A queda de petróleo é preocupante?



Quando um mercado sofre queda expressiva, vira manchete do noticiário. Não podia ser diferente no caso do petróleo, considerada a commoditie mais importante. Ontem foi um dia negro literalmente para o óleo, com uma queda de 7%. Na verdade, como vou mostrar mais adiante, são sete semanas seguidas de queda sem parar. Os argumentos dos analistas para tamanha retração são temores de excesso de oferta e enfraquecimento da demanda, uma resposta pouco convincente!

O rápido declínio do petróleo está agora alimentando preocupações sobre a fraqueza da economia em geral. Disputas comerciais em andamento entre os EUA e a China escureceram as perspectivas de crescimento global nos últimos meses. Os investidores agora estão questionando se a queda do petróleo pode se espalhar para outros mercados. A última vez que os preços do petróleo registraram uma queda de um dia tão íngreme, há três anos, o petróleo bruto estava no meio de um tumulto que acabou por reduzir os preços das ações.

O petróleo atingiu seu menor preço do ano na terça-feira, depois que um relatório mensal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo disse que os aumentos de produção do grupo e da Rússia mais do que compensaram as perdas do Irã. A produção dos membros da OPEP subiu 127 mil barris por dia em outubro. A produção da Rússia aumentou 50 mil barris por dia, disse o cartel do petróleo em seu relatório mensal. Enquanto isso, a produção do Irã caiu 156 mil barris por dia.

A OPEP também reduziu suas previsões para o crescimento da demanda para este ano e para o próximo, citando um crescimento da demanda abaixo da esperada na Ásia e no Oriente Médio, juntamente com as perspectivas incertas para o desenvolvimento econômico global.

A Arábia Saudita, grande produtora, fez um anúncio no fim de semana, que cortaria suas exportações para aumentar os preços e evitar um excesso de oferta.

Os preços do petróleo nos EUA caíram 27% após atingirem a alta de US $ 76,41 por barril em 3 de outubro. A queda é uma reversão do início deste ano, quando a antecipação de que as sanções iranianas encolheriam a oferta global fez os preços do petróleo subirem.

As perspectivas de oferta e demanda mudaram no mês passado, quando os principais produtores de petróleo, principalmente os EUA, Rússia e Arábia Saudita, começaram a aumentar a produção para compensar a queda esperada nas exportações iranianas.

Isso ocorreu no momento em que Washington decidiu amenizar suas sanções contra o Irã e conceder perdão a alguns compradores do petróleo de Teerã - levando os preços do petróleo a um nível mais baixo, o que se transformaria em uma série de perdas recordes.


Do ponto de vista técnico, não parece que as perspectivas são promissoras. O que se pode afirmar com um certo grau de certeza é que, o petróleo continua numa tendência de queda de longo prazo, e o movimento recente de alta iniciado em 2016 foi uma correção. A extensão da queda ainda não é das maiores, houveram duas nos últimos 10 anos com características semelhantes, em termos de aceleração – queda livre.

Não acompanho e nem opero esse mercado, isso faz com que não tenha muita sensibilidade. Porém, uma análise mais geral, acredito que o petróleo deve entrar num período de quedas de preço que pode durar anos. Não descarto que num futuro próximo vamos ver os preços a níveis de U$ 20 de novo. Isso não é nada bom para a Petrobrás.

Agora observem o gráfico a seguir que compara os preços do petróleo com as companhias desse setor.  Recebo essa atualização com certa frequência e confesso que não conseguia entender essa disparidade. Não precisava ser muito inteligente para imaginar, erroneamente, que o mercado que negocia essas ações estava “errado”, pois com preços mais altos do óleo, os lucros deveriam subir.


Essa discrepância não aconteceu por um tempo curto, desde de 2016. O recado que o mercado mandava era que não acreditava na alta do petróleo, e ao contrário, acreditavam numa queda, pois os preços das ações até caíram. Parece que é o óleo que vai se encontrar com as ações!


No post a-china-sente-o-golpe, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” A queda ocorrida desde o início de outubro completou um movimento perfeito dentro da teoria de Elliot Wave (5 ondas). Uma análise mais detalhada indica uma postura sui generis, uma na venda e outra na compra, dependo da evolução daqui em diante. Vejam a seguir os níveis para cada uma delas” ...


A bolsa americana não definiu qual caminho deseja seguir, na verdade, os preços atingiram 2.815, dentro da zona de venda definida acima. Embora pudesse ter satisfeito o nível mínimo (para essa pequena alta) no caso de uma queda, não me sinto seguro para iniciar um trade de venda. A razão é por causa do extremo pessimismo dos investidores espelhados nos indicadores que medem esse parâmetro.


No gráfico de mais longo prazo coloco em cores distintas o que eu calculo possa acontecer. Como podem notar, não acredito que a alta da bolsa já terminou, ainda deveria ter mais uma alta mais adiante.


O nível atual de 2.730 coloca em cheque a alternativa verde, pois como teríamos que colocar um stoploss ao redor de 2.860, o prejuízo seria razoável ~ 5%. Se uma queda mais extensa fosse o cenário básico, poderia até estudar. Mas com a perspectiva de alta no futuro, complica a estratégia.

Naturalmente, se o cenário em vermelho prevalecer, a venda poderia ser feita no nível atual e o stoploss ficaria em 2.820, um prejuízo marginalmente menor que o caso acima, com um bom potencial de ganho. Mas a observação acima do sentimento deixa essa opção menos provável.

Então, o melhor é não fazer nada e aguardar melhores indicações do mercado.

As 17h00 o SP500 estava a 2.689, com queda de 1,27%; o USDBRL a R$ 3,787, com queda de 0,43%; o EURUSD a € 1,1308, com alta de 0,18%; e o ouro a U$ 1.214, com alta de 1,01%

Fique ligado!

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