The King #Ibovespa
O ano de 2022 tem sido desafiador para os investidores
internacionais. Na renda fixa não teve nenhum refresco, no máximo empatou por
um tempinho depois rumou para o sul. Na bolsa, quem tentou dar uma “operadinha”
é muito provável que perdeu dinheiro, só “ganharam” aqueles que se dizem muito
espertos e sempre saem (e entram) no momento certo – tenho certeza de que
conheceram alguém assim. Mas se tem algum ativo que ganhou de goleada, foi o
dólar — estou falando do dólar-dólar,
como o pai de um amigo definia a moeda americana.
Num mundo de inflação ascendente, ter sua moeda valorizada
pode ajudar no combate a inflação, pois os produtos importados ficam mais
baratos – considerando que mantêm o mesmo preço na moeda original — enquanto ao
contrário ficam mais caros nos outros países. Mas Mohamed El-Erian comenta na
Bloomberg que existem efeitos colaterais.
Com os mercados dos EUA fechados para marcar o feriado do
Dia do Trabalho, o índice do dólar subiu para uma nova máxima em três décadas.
Este é um lembrete de que o dólar é um preço relativo, e não
absoluto - ou seja, mede o valor do dólar em relação a outras moedas. Mas isso
também sinaliza que, embora os EUA provavelmente superem outros países na
maioria dos cenários macroeconômicos globais para o próximo ano, os
formuladores de políticas e os participantes do mercado ainda precisam ficar de
olho no que está acontecendo em outras partes do mundo, pois os eventos globais
terão um impacto significativo no bem-estar geral dos EUA.
Na segunda-feira, o índice do dólar DXY valorizou para um nível não visto desde 2001. O movimento foi impulsionado pela fraqueza generalizada em outras moedas, com movimentos particularmente notáveis contra a libra esterlina (que atingiu um novo recorde de baixa em relação ao dólar) e o euro (negociado abaixo de 0,99 por dólar).
O principal impulsionador da força do dólar na segunda-feira
foi mais uma interrupção no mercado de gás europeu, já que a Rússia anunciou
uma extensão do fechamento do gasoduto Nord Stream. Os preços do gás abriram o
pregão europeu 25% mais altos que os de sexta-feira, antes de moderar um pouco.
Com a Rússia usando o fornecimento de gás como arma em reação à restrição do
Ocidente de seu acesso ao sistema de pagamentos internacionais e a sua
definição de tetos de preços de energia, uma paralisação total do fornecimento
altamente prejudicial nos próximos meses tornou-se uma possibilidade
alarmantemente real, se não altamente provável.
Isso ocorre em um momento em que a Europa ainda precisa
elaborar um plano de alocação para minimizar os danos dos preços altíssimos da
energia às vidas e aos meios de subsistência. No entanto, no fim de semana,
diferentes países anunciaram medidas diferentes, e outras virão em breve.
A reação do índice do dólar não deve surpreender. A
sensibilidade da economia europeia a interrupções no fornecimento de gás é
muito maior do que a dos EUA, aumentando a diferença no provável desempenho do
crescimento. O Banco Central Europeu enfrentará compensações ainda mais duras,
pois busca responder a uma taxa de inflação para a zona do euro, que, já em
9,1%, está acima da dos EUA. A mesma questão também está desafiando o Banco da
Inglaterra.
Antigamente, haveria uma reação bastante política a uma
valorização do dólar em 12 meses de cerca de 20% no índice para um nível não
visto em décadas. As preocupações com a perda de competitividade internacional
dos EUA teriam sido acompanhadas de acusações de práticas monetárias desleais.
Hoje não, pois a força do dólar está ajudando os EUA a combater seu problema
imediato de inflação alta e persistente, que está em 8,5%, de acordo com a
última leitura mensal do índice de preços ao consumidor de julho.
Embora os EUA possam se sentir confortados pelo impacto antinflacionário
do dólar em alta, devem se preocupar com o que a força da moeda diz sobre as
perspectivas para o resto do mundo.
Quanto mais e mais alto o dólar subir, maior o risco de
estagflação global mais prolongada, problemas de dívida no mundo em
desenvolvimento, mais restrições ao livre fluxo de mercadorias através das
fronteiras, maior turbulência política em economias frágeis e maiores conflitos
geopolíticos. Tudo isso afetaria a economia dos EUA mais cedo ou mais tarde por
meio de uma combinação de menor demanda por suas exportações, cadeias de
suprimentos mais incertas, perdas financeiras e maiores preocupações com a
segurança nacional.
Os EUA não podem fazer muito para combater diretamente os
motores da fraqueza da moeda em outros lugares. Mas pode – e de fato deve –
fazer duas coisas em resposta.
Em primeiro lugar, deve intensificar o esforço de política
interna para garantir que o desempenho superior (altamente provável) da
economia dos EUA seja acompanhado de salvaguardas contra o desempenho absoluto
decepcionante. Isso, mais importante, envolve o Federal Reserve lutando contra
a inflação de forma mais eficaz, decretando medidas estruturais adicionais
pró-crescimento e pró-produtividade, oferecendo maior proteção aos segmentos
mais vulneráveis da sociedade e aprimorando a supervisão dos não-bancos.
Em segundo lugar, os EUA devem liderar a coordenação com
aliados sobre políticas para conter a escala e o alcance dos danos à economia
global. Há uma falácia na atual tendência de muitos países adotar “seguro
individual” contrachoques globais comuns na ausência de uma cooperação
multilateral adequada. Quanto mais isso continuar, maior será a pressão geral
sobre todos.
Um dólar forte ajuda os EUA a reduzir a inflação importada,
mas está longe de ser uma panaceia. Um choque cambial muito grande corre o
risco de minar e, em alguns aspectos específicos, desestabilizar uma economia
global que ainda não conseguiu lidar totalmente com as consequências do
declínio do crescimento e da alta inflação.
Faz um bom tempo que não publico minha visão do DXY – dólar index que engloba algumas moedas de países desenvolvidos, porém com alta concentração do euro (57%). Como podem observar a seguir, o dólar se encontra no final da alta que iniciou em abril de 2008. Minha projeção é que alcance o nível de 113, aproximadamente 3% acima dos níveis atuais. Depois de completado deve retrair significativamente num período bastante prolongado, provavelmente até o início da próxima década. É bom aproveitar logo, a festa está próxima do final.
No post lucros-com-recessão, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “ Por questões de logica, voou assumir que o cenário de queda seja o mais provável, haja visto que, é dessa forma que estou observando os mercados internacionais. No gráfico exponho os níveis que se consideraria mais apropriado onde o limite estaria entre 104,3 mil/102,1 mil, para em seguida levar o Ibovespa para 115 mil” ...
A queda mais expressiva que ocorre hoje coloca o cenário acima como mais provável. Para que os leitores possam ver mais detalhado, o gráfico a seguir com janela de 2 horas expressa minha ideia. Ainda de forma aproximada antevejo os seguintes intervalos 104 mil/ 102 mil. Depois de terminado esse movimento, uma alta é esperada acima de 117 mil.
Diferentemente do que ocorreu no primeiro período, qualquer
queda agora na bolsa não deveria afetar de forma significativa esse gap, o que
só ocorrerá se os ETF não forem mais tão populares.
O SP500 fechou a 3.908, com queda de 0,40%; o USDBRL a R$ 5,2379,
com alta de 1,67%; o EURUSD a € 0,99020, com queda de 0,24%; e o ouro
a U$ 1.700, com queda de 0,61%.
Fique ligado!
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