Cenas grotescas #USDBRL


Todo início de ano acontece algum fato de destaque. Os sociólogos, e quem sabe os psiquiatras, têm motivos para explicar as razões que levam os seres humanos a se exporem nesses momentos. Este ano não foi diferente. O Presidente Trump, em sua última tentativa de permanecer no poder, incitou seus compadres a invadir o Capitólio, a casa dos políticos.

As fotos desse momento foram amplamente divulgadas pela mídia, e cada um dos participantes desse momento buscou um local de destaque para que sua foto fosse divulgada internacionalmente, virando manchete por um dia.

Como consequência desse ato incitado pelo presidente, ele foi perdendo vários de seus instrumentos de comunicação, sendo banido de todas as suas contas sociais, além da Presidente da Câmara de Deputados, Nancy Pelosi, ter pedido aos Generais de Exército a interdição de Trump acionar qualquer ogiva nuclear, e pedido o impeachment de Trump a oito dias do final de seu mandato.

Um final triste para o presidente americano, mas que não deveria surpreender. Afinal, para todo psicopata, a derrota e a morte são sinônimas. A história está repleta dessas situações, onde posso destacar o imperador Nero, que ordenou o incêndio em Roma com o propósito de construir um complexo palaciano, uma vez que o senado havia indeferido o pedido. Alguma semelhança entre essas situações?

Nos mercados internacionais, as bolsas continuam registrando recordes praticamente todos os dias, estimuladas pelas elevadas expectativas sobre o resultado da vacinação em curso pelo mundo — ou melhor, quase todo mundo: aqui, a disputa política de Bolsonaro contra o Doria nos deixa em situação ridícula.

O mundo está tão vidrado nesse tema que mesmo notícias ruins viram boas, como foi o caso dos dados publicados na última sexta-feira, onde ocorreu uma queda no número de empregos em 140 mil. Nada grave, dada a série de restrições e lockdowns ocasionados pela aceleração do contágio pela Covid-19. Em todo caso, seria razoável esperar uma retração nos mercados de risco, mas o mercado raciocinou que esse dado levaria o governo, agora totalmente democrata, a anunciar novos auxílios.

A preocupação principal do Mosca em 2021 é a inflação, tema adotado para este ano. Um artigo publicado pela Bloomberg por Bem Holland e outros versa sobre esse assunto.

A maioria dos economistas não acha que os preços se tornarão um problema nos próximos anos. Ainda em minoria, porém, investidores e economistas que pensam que a América está para ver uma alta — talvez séria — na inflação já têm munição nova para seus argumentos este ano.
As vacinas sinalizam um fim às restrições pandêmicas, o que poderia trazer os consumidores de volta com tudo. É o que os economistas chamam de demanda reprimida — um rótulo que se aplica hoje literalmente. A administração Biden provavelmente sustentará os gastos das famílias com mais ajuda financeira, depois que as eleições do Senado deste mês deram maioria aos democratas — isso num cenário em que o dólar vem se enfraquecendo e os preços das commodities subindo constantemente há meses.
Tudo isso tem empurrado para cima as expectativas inflacionárias do mercado de títulos. A chamada taxa de breakeven em títulos de 10 anos subiu acima de 2% na semana passada para a máxima em mais de dois anos. Ainda assim, a visão predominante entre os economistas — incluindo, crucialmente, os do Federal Reserve — é que os EUA não têm por que se preocupar com a inflação por alguns anos.

Os dados de inflação a serem publicados na próxima quarta-feira devem mostrar que os preços ao consumidor aumentaram 1,3% em 2020. Com o aumento dos custos para os produtores, quase todos preveem uma taxa mais alta este ano. Mas, mesmo no final de 2022, o número preferencial do Fed não ultrapassará sua meta de 2%, de acordo com pesquisas de economistas. E as autoridades do Fed dizem que querem ver a inflação ficar acima desse nível por um tempo antes de aumentarem as taxas de juros.

Os céticos da inflação apontam para os mercados de trabalho ainda deprimidos pelo vírus, tendências mais profundas na demografia e tecnologia que mantêm os preços baixos, e o risco de que os políticos cortem o apoio à economia muito cedo -- como fizeram no passado recente.

Então, a inflação está voltando? Aqui estão alguns dos principais argumentos de cada lado.

Sim, porque: as bombas estão preparadas...

As configurações da política acabam de ser ajustadas para um aumento ainda maior na pressão da caldeira. Os gastos fiscais têm sido o motor da recuperação na depressão do corona vírus, e o presidente eleito Joe Biden — que promete fazer mais do mesmo — tem caminho aberto para a aprovação de seus planos pelo Congresso depois que os democratas conquistaram ambas as cadeiras do Senado da Georgia no tira-teima de 5 de janeiro.

Enquanto isso, o Fed, que não pode fazer muito para acelerar a economia agora, permanece no comando dos freios - e promete não os acionar tão cedo. Depois de ficar constantemente aquém de sua meta, a nova política do Fed é deixar a inflação acima da meta e permanecer lá —para chegar numa média de 2% ao longo do tempo — antes de aumentar os custos de empréstimos para esfriar as coisas.

 


... V é para vacinas...

A economia dos EUA está mais perto de alcançar uma recuperação em forma de V do que parecia provável no início da crise, e as vacinas poderiam completar o trabalho.

Os americanos já estão gastando mais em mercadorias do que antes do vírus. Se esse ainda não é o caso dos serviços, é só porque os bloqueios tiraram da mesa as opções dos consumidores - algo que deve mudar à medida que mais pessoas sejam inoculadas.

Os economistas do Morgan Stanley esperam "uma forte recuperação da demanda, especialmente em setores sensíveis ao Covid, como viagens e turismo", à medida que as vacinas tenham distribuição mais ampla na primavera. Eles preveem que o núcleo da inflação, que exclui os preços de alimentos e combustíveis por serem mais voláteis, atingirá o limite de 2% este ano e o ultrapassará em 2022.

... E as famílias têm dinheiro

Os cheques de auxílio e o aumento do seguro-desemprego aumentaram a renda das famílias no agregado mesmo com o encolhimento da produção econômica — uma rara combinação. E a alta dos mercados de ações e habitação ajudou a adicionar mais de US$ 5 trilhões ao patrimônio líquido das famílias dos EUA em 2020.

Pessoas de maior renda e idosos, mais propensos à auto quarentena, acumularam economias enquanto aguardavam o fim da pandemia, diz Mark Zandi, da Moody's Analytics. Eles perderam coisas como cabeleireiro, férias e refeições fora. Estão "em uma posição financeira especialmente boa para aumentar os gastos com esses serviços assim que se sintam seguros."



Não, porque: desta vez não é diferente...

O desaparecimento gradual da inflação é uma das tendências mais arraigadas da economia. E política de responder de forma coletiva imediata não é totalmente sem precedentes. Depois de 2008, o governo e o Fed também injetaram dinheiro na economia, fazendo com que muitos previssem uma inflação que não chegou a aparecer. Os gastos fiscais foram maiores desta vez, mas também tiveram de preencher um buraco maior na economia, de modo que o resultado não será necessariamente um superaquecimento.

Até agora, a nova década se parece muito com a última, diz Ben May, da Oxford Economics. "A demanda deficiente tem sido combatida por uma política monetária e fiscal mais frouxa. Isso aumentou os preços dos ativos, mas a inflação embutida nos preços ao consumidor permaneceu fraca."

Outra lição da crise financeira é que os políticos americanos nem sempre são os gastadores da caricatura popular. Eles podem realmente sofrer do viés oposto — tendendo a uma política fiscal mais apertada do que a economia precisa. Foi o que aconteceu após a queda de 2008 e retardou a recuperação, concluíram economistas. E embora uma visão mais tolerante dos déficits se tenha firmado desde então, o Partido Democrata de Biden ainda contém sua parcela de “falcões” do orçamento.

... Ainda tem folga...

Mesmo os economistas mais otimistas dizem que levará anos até que os EUA estejam empregando tantas pessoas quanto em 2019, quando a taxa de desemprego foi a mais baixa em meio século.

Nem todos compartilham com a mesma visão, por exemplo, o Deustche Bank acredita que já no primeiro semestre do próximo ano o nível de emprego estará no mesmo patamar que estava antes da eclosão da pandemia.

Uma economia que não está usando todos os seus recursos disponíveis, como o trabalho, normalmente tem espaço para crescer sem desencadear inflação. E uma lição fundamental da longa expansão dos anos 2010 foi que esses recursos eram mais profundos do que se pensava.

Isso pode ser verdade para a economia pós-pandemia também. O Goldman Sachs, por exemplo, elevou sua previsão de crescimento após a eleição na Geórgia e agora prevê uma expansão de 6,4% na economia este ano — recuperando com sobras todas as perdas do Covid. Mas ainda não espera que o núcleo da inflação fique acima de 2%.

Outro dia recebi um relatório desse banco com suas projeções para os próximos 5 anos. A conclusão é que estão extremamente otimistas, pois como a tabela a seguir aponta, crescimento forte, inflação baixa e o Fed se movimentando somente no 2º semestre de 2024. Só falta combinar com os Russos! Hahaha ...

No post dolar-ou-real-usdbrl?, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” A previsão de queda do dólar permanece a mesma, ao redor de R$ 4,66, podendo se estender ao nível de R$ 4,53. Abaixo desse nível, e principalmente debaixo de R$ 4,37, vou ficar desconfiado de que a queda mais profunda está em curso” ... ...” Nossa posição será mantida e o stop loss estabelecido ao nível de R$ 5,35, pois acima desse, a última alta do dólar poderá já estar em andamento” ...

O dólar acabou não se comportando da forma que eu havia imaginado e fomos stopados na semana passada – um pequeno erro na cotação do stoploss acima, ao invés de R$ 5,35 foi de R$ 5,30, conforme consta na planilha semanal.

Neste momento, algumas hipóteses se apresentam e deixam a posição do Mosca neutra, embora as chances estejam pendendo para novas altas para o dólar.

Conforme apontei no gráfico acima, e caso se confirme a nova tendencia de alta, o objetivo para término desse movimento seria ao redor de R$ 6,68/R$ 6,82, uma alta superior a 20%. Qual seria a nova besteira do governo? A de proibir a vacina em território nacional? Hahaha ...

Um primeiro nível que daria mais sustentação a essa nova alta seria ultrapassar R$ 5,62 — até lá ainda podemos estar numa correção mais complexa.

- David, eu não te entendo, você estava super pessimista no dólar e de repente muda de posição? Assim, não conseguimos ficar de férias tranquilos!

Acho que você relaxou demais e estava curtindo os resultados da posição se tornando mais complacente. Basta você ler o que comentei no último post acima para se certificar que minha visão era de alta do dólar mais à frente, e pode ser que essa “mais à frente” tenha chegado.

Não se esqueça do lema “compromisso com o bolso” — isso implica em não se “apaixonar” por nenhuma posição, ação, ou seja, lá o que for!

O SP500 fechou a 3.799, com queda de 0,66%; o USDBRL a R$ 5,4890, com alta de 1,31%; o EURUSD a 1,2154, com queda de 0,52%; e o ouro a U$ 1.844, com queda de 0,20%.

Fique ligado!

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