Informação x Julgamento



Hoje vou trazer uma reportagem do Wall Street Journal sobre um assunto que me perturba algum tempo, a perda da capacidade de julgamento. A disseminação da tecnologia em nossas vidas nos expõe a um volume crescente de informações, e como administra-las é importante a fim de tomar decisões financeiras mais maduras.

Smartphones e outros gadgets nos permitem acompanhar nossos amigos, ler as notícias, assistir a um jogo de futebol e até mesmo acompanhar nossos investimentos a qualquer momento e em qualquer lugar. Estamos sempre realizando multitarefas, ou passando de um de um tipo informação para outro, de forma superficial, e raramente se debruçando numa informação por tempo suficiente para digeri-la completamente.

Tudo isso tem um efeito colateral crucial: cria falta de atenção, o que pode levar a más escolhas financeiras.

Quando se trata do nosso dinheiro, a tomada de decisão eficaz normalmente requer informação, concentração e reflexão. Não faz muito tempo, a principal escassez era a informação - não dispúnhamos de dados para tomar decisões financeiras conhecedoras. Mas agora estamos nos afundando em dados. O que nos falta, ao contrário, é a capacidade de processá-lo adequadamente. O preço que pagamos por isso pode ser sutil, mas dificilmente é insignificante.

Felizmente, não tem que ser assim - em parte porque, embora o mundo digital tire a nossa capacidade de concentração, também nos fornece ferramentas para atenuar os danos. Aqui estão cinco maneiras pelas quais podemos neutralizar a dor financeira infligida pelos nossos períodos de atenção cada vez mais curtos.

Evite multitarefa

Você provavelmente sabe que a multitarefa é ruim para a sua concentração, mas provavelmente também subestima o quanto ela é ruim e o quanto isso afeta sua capacidade de tomar decisões eficazes.

Isto é especialmente verdadeiro quando se trata de decisões financeiras, que muitas vezes exigem navegar com opções difíceis. O risco de investimento adicional vale o risco potencial? Como esse investimento se encaixa em nosso portfólio geral? Agora é a melhor hora para vender uma determinada ação? Essas perguntas necessitam de uma reflexão cuidadosa, mas a multitarefa interfere na nossa capacidade de fazer exatamente isso.
Por exemplo, pesquisas de Baba Shiv e Alexander Fedorikhin mostraram que pedir que as pessoas se lembrem de alguns números extras pode causar um curto-circuito em seu autocontrole, tornando-as muito mais propensas a escolher uma fatia de bolo de chocolate ao invés de uma salada de frutas.

Por que isso acontece? Uma possibilidade provável é que a largura de banda mental se esgote quando tentamos lembrar vários números e resistir à gratificação imediata ao mesmo tempo. Como resultado, escolhemos o bolo, mesmo que devêssemos estar em uma dieta. Mais, o ponto nesta discussão é que acabamos por gastar em vez de poupar.

Em outras palavras, usar a multitarefa nos torna piores na maioria dos trabalhos.

A lição desta pesquisa é que a complexidade das decisões financeiras se beneficia de um processo reflexivo de pensamento, de modo que podemos mobilizar todos os nossos recursos cognitivos para navegar pelos trade off necessários. Infelizmente, os smartphones e dispositivos móveis incentivam o pensamento oposto, pois estamos constantemente distraídos com e-mails, textos e alertas. Se você tiver que tomar grandes decisões financeiras em uma tela, deve fazê-lo no modo avião ou no modo "não perturbe".

Escolha a hora certa do dia

Os investidores precisam se tornar mais conscientes das flutuações na quantidade de atenção que temos em diferentes momentos do dia.

Uma pesquisa da Behavioral Insights Team na Grã-Bretanha, uma empresa dedicada à aplicação da economia comportamental, descobriu que as pessoas têm menos probabilidade de navegar com sucesso em sites complexos pela manhã. Uma possível explicação envolve nossa falta de atenção, já que a manhã está repleta de tarefas que ocupam uma largura de banda preciosa, desde levar as crianças à escola até o recebimento de e-mails.

Se isso soa familiar, convém adiar suas decisões financeiras até o final do dia. Claro, você pode ter manhãs calmas e tardes agitadas. Como regra geral, considere o uso de um aplicativo, como o novo recurso de tempo de exibição da Apple, que rastreia e exibe o uso do dispositivo ao longo do dia, o que pode ser uma boa informação para sua largura de banda.

O ponto é refletir sobre a sua atenção disponível e garantir que você esteja fazendo suas escolhas mais difíceis - especialmente as financeiras - durante as calmarias do dia, quando você é mais capaz de lidar com a complexidade. Se você está pensando em vender um investimento, por exemplo, não clique em enviar as instruções por e-mail para seu consultor quando estiver correndo para deixar as crianças na escola ou se encontrar com seu chefe. Espere por um respiro.


Concentre-se nas informações mais relevantes, não nas mais disponíveis

Quando nos concentramos no alerta mais recente ou nos números em uma única tela, ficamos sujeitos ao que o ganhador do Prêmio Nobel Daniel Kahneman se refere como o erro “o que você vê é tudo”.


Isso significa que as pessoas normalmente tomam decisões com base nas informações imediatamente disponíveis - o que vemos à primeira vista - e esquecem que pode haver informações mais relevantes que não são visíveis.

Considere, por exemplo, o impacto da informação de pagamento mínimo nas telas de pagamento do cartão de crédito. Estudos mostram que a inclusão da informação leva as pessoas a fazer pagamentos menores, com o mínimo servindo como âncora, influenciando o valor para baixo. Com o tempo, isso leva a níveis mais elevados de dívida e mais dinheiro desperdiçado em pagamentos de juros. Ao retirar as informações de pagamento mínimo, podemos facilitar a tomada de decisões sobre como e quando pagar seus cartões de crédito.

No domínio do investimento, o erro muitas vezes nos leva a nos concentrar em resultados de curto prazo, pois nos fixamos no desempenho recente de uma ação ou investimento. Para atenuar esse viés, devemos garantir que os horizontes temporais em nossos sites financeiros - a duração do desempenho exibido automaticamente - correspondam aos nossos horizontes de tempo de investimento reais. Se não nos aposentarmos por várias décadas, não há motivo para prestar atenção às flutuações diárias de uma ação ou fundo. Uma pesquisa feita por Maya Shaton mostra que, depois que o governo israelense proibiu os fundos de aposentadoria de exibir retornos por períodos menores que 12 meses, os investidores reagiram negociando menos e assumindo riscos mais inteligentes com suas economias.

Também devemos excluir o aplicativo de ações em nossos telefones e pensar cuidadosamente sobre quais aplicativos financeiros podem enviar notificações para nós. Se você estiver diversificado corretamente e não estiver se aposentando por um tempo, praticamente não há necessidade de ficar atualizado sobre as novidades do mercado. Seus maiores erros virão da reação exagerada às últimas oscilações de ações.

Force-se a analisar num quadro mais amplo

Algumas ferramentas em nossos smartphones podem realmente nos ajudar a preservar parte de nossa preciosa largura de banda. Existe aplicativos que monitoram automaticamente nossas finanças, pagam nossas contas e reservam dinheiro para a poupança. Assim como seu telefone lembra o número de amigos para que você não precise, esses gadgets também podem realizar tarefas financeiras de rotina, permitindo que nos concentremos no quadro maior.

O típico americano provavelmente passa mais tempo escolhendo um restaurante para a noite do que escolhendo uma taxa de poupança para o seu plano de aposentadoria. Ao cuidar dessas tarefas financeiras rotineiras, os aplicativos podem liberar alguma largura de banda mental para melhores investimentos de tempo e atenção, como planejamento financeiro de longo prazo.

Fique longe do telefone

Este pode ser o conselho mais difícil dado a nossa cultura obcecada por smartphones. Mas a evidência é crescente de que, se tomarmos decisões financeiras em nosso dispositivo móvel - ou ao alcance de nossa voz, de nosso dispositivo móvel - as decisões podem muito bem ser ruins.

A pesquisa conduzida com John Payne, da Duke University, mostra que as pessoas tendem a apresentar resultados piores em um teste de alfabetização financeira quando recebem as perguntas em um dispositivo móvel, pelo menos em comparação com aqueles que fazem o mesmo teste no papel.

Uma provável explicação envolve a tendência de as pessoas pensarem e lerem mais rapidamente em seus smartphones, à medida que rolamos continuamente na tela para obter mais estímulo. E as notícias ficam ainda piores. Trabalhos recentes de Adrian Ward, Kristen Duke, Ayelet Gneezy e Maarten Bos mostram que apenas ter o smartphone ao seu lado - mesmo que não esteja ligado - pode diminuir sua capacidade cognitiva.

De acordo com a pesquisa, os indivíduos com um telefone por perto se saem significativamente pior em medidas de atenção, memória de trabalho e inteligência fluida do que aqueles cujos telefones estavam em outra sala. Os pesquisadores especulam que o efeito existe porque a mera proximidade de um smartphone nos faz monitorar isso - estamos esperando por esses alertas e interrupções - e esse monitoramento ocupa recursos de atenção. Isso sugere que devemos evitar usar nossos smartphones, ou até mesmo estar perto deles, ao tomar decisões financeiras.

Durante sua próxima reunião, talvez seu orientador sugira que você deixe seu telefone em uma "estação de carregamento" com a recepcionista. Dessa forma, se você receber chamadas urgentes, ainda poderá ser notificado. Dado o impacto que muitas decisões financeiras têm sobre nosso futuro e o fato de que elas não são facilmente desfeitas, vale a pena ficar desconectado por mais ou menos uma hora, se isso puder melhorar a qualidade de nossas escolhas.

Adorei este artigo, para dizer a verdade vale para qualquer área onde uma decisão importante deve ser tomada. Na minha opinião, o melhor a se fazer é desligar o celular quando estiver nesse momento. Intuitivamente já usava alguns desses conselhos, por exemplo, notei que, trades realizados no período da tarde tinham um resultado superior aos que realizados logo pela manhã; em reuniões muito raramente atendo meu telefone ou verifico as notícias.

Mas acredito que se deve ser radical, daqui em diante, vou desligar meu celular e observar os resultados.

Um comentário rápido sobre a publicação do IPCA -15 de outubro. A inflação subiu 0,58% abaixo da expectativa do mercado, em 12 meses se acelerou de 4,28% para 4,53%. O destaque se deve a alimentação que saiu de uma deflação de -0,41% para 0,44%. O grupo de transportes subiu de 0,21% para 1,65%, fortemente influenciado pelos combustíveis - 4,74%.


Sempre destaco dois itens da tabela acima: Os preços livres encontram-se bastante estáveis num patamar baixo de 2,6% em 12 meses, e o índice de difusão em 54,5%.

Ontem na Reunião da Rosenberg, ao passar os dados de mercado, já se nota a queda significativa dos juros, na expectativa do mercado. Há algumas semanas, era projetado alta de juros para o próximo ano ao redor de 250 pontos, agora já se comenta em queda da taxa SELIC, isso mesmo, queda! Seria isso impossível? Não, basta a inflação recuar para níveis de 3,5%, que a taxa SELIC de 6,5%, já seria elevada, embora eu não acredito nessa hipótese, pelo menos nos primeiros meses.

Quem acompanha o Mosca, sabe da minha preferência pelos títulos pré-fixados, quem apostou deve estar feliz!

No post meia-volta, fiz os seguintes comentários sobre o SP500:

...” - A primeira em azul, contendo o intervalo de 2.830/2.850, deveria refrear essa pequena recuperação da onda 4. Se ultrapassar, poderemos com uma certa dose de segurança afirmar que, esse movimento, se trata de uma correção mais ‘parruda’, e que em breve a bolsa voltaria a subir. Mas não sem antes, buscar novas mínimas abaixo de 2.710” ...

...” - Por outro lado, caso a bolsa se aproxime do nível de 2.830, e depois reverte o movimento, rompendo o patamar de 2.710, aí o negócio fica mais complicado. Neste caso, na melhor das hipóteses, estaremos entrando numa correção mais longa, e na pior, o final do ciclo de alta” ...

...” Se notarem, o que parece mais evidente, é que no curto prazo o SP500 ainda terá que cair. Desta forma, estarei acompanhando algum ponto para sugerir um trade de venda” ...


Depois atingir a máxima de 2.816, nessa pequena alta, a bolsa iniciou um movimento de queda. Porém, hoje na abertura tocou na mínima apontada acima de 2.710.


Eu vejo duas possibilidades, a primeira de um rompimento de imediato (vinho), o que coloca a bolsa americana na melhor das hipóteses dentro de uma correção mais importante; a segunda uma recuperação nos próximos dias (verde). Caso esse segundo caso se concretize, nos permitirá sugerir um trade de venda.

Dentre as opções traçadas acima citadas, no post anterior, prevaleceu a segunda hipótese. Isso tem consequências importantes em nosso cenário. Primeira, não sou mais altista do SP500, até prova em contrário; em consequência, nossos trades serão de venda e não mais de compra.

Quanto aos cenários traçados acima (segundo gráfico), caso a opção em vinho prevaleça, vou aguardar um melhor momento para venda.

Notem que maravilha usar análise técnica, não preciso ficar vermelho, nem ter que pronunciar ...veja bem... para me explicar. Além disso, não só não preciso apoiar as premissas de compra, e sim, passar as premissas de venda. Isso aconteceu porque o mercado “nos disse” que houve uma mudança, e quem não mudar, vai permanecer na torcida. Ao invés do compromisso com as ideias, fique com o compromisso do bolso.

O SP500 fechou a 2.740, com queda de 0,55%; o USDBRL a R$ 3,6953, com alta de 0,29%; o EURUSD a 1,1471, sem variação; e o ouro a U$ 1.230, com alta de 0,71%.

Fique ligado!

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