Psicologia humana #eurusd

 


Vai dia, vem dia, e o assunto é a bolsa de valores — não vou comentar aqui a estupidez de nosso presidente, que também faz o noticiário. Mas em relação as bolsas, o que incomoda tanto? O principal motivo é que se encontram em níveis históricos.

Fiquei pensando qual é a diferença de perder, por exemplo, 10% ao comprar na máxima ou em qualquer outro ponto? Nenhuma do ponto de vista financeiro, mas muito grande do ponto de vista emocional. No primeiro caso fica a impressão de que somos burros, pois se estava na máxima tinha de cair, no segundo caso, foi azar ou qualquer outro argumento. E ninguém quer se sentir burro!

Do ponto de vista técnico, e especificamente em relação a Elliot Wave, não faz quase nenhuma diferença.

O acrônimo para a máxima usado pelo mercado é ATH – All Time High. O Bank of America elaborou uma estatística interessante e verificou o que ocorre com a bolsa americana no ano seguinte, quando o ano termina em ATH.

Como se pode verificar, no ano seguinte existem bem mais observações de alta. Mas isso não pode ser motivo para perder o medo de se sentir um burro, pois pode ser esse o ano que não dá certo.

Da mesma forma, porém, que a grande maioria analistas alertam para os riscos do mercado, alguns outros acreditam que na verdade estamos no início de um mercado de alta mais duradouro, como a reportagem elaborada por Lu Wang da Bloomberg.

Eles conhecem as avaliações esticadas e tudo o que deve dar certo para manter as ações lá em cima. E, no entanto, em vez de fugir desses mercados pujantes, muitos investidores só estão entrando agora.

A razão, ao que parece, é o quão distantes do mercado eles estavam antes da última e maior etapa da alta, a que começou em março de 2020. Demorou tanto a recuperação do apetite pelo risco, como mostra a pesquisa do JPMorgan Chase & Co,. que a volta às máximas passadas poderia significar pelo menos mais 26% de alta para o S&P 500.

"Este mercado de alta ainda está no início", disse Jim Paulsen, estrategista-chefe de investimentos do Leuthold Group, "Não tem nem um ano, e considerando a grande lacuna de produção dos EUA e o alto desemprego, melhorias adicionais na economia devem manter o mercado de ações subindo por mais alguns anos."

Na visão de mundo de Paulsen e outros, muitas das coisas que hoje parecem obstáculos, incluindo avaliações caras, prepararam o cenário para uma melhoria que poderia sustentar uma alta. Após as recessões de 1992, 2002 e 2009, observam, os índices de preço-lucro caíram à medida que o crescimento recomeçou e as ações ainda assim conseguiram subir — em cada uma com a ajuda do estímulo do Federal Reserve.

Advertências de  que o mercado está maduro para uma queda estão ficando mais frequentes, o que levou a relação preço-lucro do S&P 500 a níveis inéditos desde a era ponto-com.

E embora seja impossível prever o ponto de virada, o estudo do JPMorgan sugere que o fim provavelmente está muito longe. Estrategistas liderados por Nikolaos Panigirtzoglou desenvolveram um modelo para acompanhar as participações dos investidores em ações em relação a títulos e dinheiro ao longo do tempo. Com 43,8%, a exposição atuais de capital segue o pico de 50% visto antes da crise financeira global de 2007-2009 e está aquém das leituras que se aproximavam de 55% durante a era ponto-com.

Pelo cálculo da equipe, mesmo um leve retorno ao último pico do mercado de 47,6% -- alcançado em janeiro de 2018 — causaria uma valorização de 26% para o S&P 500.

"Ainda há espaço no mercado atual de alta", disse Panigirtzoglou. "É certo que esse espaço é criado por alocações em títulos ainda acima da média, em vez de alocações de recursos que já entraram nas mínimas do ano passado."

Investidores, que tinham evitado ações e ficaram na renda fixa durante a maior parte do último mercado de alta, estão começando a se animar com as ações. Nos últimos dois meses de 2020, os fundos de ações atraíram US$ 190 bilhões de dinheiro novo, um recorde segundo dados compilados pelo Deutsche Bank AG. Ainda assim, isso não se compara com as saídas totais de US$ 725 bilhões desde o início de 2018.


O argumento da supervalorização das ações poderá perder argumentação. As empresas do S&P 500, saindo da recessão causada pela pandemia, estão na eminência de encerrar sua sequência de quedas de lucro, com uma previsão de que as receitas cresçam acima de 10% nos próximos dois anos.

"São empresas que estão crescendo mais rápido do que o crescimento econômico geral, e fazem jus a múltiplos muito maiores", disse Robert Zuccaro, fundador da Target QR Strategies, cujo Golden Eagle Growth Fund de US$ 50 milhões subiu 121% no ano passado. "Se você ficar no múltiplo histórico de 16 vezes (P/L) baseado em uma sociedade industrial, você vai ficar fora do mercado de ações quando o mercado estiver subindo."

Claro, muita coisa depende do controle do coronavírus. Embora a distribuição de vacinas tenha melhorado as percepções, uma recuperação completa não é garantida. Mesmo assim, jovens investidores, alguns armados com o dinheiro de auxílios fiscais, estão se jogando em ações e opções de compra, para obter lucros rápidos.

O sinal de exagero, juntamente com os gráficos que mostram um impulso extremo em benchmarks como o Índice Russell 3000, torna Sam Stovall cauteloso. O estrategista-chefe de investimentos da CFRA Research recebeu recentemente telefonemas de suas duas sobrinhas que nunca investiram no mercado e agora querem comprar ações.

"Isso é como Markus Rudolf e Joe Kennedy ouvindo dicas de seu engraxate", disse Stovall em uma entrevista na Bloomberg Radio and Television. "É um sinal preocupante de que o mercado precisa realizar ganhos."

Mas isso não significa que o fim do mercado de alta está se aproximando. O ciclo médio de altas durou cerca de cinco anos desde a década de 1930, com a menor delas durando pelo menos dois anos.

"Eu não ficaria aqui dizendo que este é mais um ano para se esperar um retorno de 30 ou 40%, mas estou otimista de que este será um bom cenário para ativos de risco por pelo menos vários outros trimestres", disse John Porter, chefe de ações da Mellon Investments. "É irrefutável o quanto o papel do Fed é significativo. E como investidor, você tem que respeitar essas forças no mercado."

Para quem usa análise técnica, o rompimento de uma alta histórica pode representar uma grande oportunidade dependendo do que ocorreu antes, e quem Elliot Wave consegue calcular até onde poderia chegar. Certeza sobre o futuro ninguém tem, e o stop loss é a garantia de que você não vai ser expulso do mercado. No curto prazo, continuamos com o dilema se haverá brevemente uma correção, ou se as ações estariam entrando numa alta mais expressiva. Let the Market speak!

No post o-dolar-vai-virar-po, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ...” seria de se esperar uma continuidade da alta atual até € 1,225; em seguida, uma pequena retração ao nível de € 1,206 (aqui seria um bom ponto de compra) para rumar no movimento final dessa sequência a € 1,2500, muito próximo do nível sugerido na análise de longo prazo” ...

Seguindo de forma impecável o script acima, ontem a moeda única atingiu 1,2052, muito próximo do nível citado. Daqui em diante, esperaria a última alta rumo ao patamar de 1,25 (vide a seguir), para depois ocorrer um movimento de baixa.


Como citei no post, e considerando que a reversão ocorra no patamar sugerido, abrem-se duas possibilidades:

1)      Fôlego: Neste caso, uma retração com idas e vindas que levaria a moeda única entre € 1,1540 (gosto mais) com queda de aproximadamente 8%, ou € 1,1320 registrando uma retração de 10%. Depois o euro voltaria a subir.

2)      Isso é tudo: Conforme comentei acima: ... “à onda marcada como (b) poderia estar em ação” ... A confirmação desse cenário se dá caso o euro caia abaixo de € 1,0635. Mas a desconfiança começaria se o nível de € 1,1320 fosse vencido e principalmente € 1,1010.

Como havia me posicionado, o cenário Fôlego tem minha preferência e é nele que iremos eventualmente sugerir trades. Por enquanto, ficamos de observador.

Em termo de posicionamento, e como divulguei amplamente em outros posts, as apostas estão fortemente contra o dólar.

Não quero juntar mercados, mas uma retração nas bolsas poderia ser o gatilho para a diminuição de posições pelos traders, inclusive na venda do dólar.

O SP500 fechou a 3.798, com alta de 0,81%; o USDBRL a R$ 5,3598, com alta de 1,21%; o EURUSD a 1.2126, com alta de 0,40%; e o ouro a U$ 1.838, com alta de 0,10%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Muitos desejos, poucos fatos concretos para justificar a alta, já muito esticada. O argumento concreto foi o FED.

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  2. Exato, mas ainda não parece ter se esgotado.

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