O futuro é incerto #gold #ouro
Vivemos um momento recheado de dúvidas crucias nos mercados,
cujo impacto nos portfolios pode ser significativo. Na verdade, seria
suficiente saber se o Fed vai conseguir trazer a inflação para níveis
satisfatórios sem gerar uma recessão. Cada um de nós pode ter uma opinião sobre
esse assunto; recomendo, porém, que encarem exatamente com esse enfoque, apenas
uma opinião. Naturalmente, somos levados a essa conclusão através da leitura de
relatórios de analistas — e notem que existe um viés, ou seja, acabamos lendo
as que combinam com nossas ideias, rejeitando os pensamentos contrários.
Mas se num passe de mágica fossemos colocados em 2024, como
enxergaríamos os dias de hoje? Barry
Ritholtz relata sobre esse assunto em seu site The Big Picture.
Quando se trata de integrar dados com insights de
investimento, ninguém é melhor do que Ben Carlson. Recomendo as "Exceções
à Regra" de hoje, onde Ben mergulha no detalhe dos dados
conflitantes entre a ação do mercado e os dados de inflação:
Altista: O S&P 500 recuperou metade de
suas perdas do mercado de queda em 2022. Quando isso ocorreu no passado, as
ações nunca voltaram aos níveis mais baixos, e atingiram níveis mais altos em todas
as vezes um ano depois.
Baixista: Todos os picos inflacionários foram seguidos
por uma recessão.
"Qual 'sempre' vai ganhar desta vez?"
Veja o post
do Ben sobre como isso se resolve, e depois volte aqui para a minha opinião.
Vejo o conflito inerente entre essas duas questões como uma
desculpa para refletir sobre alguns truísmos de mercado:
1. A ação do mercado impulsiona a narrativa (não
vice-versa): A ação de preços em torno das reversões de mercado pode ser
confusa. Some-se a isso a tendência humana em relação ao viés de
retrospectiva – acreditamos que antecipamos o que acabou de ocorrer,
quando a verdade é que não tínhamos ideia do que estava prestes a acontecer.
Tempere isso com um pouco de Falácia Narrativa – nossa tendência inerente de criar
um enredo para explicar o que está acontecendo.
Esta é uma receita perfeita para mal-entendidos
fundamentais do que o mercado está fazendo a qualquer momento, ou o que apenas aconteceu
recentemente.
2. O preço contém informações, a menos que não:
Declarada com mais precisão, nossas tentativas de interpretar a ação de preços
podem facilmente nos desviar. Às vezes, o mercado – o julgamento coletivo de
todos os participantes com capital em risco – pode estar nos informando de algo
importante que podemos ter esquecido. Mas, muitas vezes, é apenas um ruído
aleatório.
Tenha cuidado ao supor que sabe o que o mercado está
dizendo.
3. A mudança é permanente: Heráclito
observou: "A natureza é mudança". Isso cria um desafio para os
investidores: Embora o passado possa ser prólogo, a história não pode ser
considerada absoluta. Por isso, as estratégias de investimento devem evoluir
constantemente.
Quando as ineficiências do mercado são descobertas, elas
são arbitradas. *Tudo vem com um asterisco, até mesmo uma reversão para
a média.
4. "Nunca" é uma palavra perigosa: o
corolário do exposto acima. Só porque algo nunca aconteceu antes não é garantia
de que não acontecerá. O mesmo com "Sempre" – só porque algo sempre
ocorreu não é garantia de que acontecerá no futuro. O desafio que isso
apresenta para os investidores é o quão pouco se sabe com qualquer grau de
certeza até depois do fato.
5. A narrativa vencedora sempre foi óbvia:
em algum momento de 2024, vamos olhar para trás no segundo semestre deste ano
com desprendimento mal-humorado. O resultado do debate entre os embates do
mercado de baixa e as recessões causadas pela inflação provavelmente já terão
sido resolvidos até lá. Vamos nos perguntar como uma conclusão tão óbvia foi
perdida em tempo real pelos investidores de hoje.
"Como eles não sabiam que ____ estava prestes a
ocorrer? ____ era tão claro!"
Só que não podiam, porque não era.
O futuro sempre tem lições maravilhosas sobre o passado.
Eles estão precisamente certos sobre o que já ocorreu. O que eles querem dizer
para o futuro é o palpite de qualquer um.
Esse texto foi escolhido para reforçar esses conceitos, mas
principalmente que o futuro é incerto. Hoje começa um simpósio anual do Federal
Reserve, chamado pelo mercado de Jackson Hole, local da reunião. O ápice vai
acontecer amanhã, com a presença de Jerome Powell, Presidente do Fed. Marcus
Ashworth faz comentários ácidos na Bloomberg, sugerindo que os bancos centrais
façam um mea culpa.
Os bambambãs dos bancos centrais do mundo se reúnem
quinta-feira para o Simpósio anual da Reserva Federal em Jackson Hole, Wyoming.
O tema é "Reavaliar as Restrições à Economia e à Política". É preciso
que haja uma reflexão honesta sobre as causas da inflação desenfreada que a
maioria do mundo está combatendo. O histórico de previsão econômica do Banco
Central está em frangalhos, assim como a confiança de que nossos soberanos
monetários sabem o que estão fazendo. Erros esta semana correm o risco de
desencadear estragos no mercado.
Não ajuda que o conceito de orientação antecipada sobre a
política de taxas de juros esteja sendo descartado em favor da dependência de
dados de reunião para reunião. Algo precisa preencher esse vácuo, então o
discurso de abertura do presidente do Fed Jerome Powell na sexta-feira precisa
esclarecer quanto risco o banco central dos EUA está preparado para correr com
a economia para matar a besta da inflação. É simplista dizer que há uma troca
entre o crescimento e o aumento dos preços ao consumidor, mas não vai ser
aceita nenhuma resposta à situação atual que pelo menos não tente dar uma
quadratura para esse círculo.
No fórum do Banco Central Europeu em Sintra, Portugal, em
junho, Powell admitiu que "agora entendemos melhor o quão pouco entendemos
sobre a inflação". Mais franqueza é necessária agora sobre como o monstro
inflacionário foi tão subestimado, e até onde os formuladores de políticas
estão dispostos a ir para sacrificar o crescimento - e os empregos - para
domá-lo.
A reação do banco central global à pandemia impediu uma
grande recessão, mas o estímulo foi deixado em vigor por tempo demais.
Condições financeiras super relaxadas, mercados de ações e preços de ativos explodindo
deveriam ter dado pistas suficientes. Para dizer isso em termos militares, a ampliação
da missão combinada com a falta de planejamento de retirada pós-invasão nos
trouxe até aqui.
Powell foi taxativo em Sintra ao dizer que não controlar as expectativas de inflação representava uma ameaça maior do que a recessão. Em outras palavras, as altas nas taxas de juros continuarão até que melhore a expectativa dos preços ao consumidor. Mas o que isso significa para a política futura? Onde está o limiar de dor do Fed ao sufocar o crescimento econômico e causar desemprego?
A presidente do BCE, Christine Lagarde, não irá novamente a Jackson Hole este ano, então os olhos estarão voltados para a participação de sua colega de diretoria executiva Isabel Schnabel em um painel de discussão no sábado. Em entrevista à Reuters na semana passada, Schnabel enfatizou o risco de expectativas de inflação desancoradas, mesmo que a zona do euro entre em recessão. Ela também mencionou a possibilidade de o BCE discutir em breve um segundo turno de seus programas de QE de 5 trilhões de euros. Isso ocorre porque os juros italianos de 10 anos estão novamente em torno de 3,7%, perto da zona de perigo onde sua carga de dívida se torna menos sustentável.
O Banco da Inglaterra está em uma situação semelhante ao
BCE, com a inflação já em dois dígitos e a complicação adicional da política
fiscal ter sido apertada no início deste ano, mas esta provavelmente será muito
mais frouxa nos próximos meses. O Governador Andrew Bailey vai comparecer a
Jackson Hole, mas não tem fala agendada. Como o BOE está prestes a embarcar em
vendas ativas de seus quase US $ 1 trilhão de participações QE, espero que ele
use seu tempo para conversar com seus homólogos do Fed sobre suas experiências
de aumentar os custos de empréstimos ao mesmo tempo que reduz o balanço.
Retomar o estímulo é complicado, com o dinheiro fluindo
como a água através do sistema global. Os programas de compra de títulos nas
principais economias tiveram um efeito estimulante em outros lugares, por isso
o oposto deve ser um grande risco à medida que o aperto quantitativo começa em
várias regiões. Agora que é hora de tirar a Champagne do balde, vamos esperar
que a união mostrada entre os bancos centrais durante a pandemia seja a mesma—
mas isso precisa começar com uma comunicação clara do que deu errado, bem como
o que precisa ser feito para corrigi-lo.
A perplexidade desse articulista pode se encaixar bem nas
menções feitas por Barry Ritholtz, ao notar que um ano depois da última reunião
as projeções dos bancos centrais estavam todas erradas. Além do mais,
praticamente exige que eles – ou mais especificamente Powell, digam claramente
o que Fed vai fazer, não aceita que o Fed não sabe o que fazer agora. Quer
certeza já que erraram antes!
O Mosca olha de outra forma, mais importante que
avaliar se acertaram ou não suas previsões foi o fato de terem se ajustado com
a realidade e agido no sentido correto, pior seria se tivessem ficado na
“torcida”, como parece ser o caso do ECB.
O mercado está na expectativa do que Powell vai dizer
amanhã, pois os dados de inflação mais recentes deram esperança ao mercado que
o Fed vai parar de subir os juros daqui a pouco e vão até além, esperam um
corte já no próximo ano. Minha leitura é que o Fed vai reiterar seu compromisso
em baixar a inflação e eles sabem que isso não ocorre do dia para noite, porém,
se acabar acontecendo eles aí sim irão diminuir os juros. É isso que comunicou
recentemente ao dizer que não vai mais fornecer guidance (orientação antecipada)
e estará mais dependente dos dados.
No post guarde-champagne, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “Neste momento, existe duas possibilidades como venho reforçando ultimamente: 1) a alta já começou; 2) ainda falta mais um queda. Dessas 2 opções vou considerar a segunda um pouco mais provável que a primeira, embora no curto prazo ambas devam subir” ... ...” O ouro deveria estar terminando a onda (a) em azul, em seguida uma queda para atingir a onda (b) seguida nova alta para atingir U$ 1.864 terminado a onda (c)”...
No primeiro caso, vamos continuar observando o mercado para confirmar
ou não meu cenário, enquanto no segundo esperamos uma pequena correção para
sugerir o trade.
Os leitores de longo prazo do Mosca notaram que tenho
adotado uma política de explicar os movimentos de curto prazo para que entendam
como eu faço minhas sugestões. É verdade que este ano tem se mostrado mais
desafiador, o que limitou o número de trades. A sensação é que estou mais leniente,
mas podem estar certos de que não é este o caso, e sim, um momento de mercado. Também,
o uso do software que adquiri permite com facilidade a observação de diversos
cenários; isso pode ser bom ou ruim, mas está sendo assim.
A situação na Europa em relação à alta dos preços de energia está adquirindo um panorama de bolha. A ilustração a seguir aponta para o custo em cada país. Importante frisar que esses valores no ano passado se encontravam na casa de € 50. Parece como a época que a inflação aqui estava descontrolada. E o ECB implementaram um movimento “forte” de aumento de juros na última reunião levando para 0%! Uauuuuuu.... Madame Lagarde Come on!
Fique ligado!
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