Maquiavel na política monetária #nasdaq100

 

Vou aproveitar o assunto de hoje para fazer um breve comentário sobre as eleições que se aproximam no Brasil. Essa semana participei de um call do Banco Credit Suisse com o cientista político Murillo Aragão. Uma das perguntas feitas versava sobre por que razão as manifestações a favor do Bolsonaro contam com presença maciça enquanto as do Lula têm apenas meia dúzia de gatos pingados — a indagação foi no sentido de questionar os resultados das pesquisas. Murillo comentou que uma grande parte das pessoas que irão votar em Lula o fazem porque não querem votar em Bolsonaro, algo inverso do que ocorreu na eleição passada.

Essa explicação me levou a duas reflexões: a primeira, que a “garantia” de vitória de Lula, por seu elevado índice nas pesquisas, tem um certo fator de fluidez, ou seja, parte pode não votar nele agora ou no segundo turno — razão da grande preocupação demonstrada pela equipe do PT; a segunda, que o eventual governo Lula seria muito mais Lulinha paz e amor, ou pouca coisa seria aprovada, pois parte de seus supostos apoiadores irão procurar seus interesses próprios e não estarão de acordo com diversas medidas propostas pelo PT.

Voltando ao tema principal, o famoso Nicolau Maquiavel foi um dos principais autores de sua época, o Renascimento, que consiste em um intermédio entre a Idade Média e a Modernidade. Era defensor do absolutismo e de ações duras e austeras por parte de um governante quando necessário. Para Maquiavel, a conservação do poder nas mãos de um bom governante, mesmo que em situações de maior controle, é condição necessária para a conservação da ordem política. Um de seus pensamentos que ficou muito popular é “quando for praticar o mal, fazê-lo de uma vez só.”

Parece que os bancos centrais não adotaram essa ideia quando começaram esse ciclo de aumento de taxas de juros. Por exemplo, o Fed começou com 50 pontos passou para 75 pontos e quiçá arrisque os 100 pontos. Importante notar que a cada momento no tempo era impensável pensar em algo superior. A taxa terminal de juros sobe praticamente todos os dias. Tyler Durden do site ZeroHedge publicou um artigo cujo título é sugestivo: Aterrissando no Terminal 5.

Como Jim Reid, do Deutsche Bank, escreve hoje, "há muitas coisas que errei na minha carreira, e muitas outras que errarei novamente", mas ele certamente está comemorando seu acerto por ter previsto tão bem quão longe o Fed precisará ir neste ciclo para domar a inflação.

Como Reid lembra aos clientes, a visão da casa do economista-chefe do banco nos EUA, Matt Luzzetti, esteve à frente do mercado durante todo o ano, e em abril "O que está na dianteira?" David Folkerts-Landau, Peter Hooper e Reid estabeleceram uma visão mais agressiva, sugerindo que os Fed Funds provavelmente precisariam ficar na faixa de 5-6% para domar a inflação, o que no processo criaria uma profunda recessão em 2023. Embora houvesse descrença da maioria na época, estamos nos aproximando, menos de meio ano depois, cada vez mais do preço de mercado para as taxas máximas dos Fed Funds (atualmente ~ 4,4%, o que realmente torna a recente previsão de Ray Dalio de que as ações cairão 20% se o Fed subir para 4,5%, quando 4,4% já está precificado, uma confirmação de que ele realmente não entende muito sobre mercados).

 De qualquer forma, esta manhã, Luzzetti, do DB, atualizou sua previsão de taxa terminal para 4,9% com base em um artigo onde apresentam duas abordagens para calibrar a taxa terminal apropriada. Ambas as abordagens – comparando a taxa nominal de fundos federais com a inflação e um conjunto de regras de política comum – indicam que uma taxa de fundos federais em ou em torno de 4,5% poderia ser exigida no início do próximo ano... o que também está totalmente precificado agora.



Enquanto isso, levando em conta as considerações de gerenciamento de risco, é provável que seja necessária uma taxa próxima a 5%. Como tal, eles agora esperam que a taxa básica de juros do Fed atinja um pico de 4,9% no primeiro trimestre do próximo ano.

Embora a modelagem que a equipe de Matt expôs na nota seja mais sofisticada, em termos mais simplistas, como mostra o gráfico do dia de Jim Reid de hoje, os fundos federais nominais sempre excedem a inflação no final do ciclo e, à medida que as previsões principais do PCE são atualizadas, isso indica uma taxa terminal que precisa se aproximar de 5% para ser consistente com o padrão histórico.

Assim, apesar do recente aumento acentuado nas taxas de mercado do Fed, Reid conclui que esta análise aponta para um risco ascendente significativo para as expectativas de taxas terminais nos mercados.

Os leitores devem conhecer meu ponto de vista de como se deveria implementar um ciclo de alta de juros. O que acaba acontecendo na maioria das vezes é que o mercado percebe que o juro praticado num determinado instante é baixo — por qualquer motivo que seja — e começa a precificar essas altas nos mercados futuros, ou seja, o efeito para economia já começa a ocorrer e os custo para os empréstimos sobem. O banco central, por sua vez, inicia um processo longo de altas a conta-gotas até atingir o nível desejado pelo mercado, desde que esteja em concordância com a autoridade monetária.

Se a alta é de100 pontos é uma coisa, agora se é de 500 ou 600 pontos, subir de 50 pontos em 50 pontos demora uma eternidade. Por que não sobre os 500 de uma vez? Os economistas dizem que seria um choque muito grande na economia, mas se já está precificado, qual é esse choque? Meu modelo tem o risco de ambos os lados, subir de mais ou de menos. No primeiro caso, pode ser mais problemático, pois aumenta a chance de levar a economia à recessão, no segundo não vejo muito problema pois pode ir se ajustando — desde que não precise subir mais 500 de novo, à la Argentina e Turquia (sem bem que eles têm outros motivos).

Minha sistemática está mais de acordo com Maquiavel, enquanto no sistema atual o sofrimento acaba acontecendo a prestação. O que acham do meu modelo? Se Maquiavel estivesse vivo, eu já teria um voto! Hahaha ...

Hoje foi publicada a previsão do PIB pelo Fed de Atlanta, informação que faz um tempo não tenho trazido (não sei por que motivo!). Se estiver correta, alguma coisa não está andando assim tão bem na economia americana.

No post um-passo-milimétrico, fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: ... “Acredito que as bolsas americanas estão reconquistando parte da queda que ocorreu desde o meio de agosto e que ao terminar voltarão a cair. Como poderão notar, o nível de invalidação ocorre em 12.843” ...


Da mesma forma que o SP500, a nasdaq100 entrou num movimento de queda que pode durar algumas semanas até que termine, naturalmente vão existir muitas idas e vindas, porém sempre com a direção sul. Como poderão observar a seguir, ainda de forma prematura, podemos imaginar que a bolsa poderá atingir entre 10,0 mil (-18%) /9,0 mil (-23%). Não será nada fácil!

- David, por que não vende então?

Já temos posição no SP500, sendo assim, vou esperar uma correção para propor um trade de venda.



Um dos motivos que espero uma queda mais “demorada” tem a ver com razões técnicas dessa onda C em verde, e também pela enorme posição vendida nos mercados futuros.


- David, não entendi! Se a posição é tão grande assim não deveria ser o contrário, cair mais rápido?

Esse pessoal que está vendido já fez suas posições assim sendo não devem vender mais. Desta forma, sua próxima operação é de compra e não de venda. O que eles esperam? Que o público capitule e realize seu prejuízo vendendo as ações que compraram anteriormente, e é nesse movimento que eles esperam comprar, pois se não existir esse movimento e por algum motivo os investidores acreditarem que as coisas irão melhorar, aí esse grupo terá problemas.

Em relação a posição existente estou reticente a realizar o resultado, por um lado espero uma correção que poderia levar o SP500 de volta ao redor de 4.000, por outro cálculo que essa primeira sequência de queda pode levar ao nível de 3.800, na dúvida zerei hoje pela manhã a 3.840. Vamos aguardar a próxima semana. Esse movimento é tático!


O SP500 fechou a 3.873, com queda de 0,72%; o USDBRL a R$ 5,2579, com alta de 0,22%; o EURUSD a € 1,0008, sem variação; e o ouro a U$ 1.674, com alta de 0,65%.

Fique ligado!

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