Um passo milimétrico #nasdaq100
Enquanto o mundo lamentava a morte da Rainha Elizabeth II, o
ECB ontem finalmente resolveu subir a taxa de juros em 0,75%, saindo da zona de
0% ou menos. Mas com a zona do euro observando taxas de inflação ao redor de
10% ou mais, considero esse movimento tímido e atrasado. Jon Sindreu escreve a
respeito no Wall Street Journal, com críticas à autoridade monetária.
O Banco Central Europeu, ao anunciar o aperto mais agressivo
da política monetária em sua história recente na quinta-feira, acrescentou a
declaração usual de que "as futuras decisões sobre política de taxas
continuarão a depender de dados". Mas parece feliz em ignorar a maioria
dos dados.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que as
taxas de juros subiriam para 0,75% a partir de zero, respondendo à inflação da zona do euro que atingiu
9,1% em agosto. Mas o Banco Central também cortou sua projeção para a economia,
que muitos analistas acham que está à beira da recessão devido à atual crise
energética.
O BCE acha que precisa copiar o Federal Reserve e sacrificar
o crescimento econômico para reduzir a inflação. No entanto, ainda não
especificou como os custos mais altos de empréstimos realizarão este último
objetivo.
A primeira das justificativas dos funcionários é que, ao contrário dos EUA, a inflação central que exclui os preços das commodities não se estabilizou. "A energia ainda é, naturalmente, a principal fonte de inflação", disse Lagarde, "Mas também temos uma inflação que se espalha por uma gama maior de setores." No entanto, ela mesma acrescentou que a inflação de matérias-primas provavelmente está por trás disso também, uma vez que os custos mais altos de insumos eventualmente levam a maioria das empresas a elevar os preços. A dependência da Europa no gás russo faz com que esses impactos sejam maiores do que nos EUA, assim como a depreciação do euro.
A presidente do BCE também admitiu que "os dados recebidos e os recentes acordos salariais indicam que as pressões salariais permanecem contidas", dissipando os temores de uma espiral de custos. Apesar da conversa alarmista sobre algumas demandas sindicais alemãs ficarem mais ambiciosas, os salários negociados na zona do euro subiram 2,1% no segundo trimestre. Com o poder aquisitivo despencando, após contabilizar a inflação, pesquisas sugerem que o consumo sofrerá.
Quanto às expectativas de inflação das famílias — muitas
vezes excessivamente enfatizadas pelos bancos centrais como
causa de inflação renitente — a sra. Lagarde se referiu às próprias pesquisas
do BCE, que mostram pouco aumento quando se olha três anos à frente.
Então, o que sobrou? Em um discurso no simpósio do banco central de Jackson Hole há algumas semanas, Isabel Schnabel —tradicionalmente cautelosa e membro do conselho do BCE — levantou pesquisas para apontar que "as pessoas que são alfabetizadas financeiramente" e têm uma visão menos retrógrada da economia melhoraram mais suas expectativas de inflação e afirmaram que "ações determinadas são necessárias para quebrar essas percepções". Não está claro por que as expectativas dos mais bem informados devem importar mais.
Os definidores de taxas mostraram que só se importam com uma coisa: se o número do índice de preços ao consumidor principal está acima da meta de 2% que eles são obrigados a atingir. Não importa se eles têm ou não as ferramentas para atingi-lo. Como apontado por Philippa Sigl-Glöckner, diretor do think tank alemão Dezernat Zukunft, sua rigidez é reforçada toda vez que suas previsões de CPI se mostram muito baixas, mas "isso é lógica circular".
No longo prazo, as perspectivas econômicas provavelmente forçarão
o BCE a parar. Os rendimentos dos títulos públicos alemães
parecem sugerir que as taxas serão em média 1,6% nos próximos 10 anos, o que
parece amplamente apropriado dadas as fraquezas endêmicas da zona do euro.
No momento, porém, com a alta inflação, apesar de não haver
sinais de superaquecimento da economia, as justificativas do BCE para suas
ações tornaram-se escassas. Na quinta-feira, a Sra. Lagarde disse que não sabia
qual deveria ser o nível final das taxas. E ela mais uma vez deixou indefinidos
os critérios sob os quais a mais recente ferramenta de compra de títulos do
BCE, anunciada em julho, será ativada para ajudar nações mais fracas do sul da
Europa: "Não tenho muito mais a dizer", disse ela.
Isso pode se tornar o lema do BCE para a década de 2020.
A Lei de Murphy se aplica com perfeição à Europa: tudo que podia dar errado ocorreu, mas isso não elimina os erros cometidos no passado, quando confiou em Putin para o abastecimento de gás. Com o fechamento do fluxo do Nord Stream, a Europa vai ter que rezar para não fazer muito frio, mesmo assim terão que fazer racionamento, conforme aponta estudo feito pelo Deutsche Bank.
Fico observando a benevolência dos mercados financeiros, como se fosse fácil controlar a inflação. Talvez, com o histórico vivido pelos brasileiros, esse tipo de distorção não apareça por aqui. Roberto Campos Neto deu um recado ao mercado nesse sentido essa semana, ao avisar que não está pretendendo baixar os juros no curto prazo. A estrutura de juros na qual os traders apostam para o futuro leva em consideração que será necessário subir os juros até 2,5% a.a. e pronto — num passe de mágica, a inflação fica controlada.
No postquem-está-certo, fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: ... “Neste cenário alternativo, a queda que se iniciou hoje deveria atingir 12.600 para em seguida ocorrer uma pequena correção, mas depois disso muita queda pela frente” ...
O SP500 fechou a 4.068, com alta de 1,56%; o USDBRL a R$ 5,1463, com queda de 1,29%; o EURUSD a € 1,0043, com alta de 0,50%; e o ouro a U$ 1.714, com alta de 0,46%.
Fique ligado!
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