Armadilha? #usdbrl
As bolsas terminaram o mês de julho recuperando boa parte
das quedas que ocorreram este ano. As notícias no front econômico não
melhoraram para justificar essa euforia; ao contrário, vários analistas esperam
que as economias entrem em recessão brevemente. O que pode estar acontecendo?
Será que essa alta é a armadilha chamada de bear trap? A esse respeito, Mohamed
El-Erian escreveu um artigo na Bloomberg.
Julho foi uma ilustração do ditado de que "o mercado
não é a economia". As ações dos EUA tiveram seu melhor mês em dois anos,
enquanto a economia recebeu notícias desanimadoras sobre o crescimento e a
inflação. Mas, em vez de ilustrar outro ditado — "más notícias são boas
notícias" — o contraste é um lembrete de que os fundamentos econômicos são
um dos três principais impulsionadores dos preços dos ativos, e sua influência
varia ao longo do tempo.
Com um retorno de 12% apenas em julho, o Índice Composto
Nasdaq recuperou mais de um terço das perdas incorridas no brutal primeiro
semestre de 2022. Os outros índices menos voláteis também tiveram um mês forte,
reduzindo as perdas do ano até o momento para 10% e 13% para o Dow Jones
Industrial e o Índice S&P 500, respectivamente.
As boas notícias não se estenderam à economia. Pelo
contrário, na verdade.
Julho foi repleto de notícias preocupantes sobre a inflação
alta (9,1% medida pelo índice de preços ao consumidor para junho), crescimento
negativo do PIB (-0,9% no segundo trimestre), queda da renda real e diminuição
da poupança das famílias. Uma empresa atrás da outra alertou que o impacto
prejudicial da inflação em seus custos estava agora cada vez mais acompanhado
de preocupações com a receita, com o aumento dos preços destruindo a demanda
por alguns bens e até mesmo serviços, embora menos por enquanto.
Os políticos, em oposição à maioria dos economistas que adotam
uma definição mais holística do conceito, debateram com vigor se os EUA estão
em recessão. Com as pesquisas de "recessão" já surgindo no Google,
isso se soma à probabilidade de uma abordagem de gastos mais cautelosa por
parte das famílias e empresas — com a métrica de inflação preferida do Federal
Reserve, o índice de preços das despesas de consumo pessoal, subindo a um nível
inédito desde janeiro de 1982.
Não é à toa que o Fed, lutando para controlar a narrativa
política e buscando reduzir maiores danos à sua credibilidade já danificada,
elevou as taxas de juros em 75 pontos-base numa economia enfraquecida — isso
com os mercados cada vez mais precificando a probabilidade de uma virada de
taxa em 2023 por causa de uma recessão induzida pelo Fed.
As notícias preocupantes não se limitaram à economia dos
EUA. Também foram globais.
Em sua atualização periódica de sua visão econômica
mundial, o Fundo Monetário Internacional descreveu as perspectivas da economia
global como "sombrias e mais incertas". O FMI cortou suas projeções de
crescimento para 2022 em 0,4 pontos percentuais para 3,2%, um montante
significativo para uma revisão no meio do ano e 0,7 pontos percentuais para
2,9% para 2023. Também revisou suas previsões de inflação e alertou para
possíveis problemas financeiros e de dívida.
Tendo trabalhado no fundo por 15 anos antes da minha
carreira, posso garantir que os funcionários de lá não usam palavras como
"sombrio" de forma leviana. E as palavras são apropriadas, dado que
os dados contracionistas deste fim de semana para o setor manufatureiro da
China confirmaram que todas as três regiões sistemicamente importantes do mundo
— China, zona do euro e EUA — estão desacelerando significativamente ao mesmo
tempo.
Uma interpretação do contraste marcante entre a economia e
os mercados em julho é que as más notícias econômicas levarão o Fed a pausar
seu aperto monetário mais cedo e, em seguida, reduzir rapidamente as taxas de
juros e talvez até mesmo suspender seus planos de enxugamento — retornando
assim a um padrão político que, durante anos, afrouxou as condições financeiras
e levou os ativos a preços mais altos. De fato, as ações tiveram sua maior alta
pós-reunião do Fed, com a resposta dos operadores à observação do presidente do
Fed Jerome Powell, não escrita no comunicado, de que as taxas de juros estão
"neutras" — um comentário que, de forma inconsistente com as outras
observações de Powell naquela conferência de imprensa, contribuiu para um riso
geral quando, mais tarde, na conferência de imprensa, ele disse que o Fed não
queria contribuir para a volatilidade do mercado.
A maioria dos economistas questionou a observação pessoal
de Powell. Do ponto de vista econômico, institucional e de mercado, teria sido
muito melhor para Powell manter o roteiro dado a ele em vez de se aventurar em
uma declaração que Larry Summers, o ex-secretário do Tesouro, descreveu na Bloomberg Television como
"analiticamente indefensável" e "inexplicável". No entanto,
sem roteiro, o deslize analítico de Powell serviu como uma faísca para os mercados que foram condicionados por anos
de enormes e previsíveis injeções de liquidez do Fed.
Não deve ser surpresa que os mercados sejam tão sensíveis a
qualquer indício de retorno ao regime político super estimulante e abundante em
liquidez. No entanto, a inflação central alta e potencialmente renitente limita
muito a capacidade do Fed de voltar a tal regime tão cedo.
Há uma maneira melhor de pensar sobre o contraste de julho
entre o mercado e a economia, a de que os preços dos ativos são sensíveis a
três influências gerais: fundamentos, incluindo o impacto da economia sobre os
ganhos corporativos; técnicos, incluindo a quantidade de liquidez global no
sistema, caixa em carteiras de investimento e nível geral de tomada de risco; e
avaliações relativas, sejam elas históricas ou entre ativos. As duas últimas
influências impulsionaram a alta de julho diante da deterioração dos fundamentos.
Dada a quantidade de liquidez que foi injetada nos últimos
anos, muito dela ainda está se espalhando. O nível de participação em caixa dos
investidores tem sido alto, e a disposição de assumir riscos ainda é
considerável quando acende uma luz verde.
Tudo isso ocorre quando as avaliações de ações se tornaram
mais atraentes, com algumas ações individuais particularmente proeminentes,
embora seja um conjunto relativamente pequeno, negociando a níveis
surpreendentemente baratos. As ações também se beneficiaram da crescente crença
do mercado de que, com a economia desacelerando tão rapidamente, os rendimentos
dos títulos caíram no último mês e meio para níveis notavelmente menos
atraentes, especialmente com uma inflação tão alta.
Isso não quer dizer que os fundamentos não terão influência
daqui para frente. Muito dependerá da resposta a duas perguntas: quão resistente
será a inflação no caminho para baixo, e quão profunda será a possível
recessão, e nenhuma das quais pode ser respondida ainda com um grande grau de
confiança.
Nitidamente, El-Erian não comprou a ideia de que as ações
deveriam subir. Seus argumentos para justificar a alta são clichês que se pode
encontrar por aí. Porém, do ponto de vista técnico, parece que a correção
terminou, como comentei na última sexta-feira — e existiram razões fundamentais,
comentadas pelo Banco Goldman Sachs.
Após dois trimestres negativos de crescimento do PIB e um colapso na pesquisa de confiança dos CEOs, a economia desacelerou além do saudável para uma contração total? Os resultados financeiros corporativos e as orientações de gestão indicam o contrário: com quase três quartos de seu valor de mercado agora divulgado, os lucros do S&P 500 aumentaram 9% ano a ano, 52% dos relatórios superaram as expectativas de consenso em 1 desvio padrão e as receitas estão crescendo em cada setor. Mesmo excluindo o setor de energia com desempenho superior, as receitas do S&P subiram 3,8% em termos reais, acima do ritmo médio de 2,6% desde 1970 e comparado a uma queda média de 1,2% no primeiro trimestre de recessões (esses dados são todos preliminares, e notamos que muitos varejistas relatam em agosto). Os fundamentos do mercado de crédito também são tranquilizadores: os defaults de alto rendimento estão bem abaixo da média, sem falar nos níveis típicos de recessão.
Olhando para o futuro, a orientação da administração é
consistente com o crescimento contínuo da receita no terceiro trimestre, e as
expectativas de capex para o ano inteiro aumentaram um pouco desde o
início da temporada de resultados.
Eu não tenho ideia de quem estará certo na sua projeção — acho
que eles também não têm muita ideia — se a economia vai entrar em recessão ou
não. Ainda não é de suma importância saber essa resposta, já que uso a análise
técnica como ferramenta. Sobre os mercados estarem preparando uma armadilha
para quem se aventurar a comprar agora, também não sei dizer — existem opções
técnicas que indicariam essa situação. No curto prazo, busco uma oportunidade
de entrar com um bom risco x retorno.
No post sinais-confusos, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” Nessa nova configuração o dólar deveria atingir entre R$ 5,80/R$ 5,91” ... ...” a mini correção em andamento deveria estancar ao redor de R$ 5,32/R$ 5,27, o que não pode ocorrer é violar o parâmetro denominado de stop loss a R$ 5,2095” ...
O dólar violou o nível de R$ 5,2095, deixando agora duas opções daqui em diante, uma contemplando ainda novas altas e outra que voltaria ao cenário de novas quedas. Com isso em mente, ficou muito difícil optar por uma delas, embora no curto prazo, ambas são de quedas. Vou explicar cada uma delas e já adianto que neste momento não tenho preferência que justifique algum trade.
Vou explicar cada uma delas e já adianto que neste momento não tenho preferência que justifique algum trade.
A) Volta ao passado – Os leitores devem se recordar meus posts onde eu havia imaginado que o dólar cairia abaixo de R$ 5,00, mas que o movimento se daria segundo uma correção do tipo A, B, C. Pois bem, nessa situação a onda B terminou ao atingir R$ 5,51 em julho e agora estaria na descendente rumo a R$ 4,38 conforme se poderá notar a seguir. Notem que o gráfico tem janela semanal.
B)
Alta complexa – Embora a violação do nível de R$
5,205 inviabilize uma configuração standard de alta, não inviabiliza uma onda 5
de forma diagonal, como apresentado no gráfico a seguir com a linha azul. Nesse
caso, a alta teria como objetivo o intervalo destacado no retângulo entre R$
6,06/R$ 6,18. O gráfico está com janela diária.
- David, pretende tirar mais férias? Minha pergunta se deve a essas análises. Você sabe bem que seus leitores precisam de uma orientação no dólar!
Entendo sua angústia, mas neste momento é o que antevejo
para o dólar. Poderia adiantar alguns pontos: pequena preferência para a opção
A); caso o dólar caia abaixo de R$ 4,6849 a opção B) fica eliminada. As outras
observações em função do shape de andamento ficam melhor com o acompanhamento
do Mosca.
O SP500 fechou a 4.118, com queda de 0,28%; o USDBRL a R$
5,1784, com alta de 0,10%; o EURUSD a € 1,0255, com alta de 0,36%; e o ouro a
U$ 1;771, com alta de 0,33%.
Fique ligado!
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