Qual o fator de risco funciona? #eurusd

 

Não sei se os leitores ouviram falar no conceito de fatores de risco, bastante utilizado para identificar o que move os ativos. Segundo a PIMCO, uma das maiores gestoras do mundo, é definido da seguinte forma:

“Os fatores de risco são as exposições de risco subjacentes que impulsionam o retorno de uma classe de ativos (figura abaixo). Por exemplo, o retorno de uma ação pode ser dividido em risco de mercado de ações – movimento dentro do amplo mercado de ações – e risco específico da empresa. O retorno de um título pode ser explicado pelo risco da taxa de juros – sensibilidade do preço a mudanças nas taxas – e risco específico do emissor. E o risco cambial é um fator para ativos denominados em moedas estrangeiras. Ao direcionar a exposição a esses fatores de risco subjacentes, os investidores podem selecionar uma combinação de classes de ativos que ofereçam risco de portfólio mais diversificado”.

Para escolher uma alocação de portfólio e mantê-lo balanceado, é importante conhecer os fatores de risco que determinam cada classe de ativo. Um modelo adorado pelos americanos é o que eles chamam de 60/40, onde se deve alocar 60% em ações e 40% em renda fixa. Estudos sobre essa alocação comprovaram sua eficiência no passado, gerando uma combinação risco-retorno melhor que cada uma das classes individualmente. Quando o juro foi para 0%, porém, e principalmente depois que o Fed começou a subir os juros, uma classe não compensou a outra levando ambas ao prejuízo.

Um modelo da teoria econômica clássica denominado de CAPM – Capital Asset Pricing Model 1 foi e ainda é utilizado para montagem de portfolios. Eu nuca fui muito fã desse modelo porque parte de resultados passados da volatilidade e retorno que nem sempre se materializam no futuro. Sou mais partidário da nova teoria em finanças denominada de Finanças Comportamentais, onde a análise técnica se encaixa bem. Nesse modelo, o conceito de momentum (impulso), em que as ações tendem a manter as tendências de preços recentes no futuro, e essa estratégia aproveita desse fenômeno. Ao usar uma estratégia de momentum, é importante estar ciente do risco de reversões de tendência e de como esse risco pode ser mitigado — é aí que entra a Teoria de Elliot Wave que aplico.

1 O modelo de precificação de ativos de capital (CAPM) é um retrato idealizado de como os mercados financeiros precificam os títulos e, assim, determinam os retornos esperados dos investimentos de capital. O modelo fornece uma metodologia para quantificar o risco e traduzir esse risco em estimativas de retorno esperado sobre o portfólio.

Joachim Klement é um analista que tenho seguido mais recentemente e une a teoria financeira com a prática de mercado. Seus relatos levam em consideração comprovações de suas teses acadêmicas, tornando suas conclusões menos “achismo”. No seu blog Klement on Investing, publicou uma matéria onde analisa os fatores de risco que se mostraram relevantes numa carteira de ações. Detalhe, ele é de origem alemã!

Eu tenho falado sobre a existência ou inexistência de fatores de risco sistemáticos como valor (Value) ou impulso (Momentum) por tanto tempo, que todos os meus leitores já estarão familiarizados com o artigo seminal de Cam Harvey, Yan Liu e Heqing Zhu, onde eles testam mais de 300 diferentes fatores de risco identificados na literatura. Eu acho que me ligo nele uma vez por mês, principalmente quando se trata de procurar efeitos sistemáticos nos dados. Se você usar os mesmos dados subjacentes para todos os tipos de testes, é provável que, na maioria das vezes, você encontre um fator de risco estatisticamente significativo por pura coincidência.

[Nota: Considero da maior importância essa última afirmação, pois hoje em dia somos inundados por gráficos que buscam induzir uma determinada correlação entre dois ativos, ou que repentinamente pararam de se correlacionar. Tenho publicado bastante nesse sentido e enfatizado que na maioria das vezes essas conclusões não são confiáveis.]

O principal problema é que a maioria dos estudos sobre fatores de risco são feitos com os dados do CRSP – Centro de Pesquisa em Preços de Ativos para ações dos EUA. Esses dados têm a tremenda vantagem de serem extremamente abrangentes e extremamente “limpos”, ou seja, os números estão livres de erros e dados ausentes. O problema com os dados do CRSP é que eles cobrem apenas o período de 1926 em diante, então realmente não sabemos se nossas observações são válidas antes disso.

Mas esta também é uma grande oportunidade. Se pudermos identificar fatores nos dados do CRSP e depois testar esses fatores com dados do mercado de ações para os anos anteriores a 1926, podemos criar um teste fora da amostra. Se os fatores também aparecem antes de 1926, isso nos dá uma forte indicação de que esses fatores são reais. Se eles desaparecerem nos dados anteriores a 1926, podemos ter algumas dúvidas sobre eles. Certamente, há muitas razões pelas quais um fator pode não ter existido antes de 1926, já que os mercados de ações eram muito diferentes naquela época, mas se um fator desaparece nos dados anteriores a 1926, devemos pelo menos começar a investigar por que ele desaparece e não apenas descartar a falsidade como irrelevante. Lembre-se: Confie, mas teste a veracidade.

E é aqui que tenho que parabenizar a excelente equipe de pesquisa da Robeco Quantitative Investments em torno de Bart van Vliet por seu trabalho. Eles criaram um banco de dados abrangente de retornos de ações dos EUA e dividendos para os anos de 1866 a 1926. Com base nesses dados, eles podem testar alguns dos fatores de risco mais proeminentes para os sessenta anos anteriores aos dados do CRSP, fatores para ações de pequena e grande capitalização e o total do mercado de ações dos EUA. Quero me concentrar aqui nos quatro fatores mais proeminentes: valor (medido como rendimento de dividendos), momentum (medido como impulso de preço 12M-1M), tamanho (medido como valor de mercado da empresa) e Beta (medido como CAPM beta).

O gráfico abaixo mostra a diferença de desempenho anual entre os 20% de ações superiores e os 20% inferiores das ações por esses quatro critérios. Os resultados que são estatisticamente significativos são marcados com asteriscos.

Devo dizer que adoro esses resultados, porque eles confirmam o que Cam Harvey e sua equipe descobriram. O CAPM não se sustenta nos dados anteriores a 1926. Sim, há uma diferença de retorno entre ações de beta baixo e beta alto, mas não é significativa e muito menor do que o CAPM prevê. De fato, a inclinação da linha do mercado de capitais é de apenas 0,02, ou seja, praticamente não há correlação entre o “risco sistemático” de uma ação medido pelo CAPM e seu retorno.

Infelizmente, também há poucas evidências de que as ações de pequena capitalização superam as ações de grande capitalização. A diferença de retorno entre ações pequenas e grandes novamente não é estatisticamente significativa e a correlação entre o valor de mercado de uma empresa e os retornos do preço das ações é essencialmente zero.

No entanto, os dois fatores de risco sistemáticos que Cam Harvey e sua equipe identificaram como acima de qualquer suspeita em sua análise de trezentos fatores também aparecem como fatores de risco sistemáticos significativos antes de 1926: tanto o valor quanto o momento forneceram desempenho superior estatisticamente e economicamente significativo. Observe que eu não afirmo que isso torna mais forte o argumento em favor de valor e momento. Isso seria um caso de viés de confirmação. Não, tudo o que digo é que não há prova de falsidade para esses fatores de risco neste novo conjunto de dados, então posso continuar acreditando que valor e impulso funcionam.

Mas o fato de o CAPM falhar antes de 1926 e de não haver desempenho superior ao small cap é interessante. Isso não significa que esses efeitos não existam. Mas isso aumenta o peso da evidência contra esses fatores e precisamos entender melhor por que esses fatores não fornecem retornos antes de 1926.

No caso do efeito small cap ausente, eu poderia imaginar que os mercados de ações antes de 1926 eram altamente ineficientes na incorporação de informações sobre empresas ao preço das ações. As notícias viajavam lentamente e o investimento no mercado de ações era um nicho de mercado financeiro com baixa liquidez e muita manipulação de mercado. A falta de liquidez afetou todas as ações, não apenas as small caps. Mas onde não há liquidez, não há incorporação eficiente de notícias nos preços. E isso significa que efetivamente todas as ações, sejam elas grandes ou pequenas, têm preços errados o tempo todo. Isso, por outro lado, pode explicar por que as small caps não tiveram desempenho superior às large caps se o efeito small cap se deve à falta de descoberta de preço eficiente em small caps vs. large caps. É uma possibilidade, mas precisamos de mais pesquisas para entender esse resultado.

Quanto ao CAPM, leitores frequentes saberão que eu absolutamente abomino o CAPM, então não vou entrar em outro discurso sobre essa teoria. Você pode simplesmente dar uma olhada nos meus arquivos para ter uma ideia de porque essa teoria é absolutamente inútil.

Notem a precisão desse analista, que quis comprovar sua hipótese usando dados anteriores a 1926. Do nosso ponto de vista, o cerne de seus estudos leva a conclusões que observei durante todo tempo que atuo nos mercados – mais de 40 anos! Primeiro, que os modelos financeiros clássicos não funcionam; segundo, que o momentum é o fator de risco com maior influência, razão pela qual intuitivamente comecei a usá-lo já faz mais de 20 anos. O que eu não esperava era que o tamanho das empresas não tivesse significância no longo prazo, embora ele também sucinta dúvidas sobre esse período neste aspecto.

Mas vou provocar esse analista, perguntando se poderia fazer uma segmentação de dados após a inserção dos ETF. Não sei se vai indicar alguma mudança, embora sem dúvida, essa nova forma de investimento premie mais as ações grandes que as pequenas — vamos ver. Mas nesse meio tempo fiquem com os gráficos.

No post o-receio-da-incerteza, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ... “ Eu calculo que o euro está numa correção de menor porte, que levaria ao nível de € 1,0323 / € 1,0338, para em seguida voltar a cair, cujo objetivo seria observado hoje em € 0,989. A correção em que se encontra atualmente deveria ficar contida dentro da banda marcada no gráfico” ...


O euro foi ao limite estabelecido acima em € 1,035, ficando dentro da banda definida. Numa janela de 1 hora, cinco ondas de queda está se formando, o que vai permitir a sugestão de trade dentro em breve. No gráfico a seguir aponto o intervalo onde deve surgir essa oportunidade.


No post de ontem comentei sobre a vacância que ocorre nos escritórios “Pela evolução do gráfico, e considerando que já não existem efeitos da pandemia, não parece que irá voltar à normalidade, o que me leva a crer que a maior parcela de funcionários está trabalhando a distância e quer continuar dessa forma”. Ocorre que hoje recebi uma figura com resultados ainda mais surpreendentes razão pela qual resolvi incluir. Como podem verificar, a vacância varia de forma significativa em função de onde se localiza. Por exemplo em Boston é de 17% enquanto em São Francisco 65%, esse último o maior nível de ocupação. Quando observado no tempo, embora seja curto de maio/22 para julho/22, quase não existe mudança, alguns subindo e outros caindo! O que poderia explicar esses resultados?


O SP500 fechou a 4.283, com alta de 0,23%; o USDBRL a R$ 5,1710, com alta de 0,14%; o EURUSD a € 1,0090, com queda de 0,90%; e o ouro a U$ 1.759, com queda de 0,12%.

Fique ligado!

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