O careca #SP500
No mundo estranho em que vivemos, até o Carnaval muda de
data. Neste final de semana será celebrado essa festa que, acredito, será sem
graça — bem, como não gosto de Carnaval, tanto faz minha opinião. A marchinha
famosa do passado “é dos carecas que elas gostam mais” fez, e ainda faz,
sucesso. Segundo o site Vagalume, os carecas são assim definidos “Já foi
comprovado cientificamente (será?) que os homens carecas são mais atraentes.
Formalidade, corpo sarado, cabeça na zero dispensa penteado” – o cara que
escreveu isso deve ser careca! Haha ...
Mas tem um careca que está despertando desejo entre os
homens, não que ele seja gay nem que seu fã clube também o seja. É por outro motivo: ele vem acertando a
trajetória do dólar. Esse analista de moedas, Robin Brooks, foi citado em
reportagem da Bloomberg por Ye Xie e outro.
Robin Brooks fala no tom monocórdio e sóbrio de um doutor
em economia que dedicou grande parte de sua carreira a calibrar modelos de
valor justo para taxas de câmbio.
Então foi um choque para Brooks e sua família quando de
repente ele se tornou uma sensação nas redes sociais no Brasil. Mas Brooks é
uma raridade nos círculos financeiros aqui: um altista de longo prazo sobre o
real brasileiro. E é esse otimismo inabalável, mesmo nos piores momentos do
colapso pandêmico do Brasil, que agora o tornou o rosto público da disparada
que transformou o real na moeda de melhor desempenho do mundo este ano.
Para seus seguidores no Twitter no Brasil, onde ficar de
olho no câmbio é uma espécie de obsessão nacional, Brooks, 51, é simplesmente
"o careca". Ou às vezes "o careca da Goldman". Ele não
trabalha na Goldman Sachs há cinco anos, mas, de qualquer forma, isso soa muito
melhor do que o "careca do Instituto de Finanças Internacionais",
onde atualmente atua como economista-chefe em Washington.
Cada tweet altista que ele posta sobre o real é imediatamente recebido com milhares de curtidas e dezenas de respostas "no careca confiamos" que se tornaram uma espécie de marca registrada de seus seguidores. Os mais devotos na multidão postam fotos mostrando-o como um boxeador ou GIFs elogiando-o como "o homem, o mito, a lenda".
A família de Brooks, diz ele, está espantada com seu novo estrelato. "Meus filhos dizem 'Que diabos? Este é o nosso pai bobão."
Alguns de seus críticos, e são abundantes, usam linguagem
semelhante para descrever sua análise, também. Eles riem de como sua previsão
de valor justo para o real - 4,5 por dólar - não se mexeu em mais de dois anos,
apesar de todos os tipos de grandes reviravoltas na economia local e nos
mercados globais.
E eles dizem que seu apelo de alta teve um pouco de sorte
de pegar duas grandes forças impulsionando os ganhos da moeda: uma onda de
aumentos agressivos nas taxas de juros pelo Banco Central e um súbito boom na
demanda global pelas exportações brasileiras de soja, petróleo, minério de
ferro e café.
Para Brooks, porém, esses desenvolvimentos apenas refletem sua crença de longa data de que os fundamentos econômicos e de comércio exterior do país estão melhorando e que a moeda permanece mais fraca do que deveria ser, mesmo depois de subir 20% este ano para 4,65 por dólar. Esta ainda é uma visão contrária. A maioria dos analistas pesquisados pela Bloomberg prevê que o real enfraquecerá a partir daqui.
"Continuo falando sobre subvalorização, subvalorização, subvalorização", diz Brooks. Pouco depois de ter lançado sua indicação de alta pela primeira vez, a pandemia bateu e os investidores começaram a retirar dinheiro do Brasil a uma taxa tão alarmantemente rápida que ele diz que achava que "a conexão do computador estava quebrada". Essas saídas, diz Brooks, juntamente com as críticas contundentes que ele estava vendo os brasileiros jogarem em seus líderes políticos no Twitter, o encorajaram. "Normalmente para mim, isso é um bom sinal de que, OK, isso é exagerado. Talvez haja valor no real e o real brasileiro esteja muito barato."
Isso também explica por que alguns dos fãs mais vocais de
Brooks no Twitter no Brasil são apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Para
eles, a recuperação do real em relação ao dólar é um sinal de que Bolsonaro está
administrando bem a economia ao se preparar para uma dura campanha de
reeleição.
A moeda em geral chama demais a atenção na sociedade
brasileira, resultado de décadas de inflação descontrolada que até hoje levam
as pessoas a converter parte de seu dinheiro em dólares americanos. O status de
figura cult de Brooks no Twittersphere local é uma prova disso. Muitos de seus
seguidores parecem genuínos em sua crença em sua genialidade. Para outros, é
mais um jeito de tirar um sarro.
Brooks realmente twitta principalmente hoje em dia sobre a guerra na Ucrânia e sobre como as sanções estão falhando em realmente apertar as finanças da Rússia. Esses tweets, porém, normalmente ganham muito menos atenção do que quando ele se gaba de sua recomendação sobre o Brasil.
” Estamos dentro de 5% do nosso valor justo de US$ /R$ 4,50 para o Real brasileiro, que é o mais próximo que estamos desde março de 2020, ou seja, desde antes do início da pandemia covid. Fechar a lacuna final será mais difícil. Os rendimentos reais dos EUA estão subindo rapidamente, o que está pesando em todas as moedas EM...”
Robin virou uma ameaça para o Mosca? Não acredito. Desde que acompanho o mercado de moedas internacionais no início dos anos 2000, aprendi a duras penas que os modelos econométricos para determinar o valor justo de uma moeda não funcionam, ou melhor, acertam num período curto e erram por um longo período. O gráfico a seguir é uma amostra de como podem desviar de forma significativa de seu valor “justo” que nesse caso é o REER, ou Taxa de Câmbio Efetiva Real.
Pelo que a matéria comenta, Robin esteve errado por um bom
tempo (desde 2020 acreditava que o real era uma boa aposta) e acabou acertando
quando todos apontavam para uma continuidade da deterioração, no início deste
ano — é logico que acabou se destacando. Sinto dizer, mas em algum momento vai
sair de cena quando algo diferente ocorrer (e sempre acontece). Quando isso
ocorrer poderá ainda continuar em outra área, como careca na preferência das
mulheres brasileiras segundo a citação do Vagalume— para esse fim, é melhor
aprender a sambar! Hahaha...
No post o-pessimismo-impera, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Como podem notar no retângulo destacado, o movimento de correção deveria continuar até a segunda quinzena deste mês. A estrutura que eu imagino está traçado com a linha laranja com as letras a), b), c). os níveis variando entre 4.330/ 4.250, onde o mais provável é o intermediário por estar em verde” ...
As hipóteses são amplas como: a alta pode já estar em curso;
ou diferentemente mesmo a opção mais preocupante com novas mínimas.
Essas situações é como andar num campo minado e, mesmo com o
caça-minas, uma pode estourar na sua frente. Tempos difíceis para as bolsas.
O SP500 fechou a 4.462, com alta de 1,61%; o USDBRL a R$ 4,6679,
com alta de 0,35%; o EURUSD a € 1,0789, sem variação; e o ouro a U$
1.949, com queda de 1,44%.
Fique ligado!
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