O "Espadão" #nasdaq100
O Mosca passa por verificação diária de seu texto. Como comentei anteriormente, esse trabalho é feito por Alberto Dwek, um velho amigo de mercado que conhece a fundo a área financeira além de ter elevada qualificação acadêmica – MBA em Harvard não é para qualquer um! Alguns meses atrás, resolveu experimentar outros mares e se mudou para o exterior – feliz ele de não ter que votar nesse final de semana, evitando tomar uma decisão sem opção.
Nesses últimos tempos, nossas conversas se dão por
WhatsApp ou eventuais Zoom, mas isso não impediu que continuasse com esse
trabalho que, diga-se de passagem, é muito bem remunerado! Hahaha ...
Esta semana ele trouxe um artigo que achou interessante
para ser base de um post, e hoje, depois da tensão que passei estes dias, tive
uma ideia. Por que não dividir a tarefa do Mosca? Ele escreveria a parte macro
e eu complementaria com a análise técnica. Ele topou, e a parte inicial do post
de hoje foi escrita por ele. O intuito é diversificar os assuntos, acredito que
gostem.
Espero que essa dobradinha possa evoluir, pois acredito
que só irá enriquecer o conteúdo. Concorrência, a alma do negócio.
Ainda no século passado, numa dessas reuniões em que
analisávamos currículos de candidatos ao cargo de diretor comercial, um deles
destacou-se dos demais e fez a alegria de quase todos, o homem realmente era
uma história de sucesso. Digo “quase” porque fui o único a manifestar
preocupação quanto ao risco de contratar aquele candidato. Meu raciocínio era
simples: no histórico dele só havia vitórias. Como iria ele reagir caso
falhasse? O que faria ele no caso de uma eventual decisão errada? Resumindo:
qual seria o efeito de um erro em quem só conhece o acerto?
A diretoria em peso aprovou essa contratação, uns dizendo
que o retrospecto vitorioso falava por si, outros desmerecendo minha
preocupação como simples manifestação de inveja. O fim da história eu conto
depois, mas é a que me veio imediatamente à lembrança quando li o artigo de Ben
Carlson sobre a frase de Kanye West, o famoso rapper, que rompeu sua parceria
com a Gap.
Quando lhe
perguntaram o que tinha dado errado com a parceria, Kanye respondeu: “Não vou
discutir sobre dinheiro com gente mais dura que eu.”
É uma
frase de efeito. É meio engraçada. Também é um péssimo conselho.
Eu entendo
por que Kanye pensa isso.
Todo mundo
diz para o cara que ele é um gênio da música. Ele gerou bilhões de dólares no
acordo que ele fez com a Adidas. O cara é um bilionário. Por que é que ele um
dia ouviria conselhos de pessoas que não são bilionárias?
Eu tenho
alguns pensamentos a respeito:
Mesmo
os melhores no que fazem contam com outros para melhorar. A ideia de que você pode fazer
sucesso suficiente que não precise mais de conselho alheio é uma receita para o
desastre.
Os maiores
atletas de todos os tempos usam técnicos, treinadores, nutricionistas e
empresários para ajudar em seu sucesso.
Michael Jordan tinha Phil Jackson.
Tom Brady tinha Bill Belichik.
Tiger
Woods tinha vários técnicos de golfe.
Serena
Williams sempre teve um técnico de tênis.
Conheço
conselheiros financeiros que têm seus próprios conselheiros financeiros.
Competência
não vem de um patrimônio específico, um nível de QI, idade ou grau de
experiência. Só porque você teve sucesso não significa que você tem de parar de
ouvir quem não é tão bem-sucedido quanto você.
Nada
fracassa tanto quanto o sucesso.
Dá para defender o argumento de que você deveria procurar mais conselhos dos
outros quanto mais você tiver sucesso. Nem que seja porque é bom ouvir uma
ampla faixa de pessoas para ter certeza de não ficar muito convencido.
Um estudo
sobre persuasão deu um conjunto de perguntas difíceis sobre mercados e
investimentos para dois grupos distintos. Um tinha sido vítima de fraude
financeira e o outro não.
Surpreendentemente,
o grupo que tinha levado golpes financeiros respondeu melhor que o grupo que
não tinha sido vítima de fraude. Os autores do estudo concluíram: “Todo mundo é
enganado. Mas são os mais sofisticados que se deixam enganar mais.”
Por que
acontece isso?
Em uma
palavra — excesso de confiança.
Pessoas
bem-sucedidas tendem a tomar decisões ruins porque tiveram sucesso.
Médicos e
engenheiros frequentemente não são bons em investimentos. Eles supõem que seu
sucesso e inteligência num campo deveriam automaticamente se traduzir nos
mercados, muitas vezes com resultados desastrosos.
O problema
com o hiper sucesso é que você acaba acreditando que só você é responsável por
ele, sem perceber o quanto de sorte, circunstâncias e bom timing você
precisou.
Não estou
dizendo que pessoas bem-sucedidas não trabalham duro. Muitas trabalham muito
duro. Mas o simples sucesso numa empreitada não garante sucesso em outra.
Especialistas
são muitas vezes prisioneiros de seus preconceitos. Philip Tetlock é um
especialista em especialistas, tendo estudado durante anos as previsões dos experts
em política, economia, mercados e outros.
Tetlock
achou cinco formas de que os preconceitos moldam a visão de realidade dos
especialistas:
1.
Eles
podem convencer a si mesmos de que podem fazer coisas que não conseguem.
2.
Eles
relutam em admitir quando estão errados e em mudar de ideia.
3.
Eles
pecam pelo viés de retrospecto (eu sabia o tempo todo).
4.
Eles
pecam pelo viés de confirmação (só procurando provas que sustentam suas mais
firmes opiniões).
5.
Todos
somos criaturas que procuram padrões, eles também.
Todos são
passíveis de ter um viés comportamental, mas há duas formas de que eles se
manifestam.
Com
pessoas que não sabem nada, é a ingenuidade que lhes causa problemas. Com os
que sabem demais, sua negligência é muitas vezes causada pelo fato de serem tão
inteligentes.
Josh Wolfe
sempre diz: “O fracasso vem do fracasso em imaginar o fracasso.”
Mesmo os
mais bem-sucedidos fracassam de vez em quando.
A
autoconsciência é a primeira que se vai quando você fica famoso. Jon Hamm e George Clooney já
declararam que se consideram sortudos por ter encontrado o sucesso tão tarde na
vida.
Hamm
disse: “A estrada para a celebridade está cheia de pessoas que conseguiram
muita coisa cedo demais e não estavam equipadas para dar conta disso.”
Jason
Zweig perguntou ao lendário Peter Bernstein, estudioso dos investimentos, quais
as coisas mais importantes que ele havia tido de desaprender na carreira dele:
Que eu sabia o que o futuro
continha, eu acho. Que dá para entender este negócio. Quero dizer, Fiquei cada
vez mais humilde em relação a isso e confortável com essa ideia. Você tem de
entender que errar faz parte do processo. E eu tento ficar quieto nas ocasiões
sociais. Você tem de continuar aprendendo que você não sabe, porque você
vai achar modelos que funcionam, jeitos de ganhar dinheiro e aí eles vão pelos
ares. Sempre tem alguém por aí que parece esperto. Eu aprendi que os que
parecem os mais espertos não vão dar certo. Não conheço ninguém que largou os
investimentos para virar engenheiro, mas conheço um monte de engenheiros que
largaram a engenharia para virar investidores. É simplesmente um infinito
desafio.”
É por isso
que o aprendizado deveria ser a conquista de uma vida inteira. Desse jeito você
continua descobrindo o quanto você não sabe.
O final da história que contei no início? O diretor foi contratado. Após os primeiros meses de sucesso graças a um mercado aquecido, teve de encarar a redução das vendas por um problema que lhe parecia insolúvel, e simplesmente pediu demissão. Ou seja, desistiu sem lutar — comprovando a tese de que só ter sucesso pode fazer mal.
A ilusão do poder é uma coisa difícil de resistir. A História está
cheia de exemplos de líderes que se julgaram invulneráveis ao erro e
demonstraram uma impressionante capacidade de colocarem tudo a perder por pura
teimosia e excesso de confiança. E, em relação ao mercado financeiro, todo
cuidado é pouco quando conseguimos bons resultados e os deixamos subir à
cabeça. Acertar é bom, mas se fizer de você uma pessoa surda aos conselhos dos
outros, melhor começar a errar.
Errar não é somente humano, mas pode ser simplesmente necessário
para realmente ser bem-sucedido.
Para quem não sabe o que é o “Espadão”, termo usado entre os
traders, é aquele cara que sempre acha suas posições corretas e numa discussão
sobre o assunto detona a ideia do outro, mais ou mesmo o que Bolsonaro tenta
fazer com seus oponentes — mas o faz sem classe, o Espadão é mais safo.
Poderia terminar esse assunto reforçando a frase que se encaixa e
usei em diversas ocasiões: ninguém é bom em tudo.
Uma ilustração que completa o assunto de hoje identificando o que podemos controlar e o que não podemos. Poderia ser encaminhado a Kanye West se tivesse a humilde de observar notaria que tudo que ele se “acha” está na área do que não se pode controlar.
No post __- beirando o precipício ---- fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: ... “O objetivo se encontra entre 9.950/9570. Se minha premissa estiver certa, esses patamares deverão ser atingidos no final do ano” ...
O Mosca tinha uma posição vendida na bolsa americana que em virtude dos problemas que ocorreram com os sistemas essa semana decidiu liquidar todas as posições. A razão não foi originada pelos mercados, mas eu não poderia continuar num voo cego.
Observado de agora eu visiono 2 possibilidades para a nasdaq100:
uma com queda mais branda e outra com queda mais elevada.
Vejamos o primeiro caso: Nesse cenário a bolsa deveria atingir uma mínima entre 10.640/10600 conforme apontado no gráfico abaixo com o símbolo em verde. Notem que nessa situação o potencial de queda adicional seria da ordem de 4,5%.
Já a outra opção a queda deveria se situar entre 9.560/9.420 acarretando uma perda de 13,5%. Embora para os leitores não exista uma aparente diferença entre ambas, apenas nos níveis, para quem conhece Elliot Wave pode perceber que a correção que ocorre desde o começo do ano, no primeiro caso é denominado de Complex Correction (Triple Combination) enquanto no segundo Zig-Zag.
Essa semana pude notar a falta que o software faz na minha vida. Num determinado instante quase voltei ao sistema antigo, mas notei que seria um trabalho enorme de popular com as hipóteses, e o que seria muto pior, com nível de detalhamento muito, muito inferior. Ainda bem que se resolveu e agora basta analisar o que ocorreu desde segunda-feira o que farei no final de semana.
Dado que estou on board e ainda acredito que a bolsa vai
cair reentrei na posição da nasdaq100 hoje pela manhã. Quanto a posição no euro
prefiro analisar com mais cuidado.
A bolsa brasileira operou na contramão das bolsas americanas fechando
em alta. Acredito que pela possibilidade de vitória do Lula no primeiro turno. Boa
sorte para quem acredita que irá fazer um bom governo. Por outro lado, do ponto
de vista fundamental as ações brasileiras são consideradas muito baratas pelos
analistas.
Veja que nessa situação eu poderia ficar imobilizado pois minha visão não é tão otimista, estar barato é uma condição que vale para o fundamento e não para o técnico. Desta forma, estou muito a vontade de sugerir compra desde que eu observe algum ponto com bom risco x retorno. Compromisso com o bolso não com a opinião!
O SP500 fechou a 3.585, com queda de 1,51%; O USDBRL a R$ 5,3975, sem variação; o EURUSD a € 0,9804 com queda de 0,10%; e o ouro a U$ 1.662, com alta de 0,11%.
Fique ligado!
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