O mercado sempre ganha #TB 10 years #USDBRL
A trajetória da taxa de juros dos títulos americanos de 10 anos tem sido uma das histórias mais mal interpretadas pelos mercados desde o início da última grande alta de juros em 2020. Naquele ano, a combinação de inflação elevada e política monetária ultra-frouxa deixou muitos operadores confusos sobre a direção futura dos juros.
O Fed demorou a reconhecer a persistência
inflacionária, e quando começou a subir os juros em março de 2022, iniciou um
ciclo que só foi interrompido no fim de 2023. Parte do mercado apostou em
cortes rápidos a partir dali, levando o rendimento do título a recuar de cerca
de 5% para 3,8% ao ano, antes de voltar a subir de novo ao reconhecer que a
“molezinha” de juros baixos era uma anomalia histórica.
Hoje, o cenário mudou:
A inflação não desapareceu como muitos previam,
A economia americana continuou forte em vez de
entrar em recessão,
E o mercado está menos inclinado a apostar em
cortes intensivos de juros no curto prazo.
Essa “persistência” nas taxas elevadas mostra
que o mercado está, finalmente, calibrando expectativas para uma realidade em
que os juros de longo prazo podem permanecer substancialmente mais altos por
mais tempo do que se esperava.
Do ponto de vista de fundamentos simples: se a
inflação voltar a subir, ou se o crescimento se mostrar vigoroso, a taxa de 10
anos pode ainda subir mais — algo que economias acostumadas a juros baixíssimos
não viram há décadas.
O presidente Trump deseja juros baixos. Seu histórico no mercado imobiliário o tornou estruturalmente enviesado nessa direção: financiamento barato, alavancagem alta e valorização de ativos reais. O problema é que não se trata de negociar um contrato — estamos falando de política monetária. E, conhecendo seu perfil, não há argumento técnico ou institucional que o demova dessa convicção. Nos juros curtos, até é possível algum grau de interferência ou acomodação por parte do banco central. Mas nos títulos longos quem dita as regras são os bond vigilantes. Se, ainda assim, o Fed decidir enfrentar o mercado e passar a comprar esses papéis de forma agressiva, como fez o Banco do Japão, o desfecho é conhecido: prepare-se para uma derrocada do dólar. No fim, como sempre, é o mercado que ganha.
E tecnicamente isso também tem uma implicação clara: uma alta sustentável indica mudança estrutural no regime de juros — algo que a análise técnica vai explorar em detalhes.
No post “Agora é para valer” fiz os seguintes
comentários sobre: “É provável que a onda (4) vermelha tenha
terminado e o juro caminha para novas altas que deveriam ocorrer nos próximos 2
anos culminado com um nível de 6.23 % a.a. – importante frisar que caso
a onda (4) vermelha não tenha terminado, o juro deveria ainda ficar
contido no intervalo acima.
As previsões feitas foram confirmadas e os juros ficaram contidos entre os dois símbolos anotados no gráfico abaixo entre 4,80% e 3,90%. Eu tenho que usar o sistema da Metastock para esse ativo o que torna a análise menos profunda como o caso do IBOVESPA. Outro detalhe que o leitor pode observar é que as taxas não são expressas em bases decimais mais em forma de razão – da forma antiga!
A primeira sequência de alta terminou com a 5 ondas visível no gráfico abaixo. Eu demarquei a área de correção que está em andamento é provável que ela perdure por mais algum tempo, observem que o gráfico é com janela mensal o que deve acarretar período longo. Assim sendo, minha previsão para 2026 é que o juro fique contido dentro da elipse em verde .4,80% – 3, 50%.
2) Dólar x Real: reflexos da política doméstica
e da percepção global
No campo cambial, o dólar contra o real tem
sido impulsionado por um mix de fatores internos e externos:
Internamente, o comportamento do gasto público,
déficits contínuos e incertezas sobre a condução da política fiscal pesam sobre
a confiança no real.
Externamente, um dólar ainda forte — mesmo em
momentos de rendimentos de títulos que oscilam — cria um ambiente de pressão
adicional sobre moedas emergentes, incluindo o real.
Embora existam nuances avançadas sobre a
correlação entre juros americanos e o dólar (alguns estudos mostram que essa
relação pode ser menos direta do que se supõe), a regra prática no mercado é
simples: juros altos nos EUA tendem a sustentar um dólar forte, porque eles
atraem capital estrangeiro em busca de rendimento seguro.
Esse efeito não é absoluto ou mecânico, mas
funciona como um motor de suporte para a cotação do dólar em momentos de
incerteza ou aversão a risco global. Quando investidores buscam segurança,
títulos americanos de longa maturidade saturam de demanda, elevando rendimentos
e reforçando o dólar.
No Brasil, o comportamento do câmbio em 2025
seguiu uma dinâmica distinta da narrativa mais comum. Ao longo do ano, o dólar
se desvalorizou não apenas frente ao real, mas perante praticamente todas as
principais moedas globais, refletindo um movimento mais amplo de
enfraquecimento da divisa americana. Isso não elimina os ruídos fiscais e
políticos domésticos, mas mostra que, neste ciclo, o vetor dominante foi
externo. Como veremos na seção de Análise Técnica a seguir, esse movimento pode
estar se aproximando de um ponto de inflexão relevante.
3) Conexões que importam para traders e
investidores
Duas conexões cruciais emergem desse quadro:
Juros mais altos nos EUA tornam ativos de renda
fixa americana mais atrativos, puxando capital global para lá e fortalecendo o
dólar contra moedas de mercados emergentes.
O real, em particular, sofre não só pela força
externa do dólar, mas pela percepção de risco local, alimentada por incertezas
fiscais e decisões de política econômica.
Juros e câmbio continuam profundamente
interligados, mas essa relação não é linear nem mecânica. Em determinados
momentos, o movimento dos juros longos lidera o câmbio; em outros, é o próprio
mercado de moedas que antecipa mudanças no regime de taxas. O que importa para
o investidor é entender que esses ativos dialogam constantemente, influenciando
expectativas, fluxos de capital e a percepção de risco — especialmente em
economias emergentes como o Brasil.
Análise Técnica
Em relação ao dólar comentei: “Para 2025
acredito na continuidade da alta embora esteja próxima (ou já atingiu) o
objetivo de R$ 6.3695, quando na semana passada atingiu a máxima de R$ 6.3195.
Importante notar que nessa contagem de onda 5 do tipo diagonal, haverá uma
retração do dólar na onda 4 vermelha que deveria atingir R$ 5.44,
para depois um novo movimento de elevação leve o dólar a R$ 6.95 / R$ 7.42,
isso ao final de 2026. Coincidência com o final do mandato do atual presidente?”
As previsões do Mosca foram acertadas no ano de
2025 o dólar recuou ao nível aproximado de R$ 5,44 e estaria pronto para a
jornada de alta que será tortuosa por ser uma onda cinco diagonal. O leitor
assíduo sabe que trabalho com alta do dólar para o nível de aproximadamente R$
7,00, mas também tenho uma contagem que eliminaria essa alta, o nível nesse
caso seria de R$ 4,70, o stop loss abaixo.
Em 2026 teremos as eleições para presidente, e
tudo indica que será bem acirrada a disputa, o que implica que o atual
presidente irá manter chances elevadas de reeleição o que vai deixar o mercado
tenso, como já demonstrou na candidatura de Flavio Bolsonaro.
O S&P
500 fechou a 6.878, com alta de 0,64%; o USDBRL a R$ 5,5896, com alta de 0,85%;
o EURUSD a € 1,1758, com alta de 0,43%; e o ouro a U$ 4.447, com alta de 2,49%.
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