Meia volta
Fui hoje a uma apresentação do JP Morgan, proferida pelo seu
estrategista, Michael Vankin. Noto de forma generalizada que existe uma
preocupação em se preparar, para uma recessão nos EUA, cuja data é incerta por
princípio, porém, é estimada ao redor de 2020.
Destaco a seguir, os incômodos problemas existentes
atualmente: baixo nível de desemprego; estimulo adotado pela redução de
impostos; diminuição da liquidez global; aperto monetário em curso pelo FED.
Esses pontos são vistos pelos analistas, como uma ameaça pequena da inflação.
Essa minha conclusão é baseada no indicador mais confiável nesse ponto do ciclo,
a diferença de juros entre a taxa de 10 anos versus a de 2 anos.
Estou desconfiado!
Com relação ao último ponto, no gráfico a seguir, se nota
que a diferença atualmente, é uma das menores dos últimos 35 anos. Quero
enfatizar que, quando esta curva se encontra no território negativo, é quase
certo que depois de algum tempo, a economia entra em recessão.
Na apresentação da manhã, o gráfico a seguir, chamou minha
atenção. Quando a economia está crescendo e o desemprego é baixo, o livro de
economia desaconselha usar estímulos fiscais, pois o risco de causar superaquecimento
se eleva consideravelmente. A área apontada no gráfico, entre 1966-1969, se
assemelha a atual. Naquela ocasião, a taxa de desemprego era bastante baixa e mesmo
assim o governo aumentou o déficit. Como consequência, alguns anos depois, a
inflação subiu.
O Fed nem está ouvindo as besteiras ditas por Trump na área
monetária, em seus comentários hoje, classificou como sendo “minha maior ameaça”.
Porém, a autoridade monetária segue
subindo os juros, pois sabe que, se não o fizer, uma repetição do que ocorreu
no período citado acima, será uma questão de tempo.
A taxa de juros dos títulos de 2 anos do governo americano,
continuam subindo, e encontra-se no momento a 2,3% aa. Como se nota, o juro
real agora é positivo, fato esse, não aconteceu nos últimos 15 anos.
O Mosca vem
afirmando que o risco mais danoso é a inflação. Os analistas quando colocados
sobre essa questão, buscam a minimizar esse risco, embora reconheçam que suas
premissas positivas são condicionadas, a não ocorrência de uma alta indesejada.
Por exemplo, no evento de hoje argui sobre a pressão que o
mercado de títulos do governo está passando, ocasionado pela diminuição do
balanço do Fed, e a emissão adicional para cobrir o déficit. A resposta foi
sugestiva, pois o palestrante fez um raciocínio por absurdo, ao supor que a taxa
dos títulos de 10 anos atingisse 5% a.a. Nessas condições, segundo seu ponto de
vista, os investidores institucionais venderiam sua carteira de ações para
comprar esse papeis, pois considerariam uma taxa bastante atrativa. Sua
resposta é lógica, caso a inflação permaneça dentro do objetivo do Fed.
Minha percepção é que os analistas nem querem pensar no
cenário de inflação subindo, preferem se basear nas indicações atuais, onde
esse indicador está bastante controlado, não aparentando nenhuma preocupação. Talvez
a única exceção dentre os economistas que acompanho, seja o Deutsche Bank, que
vem externado preocupações crescentes sobre esse tema.
Talvez um resumo das minhas colocações pode ser visto
através do gráfico seguinte contendo a previsão de juros. Depois dos FED funds
atingirem o nível ao redor de 3% em 2019, voltaria para a casa dos 2% em 2021.
Nessa projeção não existe nenhum receio sobre a inflação.
- David, onde você
quer chegar? Parece que está com ideia fixa!
Não diria ser ideia fixa, mais preocupação fixa. Essa
preocupação veio de algumas análises efetuadas, que passo a descrever a seguir.
Mesmo não sendo sexta-feira, dia que cubro o mercado de
juros, vou expor meus motivos. Para tanto, vou me basear num gráfico longo
prazo.
Notem inicialmente que, as duas linhas paralelas contiveram os
juros em queda durante 35 anos. Sempre que buscou romper para cima, reverteu
para níveis cada vez mais baixos. Até que recentemente, busca quebrar essa
tendência. No post para-quem-assistiu-o-debate-de-ontem, e tantos outros, venho
enfatizando que, os juros de 10 anos podem atingir 3,30%/3,35%. Depois, espero
uma reversão. O fato de esperar, não significa que irá acontecer.
Vamos continuar nessa linha de raciocínio. Se a taxa ultrapassar esse ponto, o próximo
nível de curto prazo seria 3,5%. Subsequentemente, posso ir traçando níveis
superiores. No gráfico acima, sugiro 4,10% e logo em seguida 5%
(coincidentemente o nível apontado por Michael).
Como de costume, todo final de ano, forneço uma visão de
longo prazo para os mercados de cobertura do Mosca. No caso dos juros inflação-nos-EUA-retorno-ou-inexistente, se você não
quiser ficar tranquilo, recomendo que não acesse esse post. Vai ficar
preocupado! Hahahaha ...
Mas não é necessário tanto, basta subir à 4% que algo
extremamente importante em termos técnico, terá ocorrido, o final do mercado
de baixa de juros. Estaríamos entrando num outro ciclo, o de alta.
Naturalmente, isso não deveria ocorrer de uma vez (espero!), deve levar um
tempo.
Caso o nível de 4,10% seja atingido, uma mudança fundamental
deve ser tomada, ao invés de procurar investir em títulos longos buscando juros
mais elevados, se deve investir em títulos curtos, a fim de evitar perdas.
Sendo assim, sugiro aos leitores que fiquem atentos ao nível
entre 3,30%/3,35%. Se não for respeitado, analisem suas carteiras, e caso
exista títulos longos, sugiro a venda. Estes serão potencias candidatos a te
dar desgosto nos próximos anos.
Antes que meu amigo pergunte, o que pode dar errado na lista
que elenquei no início desse post. Não sei! Para dizer a verdade tanto faz, o
que se deve fazer é vender!
Podem ficar tranquilos que vou estar bem atento.
No post sem-nada-perder, fiz os seguintes comentários
sobre o SP500: ...
“Imaginava que ao ultrapassar o nível de 2.920, o índice continuaria subindo.
Mas não foi o que aconteceu. Agora encontra-se flertando novamente sobre a
barreira de 2.875 (linha vermelha no gráfico abaixo) ” ... ...” O mercado
acionário americano vem apresentando diversos sinais que justificam cautela
máxima” ...
O mercado acabou não respeitando o limite de 2.875 e caiu
até 2.710, suficiente para nos tirar das posições que detínhamos nesse ativo.
Quando uma mudança brusca acontece, o melhor a fazer é esperar o mercado nos
dar ‘dicas’ do que pretende. É desta forma que o Mosca se encontra.
No gráfico a seguir tracei duas regiões que são de
interesse:
- A primeira em azul, contendo o intervalo de 2.830/2.850,
deveria refrear essa pequena recuperação da onda 4. Se ultrapassar, poderemos
com uma certa dose de segurança afirmar que, esse movimento, se trata de uma
correção mais ‘parruda’, e que em breve a bolsa voltaria a subir. Mas não sem
antes, buscar novas mínimas abaixo de 2.710.
- Por outro lado, caso a bolsa se aproxime do nível de
2.830, e depois reverte o movimento, rompendo o patamar de 2.710, aí o negócio
fica mais complicado. Neste caso, na melhor das hipóteses, estaremos entrando
numa correção mais longa, e na pior, o final do ciclo de alta.
Se notarem, o que parece mais evidente, é que no curto prazo
o SP500 ainda terá que cair. Desta forma, estarei acompanhando algum ponto para
sugerir um trade de venda.
Sobre os cenários mais macabros, ainda é muito cedo para
fazer qualquer previsão.
Veja que, o Mosca não
tem o menor problema de passar de uma posição com bastante convicção de alta,
para sugerir uma posição apostando na baixa. Essa alteração foi função do
movimento do mercado. Se fosse um analista fundamentalista, jamais isso
ocorreria, provavelmente estaria buscando argumentos da queda, e porque não se
deveria estar preocupado.
Notem que existe uma diferença sutil, usando os fundamentos,
o analista sugere o que o mercado tem que fazer, já na análise técnica,
seguimos o que o mercado está fazendo. É bem mais divertido!
O SP500 fechou a 2.809, com alta de 2,05%; o USDBRL a R$
3,722, com queda de 0,34%; o EURUSD a € 1,1573, sem variação; e o ouro a U$
1.224, com queda de 0,19%.
Fique ligado!
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