Ações "baratinhas" #SP500

 


Fora o absurdo que ocorre nessa transição de governo nos EUA, o assunto do dia é bolsa de valores. Antes de entrar no tema do post de hoje, algumas palavras sobre o governo Trump, que começou agindo para trazer as fábricas aos EUA e diminuir seu déficit comercial, principalmente com a China, e apenas conseguiu criar uma série de impostos a produtos importados — o que afetou os consumidores — mas nada conseguiu no front externo, segundo os últimos dados publicados de sua balança comercial.

Agora, nos últimos minutos, resolveu criar mais confusões, incentivando a invasão do Capitólio, o que deve culminar num processo de impeachment — um recorde histórico de dois num mesmo mandato, sendo o último a uma semana de seu término. O resultado será finalizar sua carreira política, já que o impeachment o proíbe de concorrer a qualquer cargo político. Tanto fez o Trump que vários senadores republicanos estariam dispostos a votar contra ele. Vamos falar da bolsa.

A todo momento recebo dados indicando que a bolsa americana se encontra numa bolha, apontando como as ações estão caras. O americano comum, da classe média, que teve seus rendimentos estagnados por vários anos, não deve ter poupança suficiente para investir na bolsa — afinal, para comprar uma ação da Google por exemplo, são necessários U$ 1.730; a Tesla, grande amor dos investidores, está por volta de U$ 850. São ações “caras”. Como eles resolveram esse problema? Com as ações “baratinhas”, como mostra o artigo de Elena Poplina e outros publicado pela Bloomberg.

Embora não seja inédito ver uma pequena empresa como a Zomedica Corp., fabricante de remédios para animais de estimação,  no topo da lista das mais ativas com um bilhão de ações negociadas, como ocorreu na segunda-feira, é notável quando ela e outras cinco empresas negociando por menos de US $ 1 compõem quase um quinto do volume global.

A compra frenética por day traders no varejo, uma marca registrada dos mercados durante a maior parte dos últimos seis meses, está fazendo o volume disparar, tanto em grandes bolsas quanto em outros lugares.

O volume de ações, elevado há meses, aumentou novamente na semana passada, quando uma média de 14,8 bilhões de ações trocaram de mãos nas bolsas americanas, ficando entre os níveis mais movimentados de todos os tempos. Apenas três semanas em março do ano passado e duas durante a crise financeira mostraram maior volume de negócios de ações, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Por enquanto, para as pessoas que operam, está funcionando. Quanto mais barato for o preço das ações de uma empresa, melhor tem sido o seu desempenho. Em média, as ações do Russell 3000 com preços abaixo de US$ 2 por ação subiram quase 13% até agora em 2021. As ações abaixo de US $ 5 subiram perto de 10%. Isso é mais de três vezes o ganho das ações acima de US $ 100.

Meio bilhão de ações da Zomedica trocaram de mãos antes do meio-dia de terça-feira, com o volume de negócios a caminho de outro recorde depois de mais de 1 bilhão de ações negociadas na segunda-feira.

A Tonix Pharmaceuticals Holding Corp., que desenvolve terapias para distúrbios do sistema nervoso central, viu seu volume de negociação na segunda-feira subir para 12 vezes sua média de 2020. A Sundial Growers Inc., outra ação de centavos que estava entre as mais ativas na segunda-feira, viu seu volume de negócios saltar nove vezes em sua média no ano passado. Ao todo, os negócios dessas ações, juntamente com a Acasti Pharma Inc., a BioNano Genomics Inc. e algumas outras, negociaram 2,6 bilhões de ações na segunda-feira, quase um quinto de todo o pregão daquele dia.

"O que explica essa notável resiliência dos mercados de ações e riscos de forma mais geral desde dezembro?", perguntaram os estrategistas do banco JP Morgan em nota recente. "A resposta é a liquidez que parece estar reverberando mais uma vez de forma intensa via investidores de varejo, repetindo o 2º trimestre do ano passado."

Ao mesmo tempo, na visão de algumas pessoas de Wall Street, a mudança das bolsas públicas como a NYSE para locais menos transparentes administrados por corretores enfraquece um fundamento dos mercados: os preços. Essas plataformas fora das bolsas definem os preços de suas próprias negociações sem relação com os mercados públicos. Mas se os mercados públicos são diminuídos ao ponto de comporem a minoria das negociações, esses preços são distorcidos, de acordo com Don Wilson, fundador e diretor executivo da empresa de comércio DRW, com sede em Chicago.

Obs. Para que não sabe as ações abaixo de um determinado preço são negociadas em mercado de balcão, fora da bolsa.

Não posso acreditar que alguém em sã consciência acredita que comprar uma ação por U$ 1,00 significa que ela está barata por critérios de Valuation. Imagino que o raciocínio é duplo: se tudo está subindo, essas penny stocks como são conhecidas, também devem subir; o segundo motivo é que cabe no bolso.

Um ponto importante que também ocorre é a estratificação entre tipos de investimento. Ontem publiquei um gráfico que aponta um fluxo negativo para a bolsa desde 2016. Mas, ao se fazer uma segmentação desse fluxo, nota-se algumas categorias como fundos ESG e empresas High Tech obtiveram fluxo positivo enquanto no restante negativo.

Não há dúvida de que o excesso de liquidez no mundo em que vivemos cria uma serie de distorções — o que talvez dê sustentação para a correção nas bolsas que estou esperando.

No post sp500-arriba-sp500, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “o gráfico a seguir aponta os próximos níveis a serem observados com atenção. A alta que agora se desenrola, deveria ao redor do final de janeiro levar o SP500 entre 4.070-4.085. E, depois dessa sequência terminada, vai residir a dúvida” ...



Os mercados continuaram a subir nos permitindo entrar com um novo trade a 3.700, conforme havia sugerido. Os objetivos foram redimensionados em função do período recente de negociações. Como podem notar no gráfico a seguir, o SP500 não se encontra muito distante da meta entre 3.920 - 3.940.



Embora já tenha comentado anteriormente não custa reforçar que esses objetivos são dinâmicos e evoluem em função da trajetória seguida e interpretação do analista, feita em prazos mais curtos.

As observações de ontem sobre o nasdaq100 são validas para seu irmão mais velho, o SP500, que se resume no dilema entre a continuidade do movimento ou uma correção mais importante se aproximando.

Uma advertência qualitativa do último movimento desde novembro do ano passado, reforça a tese da correção, sendo assim, vou apertar o stoploss para 3.650.

- David, você começou o ano pisando em ovos, onde está todo aquele otimismo?

Exato! Guarde o entusiasmo para um momento futuro. Por enquanto, muita cautela. Veja se você não vai inventar de procurar ações de R$ 1,00 na bolsa brasileira! Hahaha ...

O SP500 fechou a 3.809, com alta de 0,23%; o USDBRL a R$ 5,3080, com queda de 0,27%; e o EURUSD a 1,2156, com queda de 0,43%; e o ouro a U$ 1.848, com queda de 0,40%.

Fique ligado!

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