Keynes: O Ministro para Lula #ibovespa
Os próximos dois posts serão sobre dívidas/gastos de governo e seus efeitos. Especificamente hoje, os comentários serão sobre gastos.
A área econômica do
Lula está uma bagunça, oriunda da falta de um plano de governo que deveria ter
sido preparado antes das eleições —além da “Mistura Fina 1” de sua
equipe de transição.
1 Mistura
Fina era a marca de um cigarro popular nos anos 60, cuja propaganda dizia “um
cigarro que não irrita”
Lula está interessado é em alguém que lhe traga um plano em que
possa gastar tudo que prometeu e não ter problema com o mercado, este, está
fissurado com o aumento do déficit que tal proposta possa ocasionar.
Um economista dessa linha foi John Maynard Keynes, cujo
princípio é de que o estado deveria intervir na economia sempre que fosse
necessário, a fim de evitar a retração econômica e garantir o emprego. Será que
dá para encaixar a fome?
Embora o artigo abaixo, de Tyler Cohen na Bloomberg, foi
feito para as condições de mercado dos países desenvolvidos, serve de certa
forma para o Brasil. Já dando um spoiler, o título “Nem Keynes pode nos ajudar”
é autoexplicativo.
As altas taxas de inflação em todo o mundo praticamente
acabaram com a popularidade da MMT, ou Teoria Monetária Moderna, e sua
proposição de que os governos soberanos podem gastar o quanto quiserem. Mas as
condições econômicas atuais também questionam a utilidade de uma teoria muito
mais estabelecida e aceita: a economia keynesiana.
A doutrina keynesiana padrão é executar um superávit
orçamentário em tempos bons e, em seguida, usar os gastos deficitários para
estimular a economia em tempos ruins. Esse argumento fazia e ainda faz sentido
lógico. Mas isso simplesmente não se aplica ao momento atual.
Um problema é que é difícil dizer quais são os bons e quais
são os maus momentos. Após a crise do euro de 2011, houve críticas
generalizadas à Alemanha por não ter gastado mais para estimular outras
economias europeias. A UE estava obviamente passando por alguns maus momentos.
Os líderes alemães insistiram que a cautela estava na ordem do dia, e que era
necessário economizar fundos para tempos possivelmente mais difíceis à frente.
Poucos observadores no establishment anglo-americano estavam convencidos.
Hoje, com a guerra na Ucrânia em fúria e o fornecimento de
energia alemão em dúvida, é tão óbvio que a então chanceler alemã, Angela
Merkel, estava errada? E mesmo que estivesse, a insistência alemã na
austeridade já não parece tão louca. O futuro muito próximo pode exigir grandes
intervenções na energia, um resgate italiano muito grande, para não mencionar
desafios e gastos militares adicionais.
O ponto geral é que, em tempos voláteis, é difícil saber
quando os déficits orçamentários devem se expandir ou se contrair. Isso não
necessariamente milita a favor da austeridade atual, mas tira muita confiança
das recomendações keynesianas padrão.
Um segundo problema com as recomendações keynesianas é que
os governos não fizeram o suficiente para acumular superávits em tempos bons.
Muitos governos, portanto, estão ficando sem espaço fiscal, ou pelo menos os
mercados percebem que esse é o caso. Mesmo que a teoria keynesiana diga que
eles deveriam estar se expandindo com sua política fiscal, eles nem sempre
podem fazê-lo com impunidade.
A história recente do governo do Reino Unido é um exemplo
paradigmático. Sob a primeira-ministra Liz Truss, o plano era aumentar os
gastos com subsídios à energia e cortar alguns impostos. Seja o que for que
você possa dizer sobre os detalhes dessas políticas, elas se encaixavam na
receita keynesiana para a expansão fiscal em tempos difíceis (embora seja digno
de nota que muitos dos principais economistas keynesianos se opuseram fortemente a elas).
O problema é que os mercados não gostaram das políticas, a libra esterlina caiu
e as taxas de empréstimo dos títulos do governo subiram. Os mercados
financeiros estavam agitados, e os dias de Truss acabaram.
Agora Rishi Sunak é primeiro-ministro. O que exatamente ele
deve fazer? Ele pode tentar o oposto do plano de Truss, ou seja, aumentar
alguns impostos e cortar alguns gastos, ou pelo menos dobrar para baixo as
trajetórias para gastos futuros. Em termos keynesianos, no entanto, essa
política é mal aconselhada. O Reino Unido provavelmente está entrando em
recessão, e o Banco da Inglaterra declarou que pode ser a recessão mais longa já registrada.
É realmente sábio se envolver em austeridade quando os tempos estão se tornando
ruins?
Além disso, os números existentes não indicam que o Reino
Unido tenha que se envolver em austeridade. Sua relação dívida/PIB é de cerca
de 80%, o que não é astronômico. Por um tempo, os
economistas Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff tentaram convencer os economistas
de que os níveis de dívida são perigosamente altos em 90% do PIB, mas esses argumentos
foram abatidos por terem erros de dados e agora essas alegações estão desacreditadas. Não é fácil argumentar que uma dívida em
relação ao PIB de 80% requer austeridade.
Um último problema é que as taxas de inflação provavelmente
permanecerão relativamente altas por algum tempo. Estou parcialmente otimista
sobre a capacidade de muitas economias ocidentais de reduzir a inflação para a
faixa de 3% ou 4% dentro de alguns anos. Mas a essas taxas de inflação, a
demanda nominal é bastante robusta, então por que a política fiscal
expansionista seria necessária para impulsionar os fluxos de gastos nominais?
Em uma entrevista recente, Sunak se recusou a ser específico
sobre seus planos fiscais. Você pode culpá-lo? Os macroeconomistas não estão
mais lá para aconselhá-lo.
O governo britânico parece estar em um estado de Zugzwang, um
termo de xadrez para a situação em que não há um bom movimento, mas há, no
entanto, uma exigência de fazer alguma coisa. Chanceler Jeremy Hunt indicou que a austeridade será o caminho escolhido.
O establishment macroeconômico do mundo anglo não o admite,
mas a economia keynesiana não é mais um guia confiável para a política fiscal.
A verdadeira influência irá para quem apresentar uma alternativa crível.
O objetivo do Brasil não é bem esse, já que o país nem está
em recessão nem o desemprego está abaixo dos elevados níveis atingidos durante
a pandemia, mas é acabar com a fome, se é que isso é possível — não
economizamos quando as coisas estavam boas. A estatística mais recente da
dívida brasileira sobre PIB se encontra em 76,2%, o que não é um absurdo; porém,
com o nível de taxas de juros reais em que nos encontramos, a trajetória é de
crescimento da dívida. Se, além disso, outras despesas são criadas sem
contrapartida, joga-se mais gasolina ao fogo.
Assim como político que não basta ser honesto (uma
raridade!) precisa parecer honesto, a dívida também não basta ser solvente
precisa parecer solvente.
Acredito que nem Maynard Keynes sugeriria um plano de
gastança nesse momento.
No post uma-queda-após-a-outra fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “ Minha preferência é para que essa correção termine ao redor de 111k/110k para em seguida ganhar força num novo movimento de alta” ...
- David, por que você não comprou onde pareceu ser um bom
nível de entrada?
Concordo com você, mas tenho ainda minhas dúvidas. Vou explicar a seguir: a área destacada entre 108.5 mil/106,4 mil não pode ser penetrada, se passar a primeira vou ter que refazer parte da correção, onde a onda 1 em laranja não existe, porém, pior ainda se ultrapassar o segundo parâmetro, que aí sim, passo a ser neutro em alta mais duradoura, me obrigando a uma nova opção.
Do ponto de vista de risco retorno parece vantajoso entrar nos níveis atuais de 110 mil, teria pouco a perder, mas a queda de hoje não deveria ser tão íngreme.
Vou aguardar mais um pouco para agir. Acima de 114.3 mil
melhora o cenário.
- Vai perder uma moleza!
Pode até ser, porém prefiro esperar melhores indicações, não
sou contra entrar agora, mas pode ser que esteja pegando uma faca caindo. Em
todo caso, fique atento que posso sugerir entrada nos próximos dias.
O SP500 fechou a 3.958, com queda de 0,83%; o USDBRL a R$ 5,3943,
com alta de 1,17%; o EURUSD a € 1,0392, com alta de 0,42%; e o ouro a
U$ 1.744, com queda de 0,22%.
Fique ligado!
Muito Bom
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