Sem sentido, mas real #ouro #gold

 


Mesmo que você não seja um especialista em economia — uma matéria que envolve modelos matemáticos e comportamento humano —, é logico supor que depende do crescimento econômico, ou seja, se a economia cresce deveria empurrar os juros reais para cima e vice-versa. Nada mais lógico e está associado com a teoria econômica. Certo? Não é o que o renomado economista Ken Rogoff encontrou em seu trabalho com Barbara Rossi exposto por Joachim Klement.

Algum tempo atrás, escrevi um post sobre os fascinantes dados coletados por Paul Schmelzing, que mostraram que a taxa real dos títulos do governo de longo prazo não é estacionária ao longo do tempo, mas segue uma tendência de queda muito lenta ao longo dos séculos. Agora, Paul se uniu a Ken Rogoff e Barbara Rossi para examinar o que poderia explicar essa tendência.


Mais importante, usando taxas de juros reais de 1300 até hoje, eles mostram claramente que as taxas de juros reais não são estáveis ​​ao longo do tempo. Eles seguem uma tendência de baixa estatisticamente e economicamente significativa que atinge taxas reais negativas neste momento. Em outras palavras, eles mostram que, embora as taxas reais possam se desviar dessa tendência por algum tempo (o tempo para retornar à tendência de longo prazo é de 1 a 10 anos), não devemos ter esperanças de que as taxas reais normalizarem para níveis próximos dos níveis observados antes da crise financeira de 2008. Em vez disso, as atuais taxas reais positivas nos Estados Unidos provavelmente são exatamente o que podemos esperar na próxima década ou possivelmente já estão muito altas.

Isso é uma má notícia para os poupadores e leva à questão de possíveis quebras nessa tendência de baixa de longo prazo. É isso que o novo estudo de Paul Melzer e seus colaboradores tentou identificar. Eles mostraram que existem essencialmente duas possíveis quebras de tendência nos últimos setecentos anos. Uma veio com a Peste Negra em meados do século XIV, quando o equilíbrio entre capital e trabalho mudou muito a favor do trabalho e contra o capital por uma geração ou mais. O segundo ponto de ruptura possível foi o triplo calote da França, Espanha e Holanda em 1557, que abalou a confiança na capacidade dos impérios de pagar suas dívidas.

Mais notavelmente, há pouca evidência de uma quebra de tendência com a introdução do Banco da Inglaterra em 1694, o Fed em 1913 ou bancos centrais em qualquer outro lugar. Da mesma forma, não há indicação de uma quebra de tendência nas taxas reais após a Grande Inflação da década de 1970 e a introdução das ferramentas de política monetária atuais.

Então, se os bancos centrais e a política monetária não alteraram a tendência de queda das taxas reais, o que muda? Nós realmente não sabemos a resposta correta. Mas o novo artigo lança luz sobre dois fatores de taxas reais comumente citados. Em primeiro lugar, a teoria econômica postula que um crescimento econômico mais alto deve estar ligado a taxas de juros reais mais altas. Mas uma olhada no gráfico abaixo já mostra que, se muito, o oposto é verdadeiro. Maior crescimento tende a coincidir com menores taxas reais, e não vice-versa. Uma análise estatística mais sofisticada confirma que não há ligação de longo prazo entre crescimento e taxas reais, pelo menos não a que os livros de economia preveem.

Não há relação entre crescimento econômico e taxas reais


Fonte: Rogoff et al.
(2022)

O outro driver para as taxas reais que tem sido comumente proposto são a demografia e o crescimento populacional. Mas já escrevi antes que as mudanças demográficas são incapazes de explicar a mudança na taxa natural de juros na extremidade curta da curva de juros. A nova pesquisa agora mostra que na extremidade longa da curva de juros também não há ligação entre demografia e taxas reais.

Não há ligação entre demografia e taxas reais


Fonte: Rogoff et al. (2022)

Em outras palavras, a tendência de queda das taxas reais é generalizada nos últimos 700 anos e as taxas de juros reais tendem a retornar a essa tendência de queda ao longo do tempo. Nem a introdução de bancos centrais, as Duas Guerras Mundiais no século 20 nem a invenção de ferramentas de política monetária cada vez mais sofisticadas tiveram qualquer impacto material na mudança dessa tendência de longo prazo. E nem o crescimento econômico nem a demografia parecem conduzir essa tendência.

É fabuloso! Aqui temos finalmente uma observação empírica que nos mostra que não sabemos o que impulsiona as taxas de juros reais e que deveria nos fazer repensar todas as nossas teorias sobre taxas de juros, política monetária ou mesmo crescimento econômico. É um convite para uma macro revolução. Infelizmente, muitas pessoas tentarão impedir que essa revolução aconteça, embora haja cada vez mais evidências empíricas contra as teorias existentes.

A categoria dos autores não permite o menor questionamento sobre a qualidade do trabalho. Fico até semideias para tentar qualquer argumento que indique o contrário. Observando o gráfico secular dos juros reais e supondo que essa tendência continue, o que se pode esperar é que ficarão rondando os níveis negativos no futuro.

Nos últimos tempos, como comentei em posts passados, é necessário cada vez menos capital. A evolução da tecnologia, em que meia dúzia de jovens desafiam os grandes conglomerados usando o smartphone, parece apontar nesse sentido, e TALVEZ essa seja a explicação, além do fato do setor de serviços ser cada vez mais dominante nas economias desenvolvidas, o que tende na mesma direção.

Agora, será que o Mosca teve uma ideia brilhante e esses acadêmicos não pensaram nisso? Muita pretensão! Vamos ficar com a evidência, que implica um mundo cada vez mais alavancado e desfavorável aos rentistas.

Nota: chhhhh ... não conta para o banco central brasileiro, vamos aproveitar as exorbitantes taxas de juros reais por aqui!

No dia da publicação do tão esperado CPI americano, achei instrutivo um gráfico que apresenta as projeções de inflação comparadas com os dados reais. Como diz o próprio título do gráfico, Wishful thinking, o passado deveria ensinar a não levar em conta projeções desse indicador e acompanhar o que ocorre na realidade.




A inflação diminuiu em outubro, à medida que os aumentos de preços subjacentes, excluindo energia e alimentos, desaceleraram de uma alta de quatro décadas.

O índice da inflação subiu 7,7% a.a. em outubro em relação ao mesmo mês do ano anterior, o menor aumento de 12 meses desde janeiro de 2022. A leitura caiu de 8,2% em setembro.

Mensalmente, o IPC subiu 0,4% em outubro em relação a setembro, mesmo ritmo do mês anterior. A CPI mede o que os consumidores pagam por bens e serviços.

O chamado IPC central — que exclui os preços voláteis de energia e alimentos — subiu 6,3% em outubro em relação ao ano anterior, contra 6,6% em setembro, o maior aumento desde agosto de 1982.




Os mercados se animaram super a bolsa sobe 4,5% enquanto os juros de 10 anos caem 0,30% situando-se em 3,85%. Será que esse dado é suficiente para tanta animação? Observando o gráfico acima ainda não, mas a expectativa de que mais um número ruim nesse campo surgisse fez com que qualquer melhora fosse um grande alívio.

Agora por aqui no Brasil está o contrário, com as últimas notícias de que o Lula vai mandar as favas o déficit público, abolsa caiu 3,37% enquanto o dólar sobe mais de 3%, jogando por água abaixo toda a euforia depositada principalmente pelos estrangeiros. A posição de dólar que eu tinha proposto foi estopada no nível de entrada. Como havia alertado era muito especulativa.

 No post so-mais-um-pouquinho-ouro fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “a oscilação do ouro ficou bem restrita, não havendo grande alteração no quadro, apenas adequando o gráfico a esses novos dados. Como comentei no post acima, não pretendo no momento me envolver com algum trade no ouro” ...




Tudo indicava que o ouro estava caminhando para o objetivo traçado, porém essa semana houve uma recuperação importante dos preços colocando uma luz no metal. No post acima também comentei que os bancos centrais estariam comprando.

Por outro lado, ainda não posso alterar minha visão de queda, pois não houve a complementação das 5 ondas necessárias para tanto. Como podem notar a seguir, o ouro ainda se encontra dentro das linhas paralelas.




O que passa a ser importante daqui em diante: no movimento da alta, o intervalo entre U$ 1.730/U$ 1.755 e principalmente a formação das 5 ondas destacada na elipse. Já para a queda, um rompimento inicial do nível de U$ 1.663 e principalmente U$ 1.615.

Nota: depois do anúncio do CPI o ouro continuou em alta e está dentro do limite de intervalo estabelecido no gráfico. Se rompido vamos aguardar as 5 ondas.

Por enquanto sem sugestão de trade.

O SP500 fechou a 3.956, com alta de 5,54%! Faz muitos anos que não vejo uma alta de um dia nessa magnitude; o USDBRL a R$ 5,3565, com alta de 3,27%; o EURUSD a 1,0203, com alta de 1,92%; e o ouro a U$ 1.755, com alta de 2,91%.

Fique ligado!

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