Inflação de primeiro mundo
Talvez os brasileiros não se atentaram para as variações
mensais das inflações publicadas nos últimos meses. Motivos, temos de sobra; as
lembranças do passado não são boas. O mantra que se encontra em todo roda pé do
prospecto de fundo de investimento vale aqui também, “resultados passados não
são garantia de resultados futuros”, será que agora é diferente? Tudo indica
que sim.
Mas, como podemos afirmar sem correr o risco de cometer um
grande erro? Alguns fatores podem ser elencados, porém o mais importante foi a
troca da equipe que gerencia o banco central. Não estou desqualificando a
anterior totalmente, mas eles se deixaram influenciar por pressões políticas,
principalmente da ex-presidente Dilma – nossa, como é bom não ter que falar das
mais de suas barbeiragens!
Hoje foi publicado o IPCA-15, que é uma proxy da
inflação do mês de junho. O índice mensal ficou em 0,16% e em 12 meses recou
para 3,52%. É provável que ao ser publicado o fechamento do mês, tal indicador
fique negativo; é isso mesmo, deflação. Os analistas projetam para agosto uma
inflação abaixo de 3% a.a., um recorde histórico!
Não podemos também nos iludir, pois uma parcela importante
do resultado se deve a queda expressiva do item alimentos. Se esse fosse o
único motivo, não deveríamos estar comemorando, pois assim que terminasse esse
efeito, voltaria a subir. Mas, a queda é generalizada e isso se pode verificar
pelo índice de difusão que se encontra em 50%.
O Presidente do banco central, Ilan Gofdfajn, declarou hoje
que o BC “quebrou a espinha dorsal da inflação”. Para bom entendedor meia
palavra basta. Na sua opinião, a inflação está sob controle e dentro dos
parâmetros indicado pela autoridade monetária. Isso permitiu que o mercado
voltasse a acreditar novamente numa queda de 100 pontos na próxima reunião do
COPOM.
A grande discussão passa a ser qual será a taxa terminal, ou
seja, onde o BC vai terminar o ciclo de queda de juros. O mercado acredita que
o mais provável é de 8,5%, e, considerando uma expectativa de inflação de 4%
para 2018, ficaríamos com um juro real de 4,5%. Ainda muito elevado, afinal, o
juro real é maior que a inflação.
Mas em 2018 existe um evento de pouca previsibilidade visto
de hoje, que poderia ter um impacto importante na economia, as eleições
presidenciais. Dependendo dos candidatos que estejam na dianteira, o mercado
poderá ficar bem nervoso. Por exemplo, imaginem se o Lula ganha, o que aconteceria
com os ativos brasileiros? Outro dia encontrei um analista que tinha uma visão
mais branda nesse caso, dizia “ Se ele ganhar vai ter uma atitude proativa com
o mercado financeiro e com os empresários”. Respondi que um psicopata é muito
inteligente e sedutor, é verdade que poderia agir assim no começo, mas sua
raiva é tão grande que, com o passar do tempo, mudaria radicalmente. Bem, não
estarei aqui para ver.
O Credit Suisse acredita que no segundo semestre de 2018, o
banco central terá que subir os juros para enfrentar essa incerteza. Me parece
razoável essa premissa, e o aperto será mais intenso quanto maior for a chance
de um candidato mal visto pelo mercado.
Outro dia mostrei que a previsão do PIB apontada pelo FED de
Atlanta se encontrava próximo a 3% a.a. para o trimestre em curso. No trimestre
anterior, apresentei a disparidade entre as projeções do FED de Atlanta e Nova
York, onde o segundo, indicava um PIB bem superior ao primeiro. Pois bem, para
esse trimestre nada mudou, só que houve uma inversão; a projeção pelo FED de
Nova York é de 1,8%.
Será que eles combinam, para que sempre um deles esteja
correto? Hahaha ....
No post o-fed-esta-desacreditado?, fiz os seguintes
comentários sobre os juros de 10 anos: ...” eu trabalho agora com 2 hipóteses marcadas no gráfico
abaixo. A primeira seria que o movimento de alta já está em curso ou, na pior
das hipóteses, uma correção da queda recente; a segunda, que uma nova mínima
aconteceria ao redor de 2% a.a. para, em seguida, reverter e voltar a subir”
...
Tenho pena dos traders que negociam títulos do governo
americano, devem estar ganhando trocados, negociando bilhões. Eu cálculo que
para cada US$ 1,0 milhões negociado, estão gerando um lucro de U$ 7,82, e não é
líquido e certo, correm risco. No jargão de mercado são obrigados a abrirem um spread
para comprar ou vender. Assim, se por exemplo, a contraparte vende, ele terá
que encontrar um outro cliente para revender esse título com lucro.
O gráfico a seguir, com período de coleta semanal, dá a
impressão que os juros de 10 anos estão surfando uma onda na reta rosa abaixo.
Se essa lenga-lenga continuar, os juros devem chegar em 2%
nas proximidades do final de ano. Mas não levem a sério essa ideia, como sempre
repito, não consigo ter uma boa indicação de prazo. Fico ainda com as mesmas
observações apontadas no post citado acima; as duas possibilidades continuam
válidas.
Como de costume, em julho, a última publicação do Mosca será
na próxima sexta-feira, dia 30/06, voltando a ativa no dia 24/07. Esse ano em
especial acredito que não fará muita diferença, pois além das férias europeias,
a volatilidade está tão baixa que é bem provável que depois desse período, os
preços estejam no mesmo lugar. Ou será que o mercado quer me pregar uma peça? Neste
caso, eu estarei acompanhando, e vou postar caso isso aconteça.
O SP500 fechou a 2.438, com alta de 0,16%; o USDBRL a R$
3,3407, sem alteração; EURUSD a 1,1196, com alta de 0,41%; e o ouro a U$ 1.255,
com alta de 0,45%.
Fique ligado!
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