O Cetisimo do Mosca
O Mosca está no
seu sétimo ano de existência, para quem me acompanha desde então, sabe que todo
final de ano reforço meu ceticismo ao fazer previsões para o ano seguinte.
Existe uma falsa percepção quando o calendário muda, que tudo fica cor de rosa,
como se fosse um passe de mágica.
Se vocês estão lembrados, 2018 começou com um grande
otimismo tanto nos mercados locais como internacionais. Externamente, os EUA
estariam crescendo aceleradamente em função dos estímulos fiscais implementados
pelo Presidente Trump, enquanto no Brasil, a queda da inflação e dos juros
aliado a expectativa de Alkmin ser o novo Presidente, levaram as previsões da
bolsa brasileira aos céus.
Depois de alguns ganhos impressionantes nas classes de
ativos mais longe do espectro de risco em janeiro, esses movimentos foram agora
revertidos, começando nos mercados emergentes e mercados maduros, nos últimos
meses.
Como pode ser visto no gráfico abaixo, elaborado pelo
JPMorgan, pouco mais de um punhado das principais classes de ativos rastreadas
pelo banco, agora estão em território positivo para o ano, refletindo
predominantemente ganhos nos mercados norte-americanos, que também devolveram
grande parte de seus ganhos, graças à grande queda das ações americanas desde o
início de outubro.
O dólar e o ativos mantidos em caixa dos EUA estão entre os
ganhadores, sublinhando o quão duro 2018 tem sido em comparação com os ganhos
gigantescos vistos em ativos mais arriscados no ano passado, especialmente nos
mercados emergentes.
Como indicado pelas grandes barras vermelhas na parte
inferior do gráfico, os mercados de ativos que antes eram bem-sucedidos caíram
com um baque este ano, dominando a lista de piores desempenhos. No caso do
Ibovespa, ainda apresenta um retorno positivo no ano de 9%.
"Três explicações para essa miséria: a economia global
e os lucros atingiram um grande ponto de virada, o Fed está cometendo um erro
familiar de política monetária, e os investidores agora reagem a mudanças
modestas no ambiente de ciclo tardio, tendo fracassado em antecipar a grande
crise de 2008 " diz o JPMorgan.
Dos três fatores que têm sido amplamente citados como
catalisadores por trás da recente turbulência do mercado, o banco diz que o
segundo, uma reação exagerada dos mercados, explica em grande parte o que tem
sido visto nos últimos meses.
O JPMorgan diz que esse preço de preferência em um cenário
de pior caso poderia produzir um resultado nunca antes visto fora dos períodos
de turbulência financeira ou econômica.
A porcentagem de classes de ativos que geraram retornos
positivos neste ano é de apenas 20%, uma participação que nunca foi tão baixa
fora dos episódios de estagflação dos anos 1970 e da Crise Financeira Global.
Em outras palavras, um nível sem precedentes de baixo
desempenho, fora de um grande choque econômico ou financeiro.
Embora movimentos recentes do mercado indiquem claramente
algum desconforto sobre o que o futuro reserva para a economia global, o
JPMorgan não acredita que as perspectivas de curto a médio prazo sejam
sinistras.
"Nossos economistas não veem uma mensagem mais profunda
no estresse do mercado deste mês". " Eles permanecem confortáveis com
as principais chamadas de crescimento global ligeiramente acima da tendência,
compreendendo um EUA que retarda mas permanece bem acima da tendência, a China
que estabiliza com estímulo e o Japão que se normaliza com desastres naturais.
A área do euro continua sendo a principal preocupação, 1,6% de crescimento do PIB,
um por cento abaixo da previsão. Ainda achamos que o ruído vai desaparecer e a
região irá performar "
O mercado de ações americano já vem apresentando sintomas
que merecem atenção. O gráfico a seguir mostra a evolução de recursos nos
fundos de ações. Notem que, de forma visual, as saídas ultrapassaram as
entradas nesse ano.
Outra mudança acontecesse na performance do ETF, equivalente
ao SP500, em função do horário de funcionamento da bolsa. Mais recentemente, as
quedas vêm acontecendo no final do pregão, onde os fundos acertam suas posições
de acordo com o fluxo. Isso é consistente com o gráfico anterior.
Last hour.
A ilustração a seguir aponta os eventos inesperados Black Swan, que ocorreram nos últimos
100 anos, com seu respectivo impacto no SP500.
Então, conseguem entender meu ceticismo com projeções de
final de ano?
Observando os resultados do Mosca até o presente, parecem significativos, comparativamente aos
retornos apresentados nos mercados. Até a última semana, a carteira de
sugestões do Mosca, apontava retorno
de 28%. Até fiquei com receio de publicar, achei que poderia dar azar! Hahaha
.... Em todo caso, o ano não terminou, e esse nível está sujeito a flutuações.
No post não-confie-em-ninguém-com-mais-de-30, fiz os
seguintes comentários sobre o euro: ...” Só consigo ficar mais tranquilo que a queda esperada
ao redor de € 1,07 está a caminho, caso o euro tombe abaixo de € 1,13” ... ...”
Como menciono insistentemente, em correções espere por tudo, e este não é um
caso diferente. Para que o leitor entenda o que estou supondo no trade é que,
essa pequena correção terminou – em verde. Mas nada impede que a mesma ainda
esteja em formação – em vermelho” ...
No gráfico a seguir demarquei a continuidade de movimento
desde a última atualização. Antes de entrar na análise especifica gostaria de
compartilhar um pensamento.
Análise subjetiva: Estando próximo a completar 20
anos de uso da análise técnica como ferramenta de decisão, vocês podem imaginar
a quantidade de gráficos que já observei nesse tempo. Como não posso negar
minha formação, calculei de forma grosseira esse número, e cheguei a 50.000!
Mas porque estou levantando esse ponto agora? É porque em
determinadas ocasiões, uma análise fria do movimento não daria razões para
ação, mas o shape pode trazer
informações adicionais que te colocam em dúvida sobre seu cenário inicial.
Já tomei decisões usando esse critério diversas vezes nos
trades que proponho, porém nunca explicitei essa ideia. No fundo, em resumo,
nessas situações a consequência é que, diminui a probabilidade de você estar
certo, e sendo assim, não faz sentido continuar no trade, mesmo antes do
stoploss ser acionado.
Por outro lado, não sou partidário da frase muito ouvida no
mercado “lucro nunca dá prejuízo”. Esse não é meu argumento, ele tem mais a ver
com a vontade de sair do mercado, só por receio, do que alguma indicação mais
sólida para essa ação.
Vamos voltar a análise do euro, decidi liquidar a posição. O
real motivo é que o shape do
movimento destacado não me “agradou”. Antes que meu amigo me interpele, a
interpretação da palavra grifada entre aspas tem a ver com um movimento que
deveria ser direcional, e está mais parecendo com uma continuidade da correção.
Se essa minha percepção estiver correta, o euro poderia
revisitar a casa de € 1,185 antes de voltar a cair novamente.
Posso estar errado nessa minha avaliação. Mas, se isso
acontecer, não tenho nenhum problema de entrar novamente na posição, mesmo em
níveis piores que o atual. E desta forma, buscamos surfar no mercado, sem
conceitos rígidos, sempre atentos para o que o mercado nos diz!
Pelo mesmo motivo, estou zerando também a posição de ouro.
O SP500 fechou a 2.682, com alta de 1,57%; o USDBRL a R$
3,6947, com queda de 0,62%; o EURUSD a € 1,1346, com queda de 0,23%; e o ouro
a U$ 1.222, com queda de 0,54%.
Fique ligado!
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