Fakecoins #usdbrl #bitcoin

 

Vou iniciar por uma assunto que comento pouco. Eu quase não assisto séries da Netflix (ou outras streaming). Durante o momento que essa onda ganhou pulso, assisti mais filmes que séries. Acredito que o maior motivo é que depois de duas horas eu queria liquidar o assunto, ao invés de ficar pregado assistindo por horas até o seu final da série, que muitas vezes fica para novas versões.

Nesta última semana, por insistência de alguns amigos, acabei assistindo a série “Inventando Anna”. Uma história verídica (não sei até que ponto) de uma jovem imigrante alemã de origem russa que busca o sucesso nos EUA. Por meio de mentiras sobre a sua fortuna e relacionamento com seu pais, ela envolve banqueiros, advogados e gente famosa em vários esquemas a fim de obter um empréstimo para a Fundação que queria colocar em pé. São 9 capítulos relativamente longos de uma hora, mas que prendem a atenção.

Bem, por que trago esse assunto num blog de finanças? Primeiro, por mais que ela fizesse muitas ilegalidades e sacanagens, quando a série terminou fiquei com mixed feelings. Pensei: como poderia eu ter compaixão, se não concordo com o modo dela agir? Não vou dar spoiler para quem não assistiu, mas será que sua determinação incondicional a seus objetivos, que contamina as pessoas que estavam na sua proximidade e a mim também, a tal ponto de não acharmos que ela é culpada? Assistam e me digam qual a sua opinião. Em segundo lugar, queria dizer que durante minha vida profissional me deparei com pessoas desse tipo — felizmente não fui vítima de nenhuma.

Tenho comentado pouco sobre o bitcoin e a extensa lista de moedas existentes hoje em dia. Minha opinião vocês já conhecem. Vou explanar mais adiante sobre as perspectivas técnicas, porém o que quero trazer é uma artigo publicado no Wall Street Journal por Alexander Osipovich sobre stablecoins algorítmicas que aumentam em popularidade e usam engenharia financeira para vincular seu valor ao dólar.

‎Uma nova geração de criptomoedas está buscando replicar a estabilidade do dólar. Mas os críticos dizem que elas são um desastre anunciado.‎

‎As chamadas "stablecoins algorítmicas" aumentaram em popularidade nos últimos meses, ‎‎estimulando o debate sobre se elas são boas‎‎ para a indústria cripto. Eles são o irmão menor mais atrevido das stablecoins convencionais — moedas digitais que buscam manter uma relação de paridade com uma moeda tradicional, geralmente o dólar. ‎

‎Emissores de stablecoins convencionais dizem que possuem dinheiro ou títulos para que cada uma de suas moedas digitais seja apoiada por um dólar de ativos reais. Mas as stablecoins algorítmicas não são necessariamente apoiadas por nenhum ativo. Em vez disso, elas dependem da engenharia financeira para manter sua ligação com o dólar. Algumas falharam, cobrindo investidores com perdas.‎

‎"É muito mais perigoso do que pegar um título do tesouro e transformá-lo em token", disse Charles Cascarilla, executivo-chefe da Paxos, a emissão da Binance USD, uma stablecoin popular que usa a abordagem apoiada por ativos. "É uma receita para algo muito ruim acontecer."‎

‎Os defensores dizem que as stablecoins algorítmicas são melhores do que as convencionais porque não são executadas por uma única entidade centralizada. Em vez disso, elas funcionam de forma autônoma em redes baseadas em blockchain, contando com traders que poderiam estar em qualquer lugar do mundo para mantê-las ligadas ao dólar. Tal design torna mais difícil para os reguladores controlar stablecoins algorítmicas, muitas vezes vistas como uma vantagem nos círculos cripto. Os reguladores dos EUA intensificaram sua vigilância sobre stablecoins nos últimos meses, mas se ‎‎concentraram em grande parte em moedas lastreadas em ativos‎‎.‎

‎As stablecoins algorítmicas estão melhorando em sua tarefa de manter seu vínculo com o dólar e podem eventualmente ultrapassar seus equivalentes convencionais, disse Sam Kazemian, criador da Frax, uma stablecoin algorítmica parcialmente apoiada por ativos cripto.‎

‎"À medida que as stablecoins algorítmicas se tornam cada vez mais difundidas, as pessoas se sentirão mais confortáveis com elas e perceberão que as melhores são tão confiáveis quanto as stablecoins apoiadas por moedas convencionais", disse Kazemian.‎

‎O tema esotérico das stablecoins algorítmicas tornou-se mais difundido com a surpreendente ascensão do TerraUSD, a moeda mais popular.‎

‎O saldo distribuído da TerraUSD cresceu mais de 500% nos últimos seis meses, para cerca de US$ 17,3 bilhões, de acordo com o serviço de notícias e pesquisa cripto The Block. Isso faz dele a quarta maior stablecoin global, representando 9,6% da oferta total de stablecoin, mostram dados do The Block. As três maiores stablecoins são o tether, o USD Coin e o Binance USD.‎

‎É assim que o TerraUSD funciona. Se seu preço cair abaixo de US $ 1, os traders podem "queimar" a moeda — ou removê-la permanentemente de circulação — em troca de US$ 1 em novas unidades de outra criptomoeda chamada Luna. Isso reduz a oferta do TerraUSD e eleva seu preço. Por outro lado, se o TerraUSD subir acima de US $ 1, os traders podem queimar o Luna e criar novos TerraUSD. Isso aumenta a oferta da stablecoin e reduz seu preço de volta para US $ 1.‎

‎Em outras palavras, os esforços coletivos dos traders que buscam obter lucros rápidos de arbitragem devem manter o TerraUSD dentro de uma faixa relativamente apertada em torno de US $ 1. O Luna atua efetivamente como um amortecedor para o TerraUSD, limitando a volatilidade no TerraUSD.‎

‎Lançado em 2020, o TerraUSD manteve seu lastro de dólar na maior parte do tempo— exceto durante ataques de forte volatilidade, como a grande venda de criptomoedas da primavera passada. O TerraUSD caiu abaixo de 92 centavos em 23 de maio de 2021, de acordo com o provedor de dados CoinMarketCap.‎

‎Ryan Clements, professor de direito da Universidade de Calgary que‎‎ estudou stablecoins algorítmicas‎‎, diz que o TerraUSD é suscetível ao que os traders de criptomoedas chamam de "espiral da morte".‎

‎Em tal cenário, uma stablecoin algorítmica cai abaixo de US $ 1 e os traders nervosos se afastam do mecanismo de arbitragem que o mantém atrelado ao dólar. Se não houver traders suficientes dispostos a comprar a moeda e empurrá-la de volta para US $ 1, a fé do mercado no lastro pode ser corroída. Isso poderia levar ainda mais pessoas a fugir, acelerando o declínio da moeda. ‎

‎O Sr. Clements diz que nenhuma stablecoin algorítmica está a salvo de uma espiral mortal. "Eles são inerentemente frágeis", disse ele.‎

‎O TerraUSD é uma criação da Do Kwon, uma desenvolvedora de criptomoedas sul-coreana. Um porta-voz da empresa do Sr. Kwon, Terraform Labs, disse que ele não estava disponível para uma entrevista. ‎

‎Durante os últimos três meses, o Sr. Kwon procurou aliviar as preocupações de que o TerraUSD possa perder seu lastro financiando uma reserva multibilionária de bitcoin e várias outras criptomoedas. A reserva pretende atuar como um obstáculo adicional contra uma queda severa no TerraUSD. ‎

‎Um dos principais fatores por trás do rápido crescimento do TerraUSD é um esquema de incentivo oferecido pela Anchor Protocol, uma espécie de banco descentralizado para investidores cripto construído sobre a tecnologia da rede Terra do Sr. Kwon. No ano passado, a Anchor começou a oferecer taxas de juros anuais de cerca de 20% para depósitos terrausd. Esses altos rendimentos ajudaram a impulsionar a demanda pela stablecoin, mesmo com alguns observadores questionando se eles não são insustentavelmente altos.‎

‎"Conheço muitas pessoas que, em vez de manter dinheiro no Chase, basicamente colocam todo o seu dinheiro na UST", disse Brian Rudick, estrategista sênior da GSR, uma empresa de negociação de criptomoedas, referindo-se ao TerraUSD pelo seu símbolo de ticker. "E eles estão basicamente vivendo sem pagar aluguel porque estão sendo remunerados com esse ganho."‎

‎Cascarilla, da emissora rival de stablecoin Paxos, teme que os investidores atraídos para o TerraUSD por altos rendimentos sejam prejudicados se ele entrar em colapso.‎

‎"Definitivamente não é uma stablecoin", disse Cascarilla. "É uma moeda instável."‎

Não é incrível que alguém prefira ter stablecoins, cuja premissa é sua associação ao valor do dólar, a ter o próprio? A não ser que esse instrumento de captação com pagamento de juros de 20% a.a. tenha atraído investidores a manter a moeda e ganhar 20% a.a... Só esqueceram de avisar que 20% de zero é igual a zero, caso essa moeda vire pó. Não entendo o motivo, talvez para os russos faça sentido como forma de pagar e receber em “dólares”, mas que empresa vai arriscar seus produtos em troca dessa moeda? Acho que a denominação mais correta seria fakecoins, o que acham?

Sobre o bitcoin, tenho publicado esporadicamente minha avaliação do ponto de vista técnico, alertando que a criptomoeda se encontra numa macro correção desde janeiro de 2021, que parece ainda não ter terminado. Esse intervalo é bastante extenso, entre U$ 30 mil e U$ 64 mil, se o critério fosse de um ativo “normal”, o que não é o caso.

A correção poderá dar continuidade segundo 2 formas distintas descritas a seguir:

Flat: Nesse caso o bitcoin estaria sujeito a uma continuidade da queda atingindo um possível ponto de reversão ao redor de U$ 30 mil, ou caso não suporte cairia até U$ 22 mil, só depois um movimento de alta se sucederia levando a níveis de U$ 120 mil.


Triângulo: Este cenário levaria mais tempo até que o movimento terminasse. Com uma alta na sequência até U$ 56 mil, em seguida uma queda ao redor de U$ 40 mil, para só depois rumar ao objetivo de U$ 120 mil.


No post como-calcular-o-preço-de-uma-acao, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “  No gráfico acima, apontei uma área entre R$ 4,6810 (2,23%) /R$ 4,6275 (1,06%), onde os valores entre parênteses representam o potencial stop loss sinalizado em R$ 4,5790. Esse trade poderá gerar um potencial ganho de 4,69%, no caso de ainda estar corrigindo, ou 7,71% se realmente uma correção surgiu” ...


A cotação do dólar atingiu na mínima durante a semana passada em R$ 4,6240 suficiente para colocar o trade proposto acima. Desde então não aconteceu nada de muito importante no preço. Como havia frisado esse é um trade especulativo e deve assim ser tratado, razão pela qual atualizei o stop loss ao nível de entrada, garantindo não haverá perda.


Mesmo que sejamos estopados da posição somente abaixo de R$ 4,5790, o dólar continuaria com seu movimento de queda e acima de R$ 4,7955 a chance de ganho se eleva. Vamos ver no que vai dar.

O SP500 fechou a 4.391, sem alteração; o USDBRL a R$ 4,6460, com queda de 1,08%; o EURUSD a 1,0780, com queda de 0,24%; e o ouro a U$ 1.977, com alta de 0,14%.

Fique ligado!

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