É melhor algum juro do que nenhum!

Logo depois do Plano_Real, em função da grande contenção na liquidez, algumas distorções aconteciam sem nenhuma razão aparente naquele momento. Eu era o diretor financeiro do BFB, e tinha sob minha responsabilidade a tesouraria do banco. A conta reservas no BC tem uma gestão que leva em consideração os depósitos á vista e flutuações expressivas acontecem. 
Sem entrar em detalhes, um dia o responsável pela mesa de operações entra em minha sala às 16hs00 e diz:

- Estou com uma montanha de caixa para aplicar e o mercado só está pagando 0,10%.
Os juros nesta época eram de 14% a.a., provavelmente a taxa estava baixa durante o dia e ele resolveu esperar, só que o nível derreteu e aí ele resolveu jogar a decisão para mim.
Eu respondi: Isto dá 1,2% a.a.? 
- Sua resposta: Não, é 0,10% a.a.!
Era muito, muito baixo. A primeira reação foi a deixar o dinheiro sem remuneração nenhuma, afinal esta taxa era ridícula, mas após refletir um pouco, eu disse:
- Pode aplicar, afinal é melhor algum juro que nenhum!

Há alguns anos ficou na moda os fundos de pensão e os valores administrados pelas Universidades Americanas (Endowment funds) investiram em fundos de commodities, a ideia era que haveria uma valorização e poderiam se beneficiar deste ganho. Eles foram orientados por consultores a investir em veículos de baixa liquidez e os resultados não foram bons, uma vez que entraram tarde na festa, quando as commodities já tinham se valorizado.
Tem-se notícia que estes investidores estão se desfazendo destas posições, pois nos últimos dois anos o ouro e a prata não saíram do lugar, a energia é ainda pior, produtos agrícolas de volta aos patamares de 2010 e metais perto dos níveis mais baixos deste período.

Metais Preciosos




Energia


Produtos Agrícolas


Metais

Os investimentos em commodities não rendem nenhum juro, e às vezes os seus contratos futuros embutem um prêmio que será perdido, se o ativo não subir, ou seja esta classe de investimento precisa que o preço suba, caso contrário a perda é dupla, a desvalorização e o juro que não é ganho. Todos os planos que envolvem aposentadoria são muito dependentes das taxas de juros, quanto menor, mais complicado é garantir os benefícios futuros. Considerando que as pessoas estão vivendo mais, e os juros são miseráveis, ter uma parte do portfólio que não anda ou anda para trás, atrapalha muito. 

Acho que a conclusão que tirei há mais de 30 anos, ainda é valida!

No post convergência-ou-divergencia comentei sobre a situação do ouro, e que esperava uma batalha difícil perto dos US$ 1.530, e foi o que aconteceu, depois de atingir a mínima de US$ 1,539 e aproveitando a carona do número ruim de desemprego nos USA, subiu até US$ 1.590.


Eu disse também que não iria zerar minha posição e colocaria um stop a US$ 1.600 ( retângulo em vermelho), eu não costumo fazer isso, mas vou alterar um pouco o stop para US$ 1.625, por razões técnicas. Ainda trabalho com o rompimento daquele patamar (US$ 1.530), mas como vocês já sabem, numa correção tudo é possível.

O SP500 fechou a 1.587, com alta de 1,22% e novo recorde; o real a R$ 1,9729, com baixa de 0,28%; o euro a 1,3068, com baixa de 0,11% e o ouro a US$ 1.558, com baixa de 1,70%.
Fique ligado!

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