Comprar ou vender? #nasdaq100

 

Assim como a bolsa brasileira, as bolsas americanas subiram consideravelmente desde as mínimas e chegaram a um ponto onde será necessário definir se ocorreu o que se chama de Bear market rally – uma alta num mercado de baixa – ou se uma nova tendencia de alta está surgindo. Com uma alta de 16% no SP500 e 22% no Nasdaq100, desde as máximas, ambos estão praticamente no meio do caminho entre esses dois extremos.

Durante esta alta, eu publiquei diversos indicadores que revelavam um extremo pessimismo, mas a definição se o mercado vai voltar a cair ou não é fundamental para os investidores se posicionarem. Um artigo de Robert Burgess na Bloomberg aponta os motivos que sugerem que as quedas terminaram.

Assim como nos velhos tempos. É assim que deve parecer, com o índice S&P 500 subindo desde meados de junho e pronto para seu quarto ganho semanal consecutivo, sua sequência de vitórias mais longa do ano. Aqueles que questionam a durabilidade desse rali, dada a desaceleração da economia e um Federal Reserve que dobrou sua aposta de continuar aumentando as taxas de juros, podem se consolar com uma métrica chave: o dinheiro esperto.

Isso pode ser visto no Smart Money Flow Index, que mede os dados no Dow Jones Industrial Average mais detalhada durante a primeira meia hora e a última hora de negociação. A ideia é que os primeiros 30 minutos representam compra emocional, impulsionada pela ganância e medo da multidão, com base em boas e más notícias, bem como muita compra com ordens a mercado e cobertura de vendas a descoberto. Os investidores institucionais do “dinheiro esperto”, no entanto, esperam até o final do dia para fazer grandes apostas quando há menos “ruído”.

Esse indicador subiu para seu nível mais alto em dois anos, quando a exuberância selvagem mandava em Wall Street e o S&P 500 estava superando suas máximas pré-pandemia, provocando um dos mercados de alta mais poderosos da história. Poucos estão prevendo um desempenho igual, mas os padrões de negociação mais recentes devem fornecer alguma confiança de que as vendas impiedosas do primeiro semestre do ano, que empurraram as ações para um mercado de baixa, podem ter acabado.

‎As razões para a retomada são claras. Os preços da gasolina caíram todos os dias desde que atingiram US$ 5,016 o galão em 13 de junho, caindo para US$ 3,99 em meio a um amplo declínio nos preços das commodities e aliviando a pressão substancial sobre os consumidores. As empresas reportaram resultados sólidos no segundo trimestre. O mercado de trabalho permanece extraordinariamente ativo, com‎ ‎ 528.000 empregos adicionados‎‎ em julho, mais que o dobro da estimativa mediana em uma pesquisa da Bloomberg. Há até otimismo de que‎ ‎ talvez a inflação tenha atingido o pico‎‎ e começará a desacelerar depois que o governo disse esta semana que seu índice de preços ao consumidor estava inalterado em julho em relação ao mês anterior. ‎

‎Tudo isso está reforçando o argumento para o chamado pouso suave da economia, no qual o Fed é capaz de continuar a elevar as taxas de juros, ainda que mais lentamente, para voltar a manter a inflação sob controle sem causar uma recessão profunda, longa e desagradável. "Tal moderação nas mensagens e ações do Fed seria positiva" para as ações, escreveu David Kelly, estrategista chefe global do JPMorgan Asset Management Inc., em uma nota de pesquisa no início desta semana.‎

É certo que esta é apenas uma métrica, mas o aumento do Smart Money Index foi corroborado por outra medida chave. O State Street Global Markets, que tem cerca de US $ 38 trilhões de ativos sob custódia ou administração, disse que seu Índice de Confiança de Investidores da América do Norte teve em julho seu maior aumento desde fevereiro, colocando-o ‎ ‎de volta em território de alta‎‎. A razão pela qual essa medida vale a pena ser feita é porque é derivada de negociações reais em vez de respostas de pesquisa.‎

‎Tudo isso não quer dizer que não haja pela frente muitos ventos contrários para as ações. Por um lado, ainda falta bastante para o Fed parar de aumentar as taxas de juro. Matthew Boesler, da Bloomberg News, informa que o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, que antes da pandemia era o formulador de políticas mais leniente do Banco Central, disse na quarta-feira que quer ver a taxa de juros de referência do Fed ‎ ‎em 3,9% até o final deste ano‎‎ e em 4,4% até o final de 2023. Agora está em uma faixa de 2,25% a 2,50%. ‎

‎O ponto sobre taxas mais altas é que elas podem se traduzir em avaliações mais baixas para as ações. Mais especificamente, a simples análise de fluxo de caixa com desconto mostra que taxas de juros mais altas tornam os ganhos futuros menos valiosos no presente, tornando difícil justificar os múltiplos atuais elevados para ações sem forte crescimento de lucros. O problema, porém, é que as avaliações não estão baratas após a recente recuperação, e os lucros, embora ainda possam subir, não podem ser considerados fortes. Com 18,6 vezes os ganhos previstos para este ano, o S&P 500 está sendo negociado em níveis mais alinhados com uma economia robusta em vez de uma lutando para evitar a recessão. E por volta de US$ 227, o componente de ganhos do S&P 500 para este ano deve ser superior a 2021 em apenas cerca de 8%. ‎

Quando se trata do mercado de ações, não há nenhuma receita secreta (legal) que possa determinar definitivamente a direção das ações. No final, todos basicamente só querem saber o que os mais espertos estão fazendo com seu dinheiro para que possam imitar essas estratégias. Neste exato momento, o dinheiro esperto está mandando comprar. ‎

Os argumentos parecem interessantes, embora por exemplo, em relação ao Valuation observado sob outra métrica, o Price-to-Book Ratios — preço em relação ao valor contábil —, as ações não pareçam tão baratas assim. No gráfico a seguir, separado por quartil, a discrepância entre eles é bastante significativa, deixando um argumento de que pode estar barato, mas também pode estar caro, dependendo do quartil.



Unicamente com esses argumentos, não me sentiria confortável em mergulhar na compra, esses compradores “espertos” podem mudar de direção ou parar de comprar de forma rápida, o que levaria a uma retração de preços. Esse dado também é conflitante com a posição dos hedges funds, que apresentam posições vendidas muito elevadas, serão eles menos espertos?


No post o-banco-acionário, fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: ... “O gráfico a seguir contempla meu cenário mais provável no curto prazo e pretendo colocar um trade de compra apontado com o sinal em verde ao nível calculado de 12.700” ...


Nada feito ainda, o índice da bolsa, quando observado numa janela menor, parece estar no final do último estágio da alta mais recente; nestas condições só nos resta esperar, além do mais será muito instrutivo, e mais adiante vou explicar o porquê no cenário alternativo. O gráfico a seguir apresenta o que espero na entrada da compra.


Mas nem tudo pode ser tão cor-de-rosa e vai depender de como será a queda depois de terminada esta alta. No gráfico a seguir, apresento um cenário alternativo. Nesse gráfico destaquei uma área que denominei de “região que se adentrada requer um cuidado grande” — é um nível de stop loss.


O leitor poderá notar que os dois gráficos são bastante semelhantes no início da queda, porém divergem logo em seguida, e é aí que mora o perigo. Se a queda for “pequena”, tudo indica que estamos novamente num mercado que vai dar continuidade à alta das bolsas que prevalecia até o ano passado (cenário base), caso contrário, ainda existe uma queda a ser cumprida (cenário alternativo).

Como podemos nos posicionar? Tudo vai depender de como a queda se desenvolve, e do nível em que vai parar. Se estiver dentro dos parâmetros do primeiro gráfico, ao redor de 12.725, e começar a subir ultrapassando 13.700, significa boas notícias e o teor do artigo de hoje é positivo; caso continue a cair e adentre na região destacada, vou ficar desconfiado, mas a confirmação só ocorre abaixo de 12.176, pois vai violar uma das três regras básicas de Elliot Wave.

Hoje pela manhã fiquei pensando em como esse ano tem sido difícil. Existem mais dúvidas que certezas. Nada poderia ser diferente nos mercados —afinal, ele espelha a atitude dos investidores. Situações como essa são expressas em termos de gráfico como correções. Não é surpresa portanto que tenho sugerido poucos trades.

Nesses momentos – correções de prazos mais longos – o sentimento de frustração é quase que permanente, ficando na maior parte das vezes a sensação que se perdeu o barco. Pior ainda se resolver entrar na tendência atual e ser stopado logo em seguida. É realmente um desafio à disciplina.

O ideal nessas situações é operar no curto prazo de forma rápida, com stop loss adequado. Essa maneira não é apropriada ao Mosca — não teria como avisar os leitores com rapidez. Espero manter essa atitude e somente propor trades que apresentam boas condições de retorno e não me deixar levar pela ganância, esperando que os leitores entendam que é um momento temporário aguardando um sinal de tendência mais claro.


O SP500 fechou a 4.280, com alta de 1,73%; o USDBRL a R$ 5,0714, com queda de 1,68%; o EURUSD a € 1,0255, com queda de 0,58%; e o ouro a U$ 1.800, com alta de 0,60%.

Fique ligado!

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