabelecidas, essa mania de tirar conclusões olhando somente a foto final
sem analisar o filme de como se chegou até lá. Se posso apontar como o grande
erro do Mosca este ano, foi não aproveitar a alta da bolsa brasileira. Pelos
comentários da minha rede social, não fui o único — o que não conforta em
absolutamente nada. Como prever que, no início do ano, com um governo gastador
do jeito que é e uma taxa de juros nas alturas, a bolsa iria subir tanto?
Olhando os gráficos! Observando as sugestões do ano, pegamos um “troco” de
aproximadamente 3%, tudo isso usando meu sistema de análise completo. Quando
mudei, fiquei meio imobilizado, mas um leitor me chamou atenção e usei a regra
que aprendi com um professor na faculdade: o ótimo é inimigo do bom. Entrei
ontem. Let’s see.
Mas não foi só a brasileira que subiu — foram todas! Com um detalhe importante: enquanto a americana privilegiou as empresas com Carteirinha, entregando lucros incríveis concentrados nas gigantes de tecnologia, o resto do mundo resolveu assumir que os P/L estavam baixos demais e se valorizou muito mais por esse indicador do que pelos lucros. Let’s see aqui também, porque esse movimento não pode ser ad infinitum: uma hora o lucro precisa aparecer.
Apesar dos pesares, é provável que, quando você olhar sua carteira, fique feliz — embora o ano ainda não tenha acabado. No segundo momento, você vai analisar seus fundos. E, se tinha algum investimento em bolsa, também deve estar satisfeito, mesmo sabendo que muito provavelmente não bateu o benchmark. Eu não recebo estatísticas da bolsa brasileira como da americana, mas arrisco: não deve ser muito diferente. E se você me mandar mensagem dizendo que seu fundo bateu o benchmark, parabéns — mas recomendo que tire o dinheiro dele, porque, como mostram os estudos anexados, foi por sorte.
E aqui entra a parte mais divertida do tema de
hoje. A indústria de fundos adora vender a narrativa da habilidade superior,
mas quando viramos o microscópio para o que realmente acontece dentro da
carteira, quem aparece não é o gestor genial — é o acaso em sua forma mais
elegante. O SPIVA, relatório padrão ouro de comparação entre fundos e índices,
mostra que mais da metade dos fundos de ações americanas perde do S&P 500
mesmo em anos bons, como agora. Isso não acontece porque esse ano foi diferente.
Acontece sempre. É estrutural.
O gráfico que mais gosto é aquele que empilha
ano após ano e mostra a mesma história repetida: a barra dos perdedores sempre
mais alta do que a dos vencedores. É o equivalente financeiro de jogar uma
moeda e esperar que dê cara todas as vezes. Mas a realidade fornece o contrário
— a média é cruel, e ela engole expectativas.
Esse padrão fica ainda mais evidente quando
olhamos persistência. O SPIVA também acompanha quantos fundos permanecem no
quartil superior por dois, três, quatro anos seguidos. E o resultado é risível:
menos de 10% conseguem repetir o desempenho. Ou seja, o gestor fenomenal que
brilhou este ano provavelmente será apenas mais um na multidão no ano seguinte.
O que confirma um ponto central do post: quando
você acha que ganhou, cuidado — talvez tenha só tirado o número certo no dado.
Mas a paulada final vem do estudo clássico de
Fama & French, que praticamente autopsia a indústria. Eles mostram que,
quando você ajusta os retornos pelo risco e pelos fatores conhecidos, quase
ninguém supera o benchmark de forma consistente. E mais: quando se faz um teste
estatístico para separar habilidade de sorte, surge a verdade: a maioria dos
fundos está exatamente onde deveria estar se todos fossem completamente
aleatórios.
Os poucos que aparecem como habilidosos formam
uma cauda minúscula, algo como 1% ou 2% da indústria. E, pasme: existe uma
cauda maior do lado dos muito ruins, aqueles que pioram a carteira ativamente.
O investidor paga caro para ver alguém destruir valor.
E aí entra um estudo recente que caiu como uma
luva no assunto de hoje: pesquisadores descobriram que os gestores até
apresentam alguma habilidade na compra das ações — mas falham sistematicamente
na venda. Eles acertam ao entrar, mas erram ao sair. Parece pequeno? Não é.
Mais da metade da performance de uma posição vem do momento da venda. Ou seja:
mesmo quando o gestor começa no caminho certo, compromete tudo na saída.
O ótimo, de novo, vira inimigo do bom.
Esse comportamento, somado à falta de
persistência e ao peso das taxas, explica por que a média dos fundos perde do
índice. O investidor até se sente bem no ano em que ganhou! e solta um Uhuuul,
mas precisa entender que isso quase nunca é replicável. Ganhar é fácil. Repetir
é quase impossível. E é essa impossibilidade que transforma a gestão ativa numa
roleta elegante, com muito PowerPoint e pouco resultado.
No fundo, quando olho este ano todo, vejo que o
Mosca poderia ter feito melhor na bolsa brasileira. Ok, erro meu. Mas quando
olho o comportamento da indústria, vejo algo ainda mais claro: o investidor que
acha que ganhou através de um fundo pode ter ganhado só porque rolou o dado
certo naquele momento.
E, convenhamos, se para ganhar é preciso um
pouco de sorte… para manter o ganho é preciso um milagre.
Análise
Técnica
No post “o-pulo-do-gato” fiz os seguintes
comentários sobre o ouro: “Desde a última publicação, o ouro ficou contido
dentro dos dois intervalos citados acima, o que não muda minha avaliação.
Também considerei a possibilidade de o mercado estar desenhando um triângulo —
padrão bastante comum em ondas 4. Fiz uma ilustração para que os leitores
possam entender o ponto que destaquei. Vamos observar”
O triângulo ficou estranho da forma como a alta se desenrolou desde a mínima recente de U$ 3.877. Como ficamos? Agnóstico, o ouro pode subir – inclusive consigo enxergar 5 ondas de forma diagonal destacado com o símbolo em azul, bem como pode cair a níveis mais baixos no rompimento da mínima citada. Não tenho nenhum indicação qual caminho irá traçar.
Em relação ao euro comentei: “Nada melhor que o euro para exemplificar o conteúdo de hoje. Demarquei na elipse em laranja o movimento do euro desde maio: mais de seis meses nesse lenga-lenga” ... “vejo uma possível queda até aproximadamente € 1,10 e, depois, uma alta. E reforço: não ponho minha mão no fogo nessa contagem, que é uma correção, de uma correção, de uma correção!”
O euro subiu um pouco esta semana nada muito importante. Surgiu uma possibilidade ao analisar o gráfico: poderia estar completando um triângulo; nessa hipótese, depois de finalizar a onda d/e laranja, a moeda deveria subir até os níveis apontados no retângulo, o que anularia a ideia de queda a níveis de € 1,10, citada no post acima. E antes que meu amigo pergunte, essa conjectura é apenas uma hipótese — não vou arriscar nessas condições.
O S&P 500 fechou a 6.857, com alta de 0,11%; o USDBRL a R$ 5,3082, sem variação; o EURUSD a € 1,1645, com queda de 0,2%; e o ouro a U$ 4.208, com alta de 0,13%.
Fique ligado!
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