O FED está desacreditado?
Depois da última reunião do FED, onde a autoridade monetária
reafirmou sua intenção de normalizar a política monetária, poucos foram os
movimentos no mercado neste sentido.
Em economia existe uma teoria muito conhecida com Taylor rule. Sua lógica diz que, quando
o mercado de trabalho fica apertado, a inflação tende a subir. Esse modelo
estima qual deveria ser os juros para evitar a alta da inflação. O gráfico a
seguir assinala que os juros deveriam estar próximos de 4% a.a. ao invés de 1%
a.a., uma diferença de mais de 3% a.a!
A professora Yellen, na secção de perguntas e respostas,
disse que o FED acompanha e utiliza essa ferramenta no estabelecimento da
política monetária. Disse também, que a inflação mais baixa observada
recentemente é consequência de fatores idiossincráticos existentes na redução de
custo das linhas dos celulares e dos remédios. O gráfico abaixo compara a inflação
excluindo esses itens com a publicada.
O mercado de trabalho está realmente apertado, com uma taxa
de desemprego beirando os 4% ninguém pode contestar. Mas esse aperto está vindo
muito mais pela diminuição de pessoas procurando trabalho do que pelo aumento
no número de vagas. O gráfico a seguir não deixa dúvidas sobre isso.
Muito se tem dito
sobre a diminuição do particpation rate.
Onde estão os John? A ilustração a seguir assinala os motivos dessa redução.
Sendo a principal causa a aposentadoria, não se pode esperar que essas pessoas
retornem ao mercado de trabalho.
Em termos de atividade econômica, tenho observado resultados
contraditórios, por exemplo, o surprise
index está uma draga, e como quer mostrar a comparação abaixo, a bolsa se
desconectou desse indicador mais recentemente. Se essa relação passada for
mantida um dos dois terá que se ajustar.
Num mundo abarrotado de liquidez as relações econômicas
podem estar sendo afetadas por essa razão. E mesmo com o FED diminuindo suas
injeções, o mesmo acontecendo com o ECB, o BOJ continua injetado sem parar, mais
que compensando essas reduções.
Estou bem confuso ultimamente sobre o curso dos juros nos
EUA. É verdade que o FED vem errando consistentemente nestes últimos anos, mas
será isso suficiente para projetar que continuará errando? É uma aposta bem
arriscada, pois os juros estão tão baixos que parece pouco provável que ele
pare antes de atingir 2% a 2,5% a.a. Mesmo assim, os juros reais estariam
próximos de 0%.
No post theresa-mayday-ou-maydie, fiz os seguintes comentários sobre
os juros de 10 anos: ...” acredito que está em desenvolvimento um triângulo, que é
esperado numa correção deste tipo. Se estiver correto, vou fazer uma aposta de
compra de juros – apostando que irão baixar – ao nível aproximado de 2,37%,
conforme tracei em cinza acima. Também tenho consciência que em correções se
pode esperar de tudo” ...
Pois bem, nem o anuncio do FED fez com que houvesse algum
movimento neste sentido. Depois da publicação do post citado acima, os juros
chegaram à mínima de 2,10% a.a., e agora a 2,15% a.a. Ora, basta observar a
tabela do FED publicada no último post e verificar que já em 2019 os juros de
curto prazo estariam em 3% a.a. Como poderia o título de 10 anos render tão
pouco?
Bem, esse é um problema para os fundamentalistas, com a
visão da análise técnica, não se pode afirmar que o movimento de queda
terminou.
A ideia do triângulo imaginada acima, fica cancelada. Eu
trabalho agora com 2 hipóteses marcadas no gráfico acima. A primeira seria que
o movimento de alta já está em curso, ou na pior das hipóteses uma correção da
queda recente; a segunda, que uma nova mínima aconteceria ao redor de 2% a.a.,
para em seguida reverter e voltar a subir.
Como podem notar, eu trabalho com um cenário terminal de
queda dos juros só não existindo ainda nenhum sinal de reversão. Sendo assim,
ficamos de observador.
O SP500 fechou a 2.433, sem variação; o USDBRL a R$ 3,2925, com alta de 0,37%; o EURUSD a 1,1197, com queda de 0,17%; e o ouro a US$ 1.253, com queda de 0,48%.
Fique ligado!
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