Lucros com a recessão #Ibovespa

 

Nem tudo é ruim num ambiente recessivo originado por alta da inflação, embora os investimentos tradicionais tendam a sofrer nessas situações. Os maiores beneficiados são as empresas de petróleo, que incorporam aos seus lucros a alta de preços. De imediato, temos a Petrobras, empresa brasileira que é bem administrada depois da limpeza que ocorreu durante a Lava Jato. O grande problema dessas empresas em países emergentes é a tentação da manipulação nos preços de combustíveis a fim de amenizar a alta da inflação. Esse fenômeno não ocorre nos países desenvolvidos, onde os governos usam os impostos além de sua reserva de petróleo para buscar amenizar os efeitos da alta.

A Gavekal vem orientando seus leitores a investir nesse segmento, e recente relatório aborda os motivos para continuar nessa classe de ativo.

Nos últimos dois anos, tenho argumentado que ações de produtores de energia convencional podem vir a ser a nova classe de ativos antifrágeis). Isso foi por uma série de razões:

1)      Por causa das restrições ESG, o setor de energia tradicional foi largamente abandonado pela maioria dos investidores institucionais. Primeiro, isso significa que as avaliações ficaram profundamente atraentes. E segundo, isso significa que a negociação se tornou menos correlacionada com o mercado mais amplo, mesmo porque os donos de empresas de energia convencional - normalmente gerentes e investidores de peso - pareciam cada vez mais diferentes do resto do mercado de ações.

2)      Em um ambiente inflacionário, e especialmente um em que os bancos centrais continuam a manter as taxas de juros muito abaixo da taxa de inflação, o risco é que os rendimentos disponíveis e os lucros das empresas são espremidos não por aumento nas taxas de juros, mas por alta nos custos de energia.

Reitero isso porque em agosto, voltou a destacar como a energia substituiu os títulos como o principal ativo antifrágil em portfólios. No acumulado do mês, o índice de energia S&P acumula alta de 5,6%, contra recuo de -1,6% para o S&P 500 e uma perda de -3,1% nos títulos do Tesouro dos EUA de 30 anos.

Agora, eu sei que uma imagem vale mais que 1.000 palavras, mas talvez a tabela abaixo tenha sido uma maneira ainda mais eloquente de mostrar o argumento. No acumulado do ano, o setor de energia do S&P apresentou retornos positivos em seis dos oito meses. Títulos de longo prazo deram retornos positivos em apenas um mês em oito, e o amplo mercado de ações em apenas dois meses. Nos dois meses em que o setor de energia caiu, em abril caiu menos do que os títulos ou o mercado de ações, enquanto em junho caiu mais.

Volto a este tópico não porque quero deslocar meu ombro tentando me dar um tapinha nas costas, mas porque uma porcentagem crescente dos ativos mundiais é gerenciada por algoritmos. É certo que muitos desses programas serão limitados por ESG e, portanto, ignorarão os aspectos positivos e não correlacionados do setor de energia e até mesmo retornos antifrágeis. Mas nem todos serão. E assim, à medida que a energia continua a exibir atributos antifrágeis que todo investidor deseja (especialmente na venda pesada após a reunião de Jackson-Hole), os estoques de energia continuarão a atrair fluxos.

Mas quem serão os vendedores marginais de ações de energia? As empresas de energia estão mais ocupadas devolvendo capital aos acionistas por meio de recompras de ações e dividendos especiais do que com a emissão de novos papéis. E a maioria dos investidores de energia dos dias de hoje parece manter suas ações com um zelo religioso semelhante ao dos proprietários de bitcoin há alguns anos (com a diferença fundamental de que, ao contrário do bitcoin, as ações de energia são um ativo produtor de rendimento, portanto, os detentores de ações de energia são pagos para esperar).

Em suma, os fundamentos do setor de energia parecem ter um forte vento de popa, comportamento de preço excelente e avaliações atraentes, mantendo-se um hedge contra desenvolvimentos geopolíticos adversos. E hoje, desenvolvimentos geopolíticos negativos estão vindo rápidos e furiosos, desde tumultos em Bagdá, até rumores de vazamentos nucleares na Ucrânia, a confusão contínua na Líbia e novos bombardeios na Síria.

Hoje, as ações de energia são os novos adereços da equipe de investimento de portfólio.

Para investir nesse segmento, eu recomendaria os mercados internacionais por motivos mencionados no início deste post. Nos EUA existe um ETF com sigla XLE que engloba grande parte das empresas de petróleo. O resultado dessas empresas é fortemente influenciado pelo preço do petróleo. Quais são as previsões do Mosca para essa commoditie?

Eu tenho dois cenários para o óleo, o que eu trabalho com mais provável teria o petróleo terminando uma correção que se iniciou depois de atingir U$ 130 - logo após o anúncio da Guerra da Rússia. Nessas condições se pode esperar uma alta ao nível de U$ 145 apontados no gráfico abaixo. Importante destacar que o petróleo não poderia recuar até U$ 77, caso a correção da onda 4 em verde não tenha terminado.



Enfatizei no passado a grande dificuldade em o mundo se “livrar” do uso de petróleo, cuja população mundial espera ações dos governantes. A Guerra da Rússia no mínimo vai postergar as ações nesse sentido. Mas o grande problema é que as soluções visam mais os veículos que a Indústria e é lá que o consumo é mais expressivo, além das dificuldades de substituição.


No post parceiros-que-comprometem, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “ Com a queda que ocorreu nas bolsas internacionais o Ibovespa recuou até 110 mil, mas está agora beirando as máximas recentes novamente. Até o momento não posso assegurar que uma correção maior está ocorrendo, ou se ainda teria mais uma alta que levaria o índice para 120 mil. Nesta ocasião não tenho preferência por nenhuma delas” ... Até o momento esta decisão não ocorreu.


Por questões de logica, voou assumir que o cenário de queda seja o mais provável, haja visto que, é dessa forma que estou observando os mercados internacionais. No gráfico exponho os níveis que se consideraria mais apropriado onde o limite estaria entre 104,3 mil/102,1 mil, para em seguida levar o Ibovespa para 115 mil.


Em relação ao Brasil dois assuntos formam destacados na reunião da Rosenberg pela manhã: primeiro a situação fiscal que evoluiu de forma muito positiva desde o fim da pandemia. No gráfico abaixo se nota que, o nível de dívida publica em relação ao PIB, voltou ao patamar de antes da pandemia, o que acredito seja uma exceção quando observado os outros países – e mesmo assim o atual Presidente não consegue capitalizar com esses dados positivos, segundo que uma recessão estaria praticamente contratada para o início do próximo ano em razão dos elevados juros praticados.


O SP500 fechou a 3.955, com queda de 0,78%; o USDBRL a R$ 5,1928, com alta de 1,40%; o EURUSD a € 1,0046, com alta de 0,34%; e o ouro a U$ 1.709, com queda de 0,77%.

Fique ligado!

Comentários

  1. A popularidade do presidente do Brasil é proporcional a desvalorização do real frente o dólar.

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