Estamos num mundo dividido #USDBRL

 

Hoje é Dia do Trabalho nos EUA estão todos os mercados fechados. Como os leitores já sabem são dias de pouca liquidez.

Tenho me contido nos assuntos políticos, mas hoje será uma exceção. Os noticiários publicaram pela manhã a rejeição por larga maioria de uma nova constituição no Chile, cuja proposta foi apoiada por seu presidente, o jovem de 36 anos Gabriel Boric, esquerdista e ex-líder estudantil. Embora todos os chilenos queiram uma mudança, não é a que foi elaborada pela Convenção Constitucional. Como publicou o Globo, “o resultado do chamado plebiscito de saída foi uma surra para o presidente e empoderou seus adversários”.

Sem entrar nos méritos desse documento, o que se tem vivenciado na America Latina são guinadas à esquerda em busca de algo novo. Isso por si só não constitui algo diferente, já ocorreram diversas situações no passado — só que agora mais e mais países estão buscando algo nesse sentido, inclusive no Brasil com a liderança do Lula.


Com esse resultado, como foram as reações do mercado chileno a esse evento? Comemoraram! O peso chileno subiu mais de 5% na abertura dos mercados. Como se nota no gráfico a seguir, a moeda vinha em queda livre já faz algum tempo, culminando com a mínima que ocorreu no meio de julho, quando as pesquisas já indicavam que a nova Constituição não passaria.


Com a bolsa de valores não foi muito diferente, exibindo uma alta superior a 11%, embora a bolsa venha subindo desde o começo do ano, fortemente influenciada pela alta das commodities, setor que tem um peso elevado no índice.


Naturalmente, não se podia ter dúvida de que os mercados não gostam de sistemas políticos de esquerda, que em sua maioria tendem a “perturbar” o bom andamento da empresas através do intervencionismo.

No Brasil estamos a menos de quatro semanas do primeiro turno e tudo indica que teremos uma rodada adicional de segundo turno,  onde o Lula aparece hoje como o favorito para assumir o pais. Mas como governar um país dividido e radicalizado? Com apenas 10% do orçamento do governo para gastos discricionários, como poderão cumprir as promessas feitas? Além dos programas de ajuda aos mais necessitados, que deveriam ser temporários mas acabam definitivos, a alta dos preços de energia de uma maneira geral também está levando os governantes a sugerir subsídios ou redução de impostos ao redor do mundo. Só existe uma saída, que será o aumento de impostos.

O Lula vem dizendo que pretende colocar um imposto sobre patrimônio, uma forma de duplicar a tributação. A experiência da Argentina nesse aspecto tendo sido desastrosa: o resultado foi uma forte emigração para os países vizinhos. Informações de que se ouve falar revelam que só no Uruguai existem diariamente 40 famílias argentinas que mudam sua residência para lá. Essa movimentação, se continuada, vai levar a zero o imposto recolhido dessa forma, um tiro no pé.

Eu penso que a única forma de enfrentar essa concentração de gastos seria a quebra dessa vinculação de 90%, mas quem vai conseguir se os que aprovam seriam muito prejudicados? Então já se ouve que candidato X ou Y, que não está nessa eleição ou com pouca chance, seria uma boa alternativa para 2026, e assim o Brasil continua sendo o país do futuro em que o futuro nunca chega.

O que difere muito dessa eleição com as de 10 anos atrás, por exemplo, é que hoje está muito mais radicalizada — efeito mundial da moda, levando a situações bizarras como a do Chile que escolheu um presidente de esquerda que não consegue implementar suas ideias. Estamos longe de uma situação de equilíbrio, onde a democracia se encontra por um fio.

No post o-arbitro, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” Com esse quadro, por que o Mosca decidiu sair? Existem algumas razões: primeiro a de que o dólar está se valorizando contra grande parte das moedas do G-7; segundo não estou confiante com as bolsas internacionais depois da queda que houve na última sexta-feira; e por último, a configuração da queda desde nossa entrada não segue a “força” que se esperaria – devia ter caído mais forte” ...



O dólar chegou na casa dos R$ 5,00 em apenas 3 dias chegou a máxima de R$ 5,26, uma alta de 5%, muito acima da volatilidade que vinha ocorrendo. No gráfico acima está expressa a hipótese de continuidade da alta, que não pode ser descartada. Neste momento não tenho nenhum cenário de preferência. O gráfico a seguir espelha a opção de queda original que tem um limite de R$ 5,2573 – caso seja ultrapassada. Vamos acompanhar os próximos dias.


O USDBRL fechou a 5,1514, com queda de 0,31%; o EURUSD a € 0,9927, com queda de 0,24%; e o ouro a U$ 1.707, com queda de 0,21%.

Fique ligado!


Comentários

  1. Atualmente eu classificaria o Brasil mais como de centro do que de direita, olhando as várias medidas populistas feitas e inclusive ainda colocadas nas propostas dos candidatos atuais... risco de recessão global faz alguns anos que muita gente vem profetizando, de alguma forma as ações americanas ainda subiram forte nos últimos anos e só agora que a inflação americana subiu que estamos vendo uma quedinha, difícil saber o que vai acontecer daqui pra frente.

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