A China sente o golpe
Vou iniciar comentando as primeiras declarações de Paulo
Guedes o futuro super Ministro da equipe de Bolsonaro. Eu tinha observado anteriormente, que ele tem
uma característica que me preocupava, a de ser muito explosivo. Outra particularidade
profissional, é o fato de ter atuado mais como trader do que como estrategista.
Talvez para o leitor não seja fácil identificar essa diferença, mas para quem
tem experiência de mercado sabe ao que me refiro. Em todo caso, eu explico logo
a seguir.
Numa entrevista conturbada com jornalistas do Mercosul, e
principalmente com a representante do Jornal El Clarin, quando disse não
desejar mais um posicionamento político, bolivariano, nas relações com os
países sul americanos, chutou o pau da barraca ao dizer “A prioridade não é o
Mercosul, é isso que você queria ouvir? ” Essa resposta foi sincera, também
acredito que é de menor importância o Mercosul, porém é dessa forma que um
Ministro deve responder, só porque ficou irritado com a pergunta?
Em outro momento mencionou que pretende diminuir as reservas
brasileiras vendendo dólar para reduzir a dívida pública. Ao tomar conhecimento
fiquei um pouco surpreso, porém, seus argumentos me pareceram válidos, a de que
os custos das reservas eram muito elevados, haja visto que, são financiadas
pela emissão de títulos públicos. Ok, encaixei.
Ao verificar o detalhe, não gostei nada, pois afirmou o
seguinte “ Quem quiser especular contra o real fique à vontade, se a cotação
chegar a R$ 5,00 vendo U$ 100 bilhões de dólares”. Essas são palavras de um operador
que quer “peitar” o mercado e não de um Ministro! Como fica o Presidente do
Banco Central, obedece às ordens? Acredito que, quando Ilan tomar ciência dessa
declaração, duvido que permaneça no cargo, mesmo com a futura autonomia do BC.
Na minha opinião começou mal, e imagino que o mercado também
não vai gostar.
A China revelou a mais recente confirmação de que sua
economia está desacelerando quando o Bureau Nacional de Estatísticas informou
que o PMI industrial caiu para 50,2 em outubro - à beira de uma contração 50. Também
foi o menor número desde julho de 2016, com quase todos os sub-índices
mostrando um momento de crescimento mais fraco. O PMI não-manufatureiro da NBS
também caiu para 53,9, e declinando de 54,9, devido ao PMI de serviços mais
fraco.
Comentando o relatório, o Banco Goldman Sachs disse que:
"o crescimento enfrentou crescentes pressões descendentes no setor
manufatureiro" e destacando a contínua queda dos índices relacionados ao
comércio, observou que "a demanda externa mais fraca possivelmente pesou
sobre o crescimento da atividade no setor manufatureiro". Enquanto isso,
vendas mais fracas de automóveis também se traduziram nas atividades de
produção de automóveis leves e arrastaram o crescimento geral da indústria.
Mas o mais importante é que esse banco - assim como a
maioria dos observadores da China - considerou o relatório para indicar que uma
política adicional acomodativa seria iniciada por Pequim para apoiar o
crescimento econômico contratado.
Nessa quarta-feira, a liderança da China prometeu que novos
estímulos estão sendo planejados para evitar que a ampla desaceleração se
instale. Admitindo que o coquetel de estímulo fiscal e monetário de Pequim esteve
aquém do necessário, uma reunião do Politburo disse que a "pressão de
queda" está aumentando, e o governo precisa tomar medidas oportunas para
combater isso.
E ainda, apesar de suas promessas relutantes, a China se
encontra em um dilema: qualquer flexibilização monetária desvalorizará o Yuan
abaixo de 7,00 em relação ao dólar, um nível crítico para o PBOC, e para os
responsáveis pelo comercio americano. A violação deste nível, será considerado
chave, como confirmação de uma guerra cambial. Enquanto isso, mais estímulo
fiscal significaria ainda mais dívidas em um país que já tem mais de 300% de
dívida / PIB, registrará um número recorde de inadimplência de títulos
corporativos em 2018.
E apenas no caso de estabilizar a economia já não é um
problema suficiente, a China tem lutado com uma queda em seu mercado de ações
nos últimos meses. Enquanto isso, a economia da China continua a se contrair e
Pequim precisa responder, ou então sofrer o pior resultado possível: a
insurreição social, à medida que milhões de trabalhadores irritados e
desempregados se encontram sem emprego por um longo período de tempo.
Em resposta, no início deste mês, o governo e o banco
central introduziram uma série de medidas para estabilizar o sentimento,
acrescentando providencias para aumentar a liquidez no sistema financeiro;
deduções fiscais para as famílias; e medidas direcionadas destinadas a ajudar
os exportadores. Infelizmente, essas medidas ainda têm muito efeito.
O resumo é que as imposições implementadas pelos EUA já
podem ser sentidas na China. Também não seria de esperar diferente, para um
país que depende bastante de exportações, principalmente para os EUA, e com
baixo consumo interno, é natural uma desaceleração. Trump sabia disso, e se
aproveita dessa dependência no intuito de enfraquecer a China. Cada vez fica
mais claro que a intenção americana não é sua balança comercial, mas a de
evitar que esse pais se torne uma potência. Por outro lado, se sabe que os
chineses têm muita paciência, podem esperar mais tempo que o Trump permanecerá
na presidência. Vamos observar como a China irá reagir, mas por enquanto
sentiram o golpe.
No post informação-x-julgamento, fiz os seguintes comentários
sobre o SP500:
...” Eu vejo duas possibilidades, a primeira de um rompimento de imediato
(vinho), o que coloca a bolsa americana na melhor das hipóteses dentro de uma
correção mais importante; a segunda uma recuperação nos próximos dias (verde).
Caso esse segundo caso se concretize, nos permitirá sugerir um trade de venda”
... ...” Quanto aos cenários traçados acima, caso a opção em vinho prevaleça,
vou aguardar um melhor momento para venda” ...
A queda ocorrida desde o início de outubro completou um
movimento perfeito dentro da teoria de Elliot Wave (5 ondas). Uma análise mais
detalhada indica uma postura sui generis, uma na venda e outra na compra,
dependo da evolução daqui em diante. Vejam a seguir os níveis para cada uma
delas.
Já vou colocar minha preferência para que meu amigo não me
venha a dizer “pode subir ou pode cair”, na verdade, pode mesmo! Vou propor um trade de venda a 2.810, com um
stoploss a 2.860, apostando que em seguida a bolsa comece um novo movimento de
queda. Se esse for o caso, a extensão dessa queda, nos dirá que tipo de
correção estamos entrando.
Se por outro lado, o SP500 ultrapassar o nível de 2.860, as
chances da correção ter terminado aumentam. Entretanto, só posso afirmar com
mais convicção se o nível de 2.940 for ultrapassado.
Naturalmente, acredito que a primeira hipótese é mais provável,
embora a violência da alta ocorrida ontem e hoje, diminuem um pouco essa
chance, mas nada que me faça mudar de posição por enquanto.
O analista técnico tem que ser muito pragmático, afinal uma sugestão
como essa acima, não é confortável aos leitores pois dá a impressão de que não
se tem rumo. Eu entendo essa sensação, pois fomos acostumados a ter uma posição
clara, ou se acredita que vai subir ou que vai cair, mas as duas é confuso.
Espero que daqui algum tempo, vocês que acompanham o Mosca, possam se acostumar melhor com
essas situações. Será necessário desapegar da sua opinião para se apegar a
opinião do mercado, e deixar ele dizer para onde quer ir. Nosso trabalho, é de
identificar essa direção, e caso se cometa um erro, deixar o stoploss ou novos
movimentos te corrigir.
O SP500 fechou a 2.711, com alta de 1,09%; o USDBRL a R$
3,7228, com alta de 0,70%; o EURUSD a € 1,1321, com queda de 0,21%; e o ouro a
U$ 1.215, com queda de 0,55%.
Amanhã não haverá publicação do Mosca, voltando ao normal na próxima segunda-feira dia 05/11. Bom
feriado!
Fique ligado!
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