A inflação da Covid #usdbrl



Recebemos um casal nesse final de semana e a esposa do meu amigo pegou Covid. Embora todos nós, tomamos as quatro vacinas, o que projeta apenas um mal-estar por alguns dias, muda a rotina para as outras pessoas no convívio. Estou convencido de que vamos viver com esse vírus, que parece ficar menos letal a cada nova cepa, mas sua transmissibilidade cria um grande incômodo.

No Brasil, a Covid tem se multiplicado em progressão geométrica, o que também ocorre em alguns países da Europa, todos sem muita repercussão fatal. O mesmo, porém, não se pode dizer da China, que enfrenta uma onda de protestos crescente por parte da população — que não aguenta mais ficar em lockdown quando sabem que o mundo encontrou uma forma de convívio mais plausível.

A adoção da política Covid Zero desde o início da pandemia torna difícil uma mudança de estratégia, haja visto que, a população está sub imunizada, e pior: com vacinas que não se utilizam do sistema mRNA1. Os chineses estão presos numa armadilha, como Clara Ferreira Marques comenta na Bloomberg.

1essas vacinas usam mRNA criado em laboratório para ensinar nossas células a produzir uma proteína – ou mesmo apenas um pedaço de uma proteína – que desencadeia uma resposta imune dentro de nossos corpos.

No xadrez, quando um movimento é necessário, mas cada opção piora a situação, diz-se que os jogadores estão em zugzwang. O líder chinês Xi Jinping - fazendo malabarismos com supostos esforços para aliviar as medidas da pandemia, o aumento das infecções por Covid e as taxas inadequadas de vacinação, além de protestos furiosos, uma economia vacilante e um inverno que se aproxima - parece encontrar-se em zugzwang político.

Extrair da Covid Zero a nação mais populosa do mundo e a segunda maior economia depois de três anos é possível e necessário, mas também é um teste da flexibilidade e capacidade de resposta do governo, e a China não o está passando com louvor. Isso deve ser preocupante, já que a capacidade de Pequim de redefinir as políticas de saúde pública também será uma indicação crucial de quanto um sistema cada vez mais rigidamente controlado e centralizado vai descascar outros pepinos – sociais, econômicos, ambientais ou geopolíticos – que exigem exatamente esse pragmatismo.

Os governos em todo o mundo têm lutado para se adaptar a um quadro de pandemia em evolução. Mas a correção de rota é muito mais difícil para sistemas autoritários rígidos como o da China, que acham mais fácil impor regras intrusivas e draconianas do que suspendê-las. A crescente fúria popular alimentada pelo incêndio mortal da semana passada em um prédio em Urumqi, capital da região de Xinjiang, no extremo oeste do país, acaba de tornar uma abordagem diferenciada ainda mais difícil.

Os investidores, é bastante claro, estão desesperados para que a China alivie suas políticas de Covid. Cada indício de afrouxamento, verdade ou boato, foi recebido com euforia no mercado. E não é à toa, dado que o país deve ter se expandido apenas 3,3% em 2022, de acordo com economistas consultados pela Bloomberg, um dos níveis mais fracos das últimas décadas.

A população da China, por sua vez, está cansada, mesmo que o medo da doença persista graças a três anos de propaganda pesada, e essa frustração está se tornando cada vez mais difícil de conter. Veja as centenas de trabalhadores da principal fábrica de iPhones da Apple que entraram em confronto com guardas vestidos de materiais perigosos após semanas de duras restrições. Ou as multidões em Xangai, Pequim e outros lugares da China no fim de semana, alguns segurando páginas em branco em protesto e cantando slogans antigovernamentais depois que o incêndio de Xinjiang reacendeu a raiva sobre lockdowns excessivamente rigorosos que resultam em tragédias evitáveis – ainda mais notável dado o tabu em torno da repressão de longa data dos muçulmanos uigures da região.

Tendo apostado em restrições para evitar o caos do aumento de casos, Xi agora enfrenta a raiva de qualquer maneira, em grande parte por causa desses mesmos controles.

Para o crédito das autoridades, a China começou no início deste mês a falar sobre movimentos na direção certa, um recuo em tudo, desde a quarentena até os testes em massa, enquanto planejava promover o uso de vacinas e se preparar para tratar a Covid, não apenas mantê-la fora.

Mas agora as infecções estão em ascensão, são os lockdowns e os aplicadores pesados em ações de proteção conhecidos como "Big Whites" que estão em evidência – não a vacinação ou as campanhas de informação.




Cerca de 90% dos chineses com mais de 60 anos estão totalmente vacinados. Ainda assim, em meados de novembro apenas pouco menos de 70% da faixa etária havia recebido a terceira dose recomendada pela Organização Mundial da Saúde quando se trata de vacinas inativadas como as produzidas pela China, e esse número caiu para 40% para aqueles com mais de 80 anos, reconhecidamente uma pequena parte. Uma reabertura rápida quase certamente causaria um aumento nos casos que a China não está equipada para administrar, especialmente fora das grandes cidades. Nos primeiros seis meses do surto de omicron, cerca de um quarto das pessoas nos EUA e na Europa foram infectadas – a Bloomberg Intelligence calcula que isso implica que a China veria cerca de 363 milhões de infecções.



Isso é quase toda a população da Alemanha, França, Grã-Bretanha, Espanha, Itália e os países do Benelux, um grande número, mesmo dada a população do país. Na China, com um número oficial de mortos de pouco mais de 5.200, é impensável.

Tudo isso é dolorosamente desafiador para Xi, que repetidamente equiparou a Covid Zero (e as vacinas da China) ao sucesso nacional. A variante omicron é difícil de conter, para não mencionar cara e perturbadora, e como o epidemiologista Ben Cowling, da Universidade de Hong Kong, aponta, gerenciá-la requer um plano. Sem um, a China corre o risco de repetir em uma escala muito maior o que Hong Kong viu, quando as infecções aumentaram no início deste ano antes que o território estivesse pronto e os hospitais cediam. Isso é um grande erro para explicar a uma população que passou por enormes dificuldades pessoais para evitar exatamente isso.

Em tempos passados, a China poderia ter considerado imitar Cingapura, um modelo em uma pequena tela. A cidade-estado vacinou, preparou hospitais, forneceu informações e abriu – gradualmente, mas com certeza – mantendo as fatalidades baixas. Não é um mapa de rota ruim. Mas hoje Cingapura é vista não apenas como muito pequena, mas aberta demais para ser um modelo quando se trata de Covid. Além disso, dependia de vacinas ocidentais de mRNA.

A primeira questão hoje é se a ciência, a economia e a raiva do povo da China superam o imperativo político. Isso ainda não está acontecendo.

A segunda questão é como os governos locais vão lidar. Durante meses, as autoridades foram incentivadas apenas a reprimir os casos - a ponto de um grande número ser colocado em quarentena para manter "a propagação na comunidade" baixa. Há inúmeros contos de zelo excessivo. Mas agora, como Chen Gang, do Instituto do Leste Asiático da Universidade Nacional de Cingapura, me disse, as autoridades no terreno estão respondendo a sinais confusos. Pode haver uma conversa de alto nível sobre flexibilização, mas seus incentivos não mudaram.

No início da pandemia, sistemas autoritários como a China foram aclamados em alguns setores como excelentes no controle de infecções. Eles poderiam, ao que parece, construir hospitais em dias em que o Ocidente lutava para fazer com que os cidadãos usassem máscaras. Mas pandemias são maratonas, não piques. Os governos mais bem-sucedidos foram aqueles capazes e dispostos a mudar de rumo. A mesma característica que determina o sucesso em outros lugares.

O mundo deve torcer pelo sucesso na China. O fracasso é devastador demais para se contemplar.

Mas o risco ainda é que o acidente mortal do ônibus que levava cidadãos para a quarentena, que enfureceu os chineses em setembro, se torne uma metáfora para a nação. O motorista estava vestindo roupas de proteção completas ao transportar um grupo para um centro de quarentena por volta das três da manhã. O ônibus capotou em uma estrada de montanha provavelmente porque ele não conseguia ver com clareza suficiente para dirigir, mas cumpriu suas ordens.

"Estamos todos no ônibus", disse um usuário chinês de mídia social na época. "Nós simplesmente não caímos ainda."

As decisões de Xi nos últimos tempos tem deixado a comunidade financeira preocupada com o rumo da China. Primeiro, foi o embate com as empresas de tecnologia, que de certa forma ameaçavam alguma área em que o governo chinês não estava disposto a ceder. Essa atitude fez com que várias empresas de tecnologia vissem o preço de suas ações despencarem. Outro ponto que também afetou os investimentos em bonds por parte dos estrangeiros foi o mercado de imóveis. O governo também decidiu não bancar esses prejuízos, o que levou esses títulos à categoria de distress debt valendo centavos de dólar, e agora a política de lockdown que ocorre com um aumento crescente nos números de casos e cidades com alta representatividade no PIB do país (gráfico acima) está fazendo com que os investidores retirem seus recursos da China de forma contínua e crescente.



O mundo ocidental está preocupado com a alta da inflação e com a repercussão da política monetária adotada quase que em uníssono, fazendo esquecer os efeitos passados da pandemia, não por negligência, mas função das medidas e recursos que foram implementados nos últimos dois anos. O que menos se espera, ou esperava, era uma inflação de Covid na China, onde os efeitos podem ser piores que a inflação de preços, ainda mais com o país que se encontra numa armadilha.

No post corrida-cripto-digital fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...”   busquei opções para o movimento do dólar” ... ...” não cheguei a nenhuma conclusão” ... ...” Nesse momento, meu cenário é de alta para o dólar de forma “tortuosa” ... ...” Dentro dessas premissas, como podem notar a seguir, se a onda B em verde terminou na semana passada, o dólar deveria rumar para uma queda no curto prazo ao redor de R$ 5,02/R$4,91, para em seguida voltar a subir” ...



O dólar atingiu um nível interessante na sexta-feira onde me motivou a opção de um trade especulativo de venda. No gráfico com janela de 1 hora se pode notar que esse patamar surgiu entre R$ 5,4322/ R$ 5,4430 com marcas “verdes”, e embora meu cenário é de alta num prazo mais longo, no curto prazo existe a possibilidade de queda ao redor de R$ 5,00. A entrada foi a R$ 5,4320, com stop loss nesse mesmo nível. Vamos ver se agora pegamos uma carona nessa mini queda – quem sabe o Lula resolva o mistério desvendando seu escolhido para Ministro da Economia em seu governo ... Paulo Guedes! Hahaha ... só torcida.




O SP500 fechou a 3.963, com queda de 1,54%; o USDBRL a R$ 5,3654, com queda de 0,82%; o EURUSD a 1,0338, com queda de 0,55%; e o ouro a U$ 1.741, com queda de 0,87%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Deus nos livre do Paulo Guedes. Ele tem a parcela de culpa no caos que se tornou o orçamento com a aprovação de tantas PECs!

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  2. imunidade de rebanho é o que salva

    mesmo com vacina, a china não resolveu sua situação e ainda usa o virus chines para explorar/comtrolar o povo

    no mundo real, suécia e o continente africano cagaram pra lockdown e continuam de dé

    abs!

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