O receio da incerteza #SP500 #EURUSD
Estes últimos meses têm mostrado as discrepâncias que surgem
atualmente, assunto que enfatizei no ano passado, mas que ainda predomina. As notícias
atemorizantes sobre recessão e estagflação que nos inundam não combinam com o
pano de fundo de parte das informações econômicas ou mesmo empresariais.
Eu não me canso de citar a observação dos economistas Daniel
Kahneman e Amos Tversky que uma perda tem efeito emocional muito superior ao um
ganho de mesma magnitude; sendo assim, notícia ruim tem mais espaço e ocupa
nossas mentes mais que notícias boas.
A alta recente das
bolsas americanas vem sendo questionada diariamente por vários analistas. Todo
dia aparece um novo dizendo que a mínima não foi ainda atingida e que os
investidores deveriam aproveitar para se desfazer de suas ações.
Se eu observar o mercado de títulos americanos, que é
gigante e normalmente comandado por profissionais altamente qualificados, a
leitura é quase certo que há uma recessão a caminho: a inversão da curva de
juros entre os papeis de 10 anos contra a de 2 anos está em -40 pontos. Não
importam as discussões se esse é ou não um bom indicador, na leitura deles é
isso e pronto.
Vou colocar alguns exemplos para exemplificar o que estou querendo dizer. No início de cada mês são publicados, entre outros, os dados de ISM de manufatura e serviços. São dois dos indicadores econômicos mais confiáveis disponíveis, fornecendo orientação para profissionais de gestão de suprimentos, economistas, analistas e líderes governamentais e empresariais. Muito bem, existem duas empresas de respeito que publicam indicadores semelhantes: a própria ISM e a Standard & Poors. Vejam a seguir os dados para este mês.
Em seguida, aparecem alguns gráficos cujos comentários induzem a alguma conclusão. No mesmo relatório do ISM é coletado um dos componentes que indicam os preços. É natural supor que como estes evoluem, e considerando uma defasagem até atingir os consumidores, deveria haver uma correlação alta. E havia, mas recentemente se desassociaram totalmente. O analista que publicou deduz que a inflação vai cair, mas já não deveria ter caído antes? (notem que a linha verde já não sobe faz alguns meses, ou vice-versa). Devemos jogar fora esses gráficos porque os preços que são praticados pelas empresas não irão impactar os consumidores? Não tenho resposta!
As maiores empresas dos EUA continuam aumentando seus gastos
em projetos de capital, um sinal encorajador para os investidores em um clima
econômico incerto.
Empresas desde a Google até a General Motors Co. passando
pela PepsiCo Inc. estão entre aquelas que aumentaram os
gastos com itens caros, como imóveis,
equipamentos ou tecnologia, para impulsionar o crescimento. Os investimentos
geralmente visam expandir as operações de rápido crescimento das empresas ou
até mesmo otimizar seus estoques em meio a um ambiente de negócios desafiador,
segundo executivos.
Os gastos de capital entre as empresas do S&P 500 estão crescendo em um ritmo mais rápido do que as recompras de ações pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2021, de acordo com dados analisados pela S&P Dow Jones Índices da temporada de resultados do segundo trimestre.
Com base nos resultados de cerca de dois terços das empresas do índice, as despesas de capital aumentaram 20% em relação ao ano anterior, para US$ 149,8 bilhões, aproximadamente em linha com a taxa de crescimento do primeiro trimestre. Enquanto isso, as recompras de ações subiram 10%, para US$ 160,8 bilhões, e os dividendos aumentaram 14%, para US$ 140,6 bilhões.
O boom de gastos ofereceu uma perna de apoio a um mercado de
ações que foi atingido por preocupações com o aumento da inflação e o ritmo da
campanha do Federal Reserve para aumentar as taxas de juros. O S&P 500 caiu
13% este ano, mas se recuperou 13% de sua baixa em meados de junho.
“Uma das razões pelas quais as ações não despencaram de
jeito nenhum até agora é o aumento do capex”, disse Ben Silverman,
diretor de pesquisa da empresa de pesquisa de investimentos VerityData. “Há uma
sinalização da alta administração de que eles se sentem confortáveis em
gastar dinheiro em vez de acumular dinheiro.”
A última rodada de relatórios de lucros corporativos
ofereceu visões conflitantes sobre a trajetória da economia e se uma recessão
está no horizonte. As pressões inflacionárias aumentaram os custos de tudo, de
alimentos a combustíveis e matérias-primas, pesando sobre os lucros das
empresas e enfraquecendo o poder de compra dos consumidores.
Os investidores continuam a analisar dados mistos sobre a
saúde da economia. O Produto Interno Bruto se contraiu por dois trimestres
consecutivos, uma definição comum de recessão. Ainda assim, os ganhos de
emprego continuam fortes e a taxa de desemprego está se mantendo estável. Os
investidores estão aguardando a leitura mais recente do mercado de trabalho com
o relatório de empregos de julho para sexta-feira.
As empresas do S&P 500 detinham cerca de US$ 1,667
trilhão em caixa e equivalentes em seus balanços no final do primeiro
trimestre, abaixo dos US$ 1,797 trilhão no final de 2021, segundo o S&P Dow
Jones Indices. Esse número exclui os setores financeiro, imobiliário, serviços
públicos e transporte, porque essas empresas normalmente mantêm altas reservas
de caixa.
Outras empresas estão gastando para trazer a produção para
os EUA para conter os desafios persistentes da cadeia de suprimentos que
levaram a atrasos no envio e escassez de produtos-chave, como semicondutores. As
menções de “reshoring” (volta à produção doméstica) durante as teleconferências
de resultados dispararam em 2022, de acordo com o Bank of America.
“Esse será um tema de longo prazo que reflete a realidade de
que há uma oportunidade atraente para… fabricar e construir na América”, disse
Rajesh Nakadi, chefe de investimentos do BNY Mellon Wealth Management Global
Family Office.
Algumas empresas estão apertando os cintos enquanto se
preparam para uma possível recessão. Intel Corp., por exemplo, na semana passada
cortou sua previsão de gastos de capital para o
ano. A fabricante de chips relatou um prejuízo
trimestral surpreendente e seu maior declínio
de receita em mais de uma década,
culpando a queda nas compras de computadores pessoais e atrasos de produtos.
Os desafios trabalhistas provocaram um aumento nos
investimentos em tecnologia de automação, segundo investidores e analistas.
As empresas ainda estão mantendo muito dinheiro de lado,
sinalizando alguma restrição nos gastos de capital, de acordo com Howard
Silverblatt, analista sênior de índices da S&P Dow Jones Indices.
“É um recorde?” perguntou o Sr. Silverblatt de despesas de
capital. “Não, mas são bons números. É definitivamente um trimestre em alta,
apesar das preocupações.”
Pode ser que esse aumento de investimentos tenha a ver com
os problemas geopolíticos que vêm surgindo. Imagino que uma empresa que tem
fabricas na China — a Apple tem várias — deve estar com receio de ficar sem
produto caso um conflito entre EUA e China se intensifique. Pode ser, mas está
difícil de ter uma leitura mais clara. O melhor a se fazer é não concluir de
forma direta o que as relações passadas apontam.
Fiquei preocupado com a minha colocação positiva nas bolsas americanas, pode parecer muito ilógica para os leitores. Também tenho os meus receios, meus medos. Desta forma, me sinto na obrigação de publicar um cenário que não é o meu preferido, mas que pode acontecer, onde uma queda ocorreria dentro em breve.
Obviamente, se ocorrer, fica perigoso arriscar trades de
compra — observado desta forma, um péssimo risco x retorno.
Por isso que eu enfatizo aos leitores a se envolverem
somente com investimentos líquidos, como ETFs do SP500, do nasdaq100 ou do Russell
2000. Não me aventuraria com nenhum outro, nem pensar em fundos de ações, pelo menos
neste momento.
Me sinto mais tranquilo agora, pois não sei se compro uma
recuperação da bolsa a novas máximas, pelo menos com essa confusão de dados do
momento. Vamos navegando conforme o mercado indica.
- Eh David, afinou sem nem começar?
Acho que não entendeu minha estratégia, eu vou sim sugerir
um trade de compra assim que houver uma pequena queda. Em sendo bem-sucedido,
adotamos o stop loss (ninguém sabe se no cenário acima a alta vai
terminar antes) e em tudo dando certo ficarei muito atento na região apontada
4.327 / 4.537, se ultrapassar ótimo, senão caímos fora.
No post o-tunel-do-tempo, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ... “Parece que a queda deverá ganhar pulso o que levaria a moeda única ao nível € 0,977/ € 0,9500. Para que esse objetivo seja alcançado o euro não poderia alcançar € 1,0357, onde eu teria que reestudar” ...
Passei um bom tempo tentando ajustar o cenário do euro e cheguei a algo mais consistente com os últimos movimentos. Eu calculo que o euro está numa correção de menor porte, que levaria ao nível de € 1,0323 / € 1,0338, para em seguida voltar a cair, cujo objetivo seria observado hoje em € 0,989. A correção em que se encontra atualmente deveria ficar contida dentro da banda marcada no gráfico. Essa banda corresponde ao rompimento de uma área que “segura” a moeda única desde 2015 — sendo assim, é esperado que a revisite para em seguida voltar a cair. Nada a fazer.
Fique ligado!
Teremos duas publicações de inflação e uma ata do FED até a próxima decisão sobre o juros. Se, particularmente, o próximo dado de inflação mostrar arrefecimento, devido a baixa das commodities, acredito que a correção se estenderá. Porém, não vejo o porque da China não estimular sua economia em uma situação tão complexa em que sua competitividade como potencia global está sendo testada. Acho que o FED está fazendo pump and dump (em comunicados dúbios, como da ultima coletiva de imprensa) com o mercado, deixando os ativos subirem com alívios de curto prazo enquanto pretende ter uma taxa de juros de médio prazo elevada. Porém, a gente que convive com inflação alta a muito tempo, sabe o risco desse tipo de postura.
ResponderExcluirA primeira publicação da inflação saiu ontem, e embora tenha ficado abaixo do consenso faço meus comentários hoje sobre esse assunto. Sobre a China ela está estimulando sua economia com juros mais baixos e injeção de liquidez, embora não se noticie tanto esse assunto
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