Olhando no espelho
Depois de um fim de semana de comemorações, Donald Trump não
tem mais com quem reclamar, pois a bola agora está em seus pés. A sensação de
depressão pós eleição deve ter se instalado. Uma rotina muito diferente da de
um empresário é a nova realidade do novo Presidente. Daqui em diante saberemos
se vai implementar aquilo que prometeu, e isso não depende só dele, mas também
da aprovação do Congresso americano.
Uma pesquisa feita pelo Bank of America aponta como maior
risco uma eventual guerra comercial de políticas protecionistas, conforme o gráfico
a seguir. Notem que no período de um ano o foco mudou radicalmente, onde o
maior risco anteriormente era a deflação e eventuais quebras de bancos. Dá para
fazer apostas de longo prazo e esquecer?
No quesito mão de obra, grande bandeira defendida por Trump,
os dados não apontam para tanto otimismo. Ao se deparar com os custos por hora,
comparativo entre EUA, México e China, não existe nenhum argumento racional para
que um empresário desmonte suas fábricas nesses locais a fim de atender a um
pedido (ameaça) do novo Presidente. Só se houvesse outros benefícios que não o
discurso “We are going to make America
Great!”. Esse movimento seria no mínimo inflacionário.
O mercado financeiro já aponta para essa possibilidade –
elevação da inflação. Um indicador usado é o cálculo da inflação implícita nos
títulos de renda fixa, comparando os de juros nominais contra os indexados. O
resultado pode ser visto a seguir.
Aqui no Brasil a discussão permanece no nome que irá
substituir o Ex-Ministro Teori na lavajato. A Presidente do STF, Carmen Lúcia,
deve indicar um nome em breve, porém, independente de quem seja, o processo
sofrerá atraso e isso poderá ter consequências financeiras importantes para
Odebrecht que já está com a corda no pescoço.
Embora os resultados do final de ano ainda foram ruins
quando comprados com do ano anterior, já existe algum alento no horizonte.
Isso pode ser constatado através da expectativa dos empresários em relação ao
futuro.
Outra observação que se nota é o elevado grau de otimismo
dos investidores estrangeiros que veem o Brasil como uma boa oportunidade.
Eu iria comentar sobre o SP500, porém o dólar poderá
oferecer uma oportunidade proximamente, e eu gostaria de deixar um trade na lista.
No post lições-de-vida, fiz os seguintes comentários: ...” Não consigo dar nenhuma sugestão no
momento apontando para uma alta ou baixa, embora a maior possibilidade é de
baixa. Se alguém quiser se aventurar na venda de dólar sugiro um stoploss curto
ao redor de R$ 3,30 – 3,35. Uma segunda estratégia seria esperar atingir esse
nível – R$ 3,30/3,35, para vender, e por último, esperar romper para cima de R$
3,50 e comprar, ou abaixo de R$ R$ 3,12 para vender” ...
Ao analisar vários aspectos técnicos, fiquei em dúvida sobre
o que fazer caso o dólar rompa o nível de R$ 3,11. Vender, é isso o que eu
deveria fazer, contudo, ao imaginar onde deveria colocar o stoploss, algumas
considerações me fizeram refletir. O primeiro nível que surgiu seria ao redor
de R$ 3,30, um risco de 6% para um ganho potencial entre 7% - 11%, nada
espetacular. Em seguida, imaginei que poderia apertar mais e indicar R$ 3,25;
nesse caso o stoploss seria de 4%, o que parece melhor. Mas, foi o gráfico
semanal que colocou uma grande pulga atrás da minha orelha. Veja a seguir.
As 3 semanas apontadas com as flechas em azul são chamadas
em análise técnica como “triple bottom”.
Antes que meu amigo pergunte, vou explicar. Observe que nessas 3 ocasiões o
mercado negociou uma mínima durante a semana, porém fechou no preço máximo, ou
próximo dele. Este é um indicador considerado de reversão de tendência, que não
necessariamente acontece. Foi por causa dessas constatações que eu sugeri um
trade de compra de dólar em dezembro passado.
Por outro lado, outros indicadores que sigo apontam uma boa
oportunidade de venda de dólar. O que fazer? Ou nada ou uma posição pequena. Vou
optar por essa última e colocar um trade correspondente a ¼ das ordens normais.
Venda de dólar a R$ 3,11 no fechamento de NY, com um stoploss a R$ 3,25.
Qualquer mudança de opinião, acompanhe o Mosca
como de costume.
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