Falsa segurança



O ano de 2018 não está sendo fácil para os investidores que possuem uma carteira de ações. Tanto internamente como externamente, considerando uma posição estática, houveram períodos que vislumbravam novas altas e outros com ameaça de uma derrocada. No mercado de títulos de elevado rendimento, os high yield, não sofreram com a mesma intensidade, criando uma percepção que representam um porto seguro. Uma reportagem da Bloomberg atenta para essa situação.

No meio do tumulto do mercado de ações deste mês, pode ser tentador olhar para os retornos totais dos títulos de alto rendimento dos EUA – onde se inclui a maioria dos papeis brasileiros emitidos no exterior, e concluir que tudo está bem no mercado de títulos.

Afinal, os títulos corporativos americanos de grau especulativo são praticamente o único segmento do mercado de dívida global que permanece positivo para o ano, segundo dados do Bloomberg Barclays. Foi um outubro difícil para os títulos de high yield, mas sua queda de 1,21% empalidece em comparação à queda de 9,1% no SP 1500, que combina o SP 500, o MidCap 400 e o SmallCap 600. Até mesmo os créditos mais arriscados de todos, os classificados como CCC, conseguiram se manter.

A questão é que não é tão incomum que os títulos de alto rendimento se sustentem melhor, em meio a turbulências de mercado, do que as ações. De fato, em dados que remontam a 1995, cada uma das quatro vezes que o SP 1500 caiu mais de 1% (em 2000, 2001, 2002 e 2008), as perdas dos títulos de alto risco foram menores. Em 2001, as dívidas de alto rendimento até se recuperaram.


Mas se você se concentrar nas indústrias mais vulneráveis dentro de dívidas de alto rendimento, você encontrará os mesmos retardatários que estão arrastando o mercado de ações: construtoras e montadoras. Isso não deve ser um choque, considerando que ambos os grupos são sensíveis ao aumento das taxas de juros.

As ações de construtoras e fabricantes de automóveis dos Estados Unidos entraram no território do mercado de baixa, ambos abaixo de 30%, desde que o SP 1500 atingiu a maior alta de todos os tempos em janeiro. Em comparação, o índice de construção residencial de High Yield caiu mais de 3% em 2018 e os títulos de automóveis caíram mais de 6%. Embora os números absolutos não sejam tão impressionantes em termos de alto rendimento, a magnitude pela qual os setores estão à frente do mercado geral é semelhante.


Provavelmente ainda é muito cedo para dizer se o volátil outubro do mercado é o começo do fim do longo mercado altista de ações e outros ativos de risco. Mas os traders estão seguindo a teoria de que lucros corporativos mistos, podem ser um sinal de que o pico de lucro já passou. Além disso, os dados divulgados na quarta-feira mostram que as compras de novas casas pelos americanos caíram mais do que o estimado em setembro para o menor ritmo desde dezembro de 2016. Taxas mais altas de juros de hipoteca podem estar reduzindo a demanda de compradores potenciais.

É fácil ver como isso está pesando em uma empresa como a PulteGroup, através do preço de suas ações, que caiu para o menor nível desde janeiro de 2017. Mas, da mesma forma, o rendimento de alguns de seus bônus a vencer em 2021 alcançou o maior nível desde que foi emitido no início de 2016. O diferencial de rendimento, ou spread, entre a dívida e os papéis do governo de referência, subiu acima de 1,5%.

Talvez seja porque os títulos de alto risco são tão ilíquidos em relação às ações públicas que os investidores têm dificuldade em perceber que os riscos estão começando a aparecer. A falta de novas ofertas também impulsionou positivamente os títulos com classificação de baixa liquidez ao longo do ano.

Essa complacência também pode ser porque é mais fácil pensar no mercado como um todo do que no setor, é assim que algumas pessoas parecem estar concluindo, graças aos fundos negociados em bolsa. Dito isso, alguns investidores em fundos mútuos, estão de apercebendo que, com dados da Lipper apontando para resgates de US $ 2,1 bilhões de fundos de alta rentabilidade, que alguma coisa não anda bem.

Talvez, uma implosão dos junk-bond pode não ser iminente. Mas também não se poderia chamar como uma proteção de uma “tempestade global". Se o sentimento de risco se intensificar, as piores ações e os piores títulos terão o mesmo destino.

Falando sobre o mercado de ações, o mercado americano está passando por uma mudança importante de carteira, aonde os ETF passaram a dominar a preferência dos americanos na hora de investir na bolsa, representando hoje mais de 50%. A figura abaixo me deixou surpreso, pois não imaginava que a grande maioria de detentores são pessoas físicas, e muito pouco de investidores institucionais e hedge funds.


Minha preocupação se deve ao fato da liquidez dos ETF ser imediata, enquanto os fundos dependem das condições colocadas por cada administrador, mas que raramente é inferior a 30 dias. Numa crise, a queda pode ser muito acentuada por essa condição.

No post U$-120-bi, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ...” Vou reintroduzir o trade de venda no nível de U$ 1.235 com stoploss a U$ 1.255, conforme apontado a seguir” ... ...” Existem alguns analistas clamando o ouro como uma oportunidade de compra, e até é possível que o metal galgue preços mais elevados, porém não posso me afastar da análise técnica, que indica a possibilidade de uma queda no curto prazo” ...


O ouro acabou atingindo uma máxima recente de U$ 1.240, porém está com dificuldades de decidir se busca novas altas ou volta a cair, conforme apontei no gráfico abaixo em vermelho.


Desde o início, não considero esse trade, um grande trade, não estou convencido. Por outro lado, os dados técnicos me sugerem um bom risco x retorno, dentro das premissas de Elliot Wave. No gráfico apontei uma área em verde onde tem uma confluência, e normalmente quando isso acontece, existe uma boa probabilidade que esse seja o ponto de reversão.

Essa confluência é fruto de medidas adotadas, em pontos distintos, que acabam convergindo para o mesmo preço.

- David, se você não está tão convencido, por que sugeriu este trade? Quero lembra-lo que dinheiro não é capim! Hahaha ...
Eu te respondo com uma afirmação: Eu não sou um robô! Não seria honesto dizer que o meio ambiente não tem nenhum impacto, claro que tem. É verdade que busco me abster deste tipo de influência, mas não posso garantir que não exista. Além do mais, em análise técnica sempre têm algumas opções ao cenário que você trabalha, sendo assim, sempre dá para “encaixar” suas ideias. Naturalmente, que não se pode deixar de considerar a probabilidade de cada um deles, que é as vezes é subjetiva.

Neste caso, friamente, o trade proposto parece fazer bastante sentido, justificável sobre os vários aspectos, essa a razão da minha proposta. Porém não vou ficar surpreso se formos stopados, pois existe uma possibilidade de alta também.

Para dizer a verdade, o maior argumento dessa proposta é o risco x retorno, estamos arriscando 1,6% (U$ 1.235 para U$ 1.255), com um potencial de ganho mínimo de 9% (U$ 1.235 para U$ 1.130). É difícil achar trades com essa proporção.  Let´s the market speak!

O SP500 fechou a 2.705, com alta de 1,86%; o USDBRL a R$ 3,7021, com queda de 0,81%; o EURUSD a 1,1368, com queda de 0,18%; e o ouro a U$ 1.230, com queda de 0,26%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Caro David,
    Estou gostando muito da sua forma de ver o mercado financeiro, principalmente o americano.
    Faz alguns anos, abri uma conta como pessoa física na corretora americana Interactivebrokers. Estou posicionado ações desde então. Vou desfazer a posição e enfrento o problema da dificuldade em calcular a tributação. Como você faz com os tributos de operações no exterior? tem alguma assessoria que poderia indicar? Pesquisando na internet, ao que parece, o melhor método seria abrir uma PJ para operar e pagar os tributos quando do recebimento do lucro desta empresa.

    ResponderExcluir
  2. Meu objetivo no Blog é orientar sobre investimentos e não sobre tributação em geral. No caso, te aconselho um escritório de advocacia especializado nesse assunto.

    ResponderExcluir

Postar um comentário