Bolha na bolsa? #usdbrl

 


Antes de mais nada, queria comentar sobre a administração das vacinas aqui no Brasil. A impressão que se tem é que existem 100 milhões, pois com os 2 milhões da Astra Zeneca a imprensa realiza cobertura estado a estado, indicando que milhares foram para cá, milhares para lá... Faz sentido? Está muito chato! Melhor seria procurar laboratórios dispostos a mandar vários milhões, pois 2 milhões não dá nem para o cheiro!

Mas a bola da vez é a bolsa e as maluquices que aconteceram nos últimos meses. A dúvida que resulta disso é se as ações estão na iminência de estourar uma bolha — se é que estão nesse estado.

Um artigo de John Authers publicado na Bloomberg alerta que seus indicadores estão piscando vermelho.

Poucos negam que as ações dos EUA parecem extremamente caras, ou que os níveis historicamente baixos de rendimentos dos títulos podem ajudar a justificar essas avaliações (ou, de forma menos decorosa, que os bancos centrais estão inflando as bolhas, e não há nada que o resto de nós possa fazer sobre isso). Robert Shiller, economista ganhador do Nobel e especialista em bolhas, esquentou o debate argumentando que as ações deveriam, pelo menos, superar os títulos. Depois disso, Jeremy Grantham, o fundador da gestora de fundos OGM, entrou com seu próprio argumento de que as ações dos EUA estão em uma bolha comparável com a Bolha dos Mares do Sul, o Grande Crash de 1929, ou a mania ponto-com. Em grande parte, ele baseou isso em sinais de comportamento excessivo. Todos concordam que acertar o final de uma bolha é perigosamente difícil.

O que exatamente é uma bolha, ao contrário de um mercado caro? Charles Kindleberger, em seu clássico Manias, Panics, and Crashes, deu as condições necessárias: dinheiro fácil e uma narrativa emocionante que incentivará as pessoas a investir. A bolha aparece quando as avaliações se tornam excessivas, e o comportamento dos investidores é dominado apenas por tentativas de vender para outra pessoa por um preço mais alto, em vez de qualquer avaliação racional de valor. Isto é o que o economista Hyman Minsky chamou de "fase Ponzi" (“corrente da felicidade”). Neste ponto, a menor interrupção de dinheiro fácil pode acabar com a festa.

Sabemos que temos dinheiro barato. Também temos narrativas plausíveis para alguns setores de tecnologia. Onde está o comportamento excessivo? Para começar, temos o bitcoin, que explodiu no mês passado. Grandes oscilações no bitcoin tendem a acompanhar de perto os pontos de virada no sentimento do mercado, como ilustrado aqui pela Longview Economics de Londres:

A criptomoeda é um fenômeno recente. Por muitos anos, Tobias Levkovich, estrategista-chefe de ações do Citigroup Inc., tem monitorado um índice de "pânico/euforia", cujos componentes são os seguintes: taxa de juros curtas da NYSE, uso de empréstimo margem na compra de ações, volume diário da Nasdaq como porcentagem do volume da NYSE, uma média composta do índice Investor Intelligence e a Associação Americana de Investidores Individuais, fundos de varejo, a relação put/call, o índice futuro de CRB, os preços da gasolina e a proporção dos prêmios nas calls em relação às puts. Nessa medida, a euforia é a mais alta já registrada, superando até mesmo a bolha das empresas de tecnologia:

Para outra medida quantificável de excesso, olhe para o nível de caixa levantado pelo BofA Securities Inc. mantido em carteiras institucionais. É o menor desde que a empresa começou a medi-lo, indicando que os gestores de fundos sentem pouca necessidade de uma reserva:

O BofA também perguntou aos gestores de fundos nos últimos 20 anos se eles se consideram estar assumindo mais risco. Este número nunca foi tão alto:


Há várias explicações para isso, que não são uniformemente negativas. Os gestores de fundos não achavam que estavam correndo muito risco em 2007 e 2008, e esse era precisamente o problema. Neste ponto, muitos se sentem visceralmente desconfortáveis para estar posicionados em ações, mas acham que os baixos retornos sobre títulos e dinheiro não lhes deixam escolha.

Agora, se olharmos para as expectativas dos analistas sell-side, regularmente pesquisadas pela BofA Securities, elas estão mais altas em relação à sua média de longo prazo do que têm sido desde a véspera da crise financeira global. Se isso não é indicativo de uma bolha, na verdade mostra que ela está muito próxima:


Um sinal de alarme mais específico é que não ter lucro parece ter se tornado uma virtude novamente, como ocorreu brevemente no topo da bolha tecnológica. Este gráfico mostra o desempenho do índice Goldman Sachs de ações de tecnologia que ainda não tiveram lucro:

Se isso já não é bastante assustador, há também a bizarrice da Tesla Inc. É hoje a sexta maior empresa dos EUA e, de longe, a maior fabricante de automóveis do mundo em termos de capitalização de mercado, embora muitas outras ainda vendam muito mais carros que ela. Mais uma vez, as expectativas dos analistas são extremas. Os seguintes gráficos, de Anastasios Avgeriou, da BCA Research Inc., mostram a mudança nas expectativas de crescimento de cinco anos no lucro por ação para o S&P 500 e para o setor de consumo desde que a Tesla entrou no índice no mês passado:

Como Avgeriou diz:

“Aprofundar a análise do setor de consumo é revelador. A inclusão da Tesla levou as estimativas de crescimento de lucro futuro de 5 anos do setor para 83% ao ano. Para colocar em perspectiva, isso significa que os lucros do setor vão se multiplicar por 20 nos próximos 5 anos; não, isso não é um erro de digitação. Supondo que os preços das ações sigam os lucros como normalmente ocorre, então os preços terão que subir por um fator semelhante”.

A adição da Yahoo Inc. teve um impacto semelhante em 1999, embora longe de ser tão extremo. Amazon.com Inc., incluída em 2005, quase não teve impacto. Tesla pode ser um grande investimento. Mas sua adição ao índice, por si só, foi suficiente para tornar mais otimistas do que nunca as estimativas de Wall Street para um crescimento de cinco anos nos ganhos. Isso é certamente loucura.

Além dos dados, algumas histórias indicam algum tipo de loucura em torno do mercado. Peter Atwater, da Financial Insyghts, tem uma porção delas. Veja, por exemplo, o culto à personalidade em torno de Cathie Wood, que dirige a Ark Investment Management, sucesso fenomenal no ano passado — já existe o merchandising Cathie Wood na Internet. Além do Bitcoin e da Tesla, há a assustadora história da GameStop Corp. Pequenos investidores que coordenavam um grupo de discussão do Reddit atacaram a Citron Research depois que ela recomendou a venda das ações da empresa de jogos — entraram comprando as ações e hackearam a conta de Twitter da Citron Não é assim que os mercados livres deveriam funcionar. Como diz Atwater:

Talvez seja só eu, mas estou achando que esse flash mob passou da conta. A arrogância da multidão tornou-se tão extrema quanto sua posição nas ações da GameStop. Pode não ser hoje, mas quando a GameStop atingir o pico, tome cuidado.

Com os preços das ações subindo, e a multidão louca do Reddit enriquecendo as contas bancárias de acionistas corporativos e outros investidores, ninguém reclama que a multidão passe de um alvo para o outro. Quando os preços começarem a cair em geral, porém, não seria de todo surpreendente ver o sentimento inverso, com investidores institucionais e insiders corporativos exigindo que o Reddit feche seus canais especulativos, do mesmo modo que pediam ao Twitter para suspender a conta do presidente Trump após o ataque ao Capitólio. Tudo é divertido como a  GameStop até que alguém se machuque — e na cultura volátil de hoje, o jeito de silenciar os oponentes está claro: você vai atrás das plataformas primeiro.

Sem dúvida, esses indicadores sugerem uma cautela redobrada. Por outro lado, não existe uma forma de antecipar o estouro de uma bolha, só ex-post. O ser humano não reage racionalmente de forma linear, e o que esses episódios estão mostrando é a força dos meios de comunicação que não existiam no passado, dando velocidade e extensão a estratégias montadas pelos investidores de varejo. Por outro lado, o tombo pode ser bem superior.

 Como investidor, o que fazer? Começaria com o que não fazer: não operar vendido nesse ambiente, por mais que os preços sejam convidativos — seria como ficar na frente de um trem que vem em velocidade e você calcula que vai parar antes; ficar fora do mercado; operar com valores pequenos e stop loss adequados. Pode escolher!

No post desinflacao-escondida, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” voltamos a hipótese de que a correção ainda não tenha terminado. Sendo assim, uma das possibilidades é apresentada no gráfico a seguir” ... ... “Como podem notar, o objetivo de queda para o dólar estaria compreendido entre R$ 4,88/R$4,81. Tudo isso depende de novas altas não ocorrerem acima de R$ 5,52” ....




O dólar ficou muito próximo do nível apontado acima de R$ 5,52, porém hoje uma apresentação feita pelo Ministro Guedes, em um evento do banco Credit Suisse, reafirmou categoricamente que, se qualquer benefício for oferecido a população com o nome que for — auxílio emergencial ou outro qualquer —, teria que haver corte em algum outro lado, mostrando que continua fiel ao objetivo de não deixar o déficit público crescer. Importante notar que o Presidente Bolsonaro estava a seu lado todo o tempo. Tudo isso acalmou o mercado, pelo memos temporariamente, ocasionando uma queda de quase 2%.

Como já havia mencionado, existem várias formas para o curso da correção em andamento. O Mosca traçou uma delas, que continua válida, mantendo o limite de R$ 5,52.



Para que esse cenário ganhe mais força, é necessário que o dólar recue abaixo de R$ 5,19, abrindo a possibilidade de atingir um objetivo entre R$ 4,88/R$ 4,81.

Hoje foi publicado o IPCA-15 de janeiro em 0,78%, recuando de 1,08%. Não é nada para se comemorar, e esse é uma das preocupações do mercado financeiro. Nem todos os bancos compartilham a mesma ideia —o Barclays Bank, por exemplo, acredita que o IPCA começa a desacelerar este semestre e atingirá o centro da meta no meio do ano. Estamos fazendo figa!



O SP500 fechou a 3.849, com queda de 0,15%; o USDBRL a R$ 5,3512, com queda de 2,09%; o EURUSD a 1.2166, com alta de 0,23%; e o ouro a U$ 1.851, com queda de 0,21%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Interessante que mesmo com o fracasso da política econômica atual o mercado continua bem como se nada tivesse acontecendo. Pior mesmo é o BC está sendo utilizado para animar a festa. A nossa dificuldades com as vacinas e o alto endividamento demonstram o tamanho da nossa fragilidade econômica.

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