Metade dos americanos só sobrevivem #IBOVESPA
O presidente Trump foi eleito, parte, por um grupo de
americanos que já representa metade deles. A política monetária adotada pelos
bancos centrais, inclusive o Fed, levou ao enriquecimento dos mais ricos e,
como contrapartida, ao empobrecimento do restante. Os motivos, de forma
simplificada, se resumem a: juros baixos induziram a valorização dos ativos —
isso já distanciou esses grupos —, enquanto os salários não subiram. Simples assim.
O Mosca vem alertando sobre esse problema desde 2011, quando
surgiram as manifestações dos “99ers”. Como essa insatisfação não é
instantânea, foi se sedimentando no tempo e, como uma panela de pressão, em
algum momento entra em ebulição. Alexandre Tanzi publicou na Bloomberg os dados
mais recentes da riqueza dos americanos.
A Escalada da Riqueza: O Abismo Americano em Números
A concentração de riqueza nos Estados Unidos atingiu níveis
que desafiam a lógica e expõem as entranhas de um sistema econômico que parece
desenhado para coroar os já privilegiados. Segundo dados recentes do Federal
Reserve, divulgados em 26 de março de 2025 por Alexandre Tanzi na Bloomberg, ao
final de 2024, a metade mais rica das famílias americanas detinha
impressionantes 97,5% da riqueza nacional, enquanto a metade inferior se
agarrava a míseros 2,5%. Esse abismo não é apenas um número; é um grito estridente
de desigualdade que ecoa pelas ruas, das mansões de Beverly Hills às periferias
esquecidas.
No topo dessa pirâmide, os 133 mil lares que compõem o
seleto 0,1% mais rico acumularam mais de 6 trilhões de dólares em riqueza
líquida nos últimos quatro anos, impulsionados por uma disparada no valor de
ações corporativas e fundos mútuos. Esse grupo, que agora detém um recorde de
13,8% do total da riqueza, detém um quarto de todas as ações americanas — quase
metade de seu patrimônio está atrelada a esse mercado volátil, mas obscenamente
lucrativo. Enquanto isso, mais abaixo na escada distributiva, o imóvel, esse
sonho tangível do americano médio, ainda representa uma fatia maior da riqueza,
mas não o suficiente para equilibrar a balança.
Os números são implacáveis. A tabela a seguir revela que o
1% mais rico concentra 30,8% da riqueza total, enquanto os 50% mais pobres
dividem entre si apenas 4,007 bilhões de dólares — uma gota no oceano diante da
opulência dos bilionários.
Esse contraste não é apenas estatístico; é uma narrativa de
poder, onde os titãs do capital surfam ondas de prosperidade enquanto milhões
mal conseguem manter a cabeça acima da água.
Curiosamente, a faixa etária também desenha suas linhas de
privilégio. Os americanos com 70 anos ou mais, muitos da geração Baby Boomer,
viram sua fatia da riqueza crescer 3,8 pontos percentuais em quatro anos,
alcançando 31% do total. Eles possuem 38,3% das ações corporativas e mais da
metade da riqueza imobiliária do país. A demografia explica parte disso, mas
não apaga a questão: por que a prosperidade se cristaliza nas mãos de quem já
viveu mais, enquanto os jovens enfrentam dívidas e horizontes incertos?
A metade inferior da distribuição teve um leve suspiro de
alívio durante o mandato do presidente em exercício, com sua fatia subindo de
2,2% para 2,7% em meados de 2022 — o pico mais alto desde 1989, segundo o Fed.
Mas essa ascensão foi efêmera, caindo novamente para 2,5% no fim de 2024. Esses
66,6 milhões de lares ganharam 1,25 trilhão de dólares em quatro anos, um
incremento modesto diante dos trilhões que engordaram os cofres do 0,1%. E
enquanto os ricos reduziam suas dívidas hipotecárias, os menos abastados
acumulavam 800 bilhões em crédito ao consumidor — um peso que os prende ainda
mais ao chão.
O gráfico ilustra essa dicotomia com clareza brutal: os
ricos apostam em ações e negócios privados, enquanto os pobres se apegam ao
tijolo. É uma dança desigual, onde os instrumentos de riqueza dos poderosos
multiplicam fortunas, e os dos vulneráveis apenas sustentam a sobrevivência.
Essa concentração vertiginosa não é um acidente; é o fruto
de um sistema que premia o capital e pune o trabalho. Em um país que se
vangloria de oportunidades, os números gritam o oposto: a riqueza é um clube
exclusivo, e a entrada está cada vez mais restrita. Resta perguntar: até quando
essa corda esticada aguentará antes de romper?
Não preciso acrescentar mais nada, os gráficos apresentam a
real situação. Importante ressaltar que, para a maioria da população, se
encontra dentro de uma frase que o banqueiro Carlos Alberto Frederico me disse
certa vez: “O mundo se divide em dois, os comprados e os vendidos — esse é o
primeiro grupo —, e o povo, para quem tanto faz o que acontece no mercado.”
Falando sobre mercado de ações, John Authers comenta sobre
quem são os principais detentores desse ativo.
Os Senhores do Jogo: Quem Domina as Ações Americanas?
O mercado de ações dos Estados Unidos, esse titã que rege os
pulsos da economia mundial, repousa nas garras de um elenco cada vez mais
heterogêneo — e exposto. John Authers disseca a metamorfose dos detentores de
ações americanas, desvendando uma trama de poder que transcende fronteiras e
escarnece da ilusão de autarquia ianque. Não são apenas os magnatas de Wall
Street que empunham o cetro; o tabuleiro se transfigurou, e os protagonistas
estrangeiros avançam rapidamente.
Outrora, as ações americanas eram o reduto de dinastias
opulentas dos EUA, mas o panorama se revolucionou. Desde 1945, a hegemonia
migrou para mãos institucionais — fundos mútuos, pensões e, mais tarde, ETFs —
até desembocar no espetáculo atual: uma escalada dos investidores individuais
(prenúncio e estopim da desigualdade galopante) e, acima de tudo, uma
ascendência estrangeira que se agiganta. Os senhores de além-mar conquistaram
terreno, sobretudo após o colapso financeiro global. Hoje, 49% dessa posse exógena
brota da Europa, uma torrente que se inflamou desde a pandemia, seduzido pelo
fulgor das "Sete Magníficas" e pelo descrédito no Velho Continente.
Essa ousadia, porém, cobra seu tributo. David Kostin,
estrategista-mor da Goldman Sachs, proclama que a fatia dos EUA no mercado
acionário global alcançou uma máxima histórica, eclipsando até o frenesi das
ponto.com. O gráfico abaixo retrata essa ascensão e um sutil refluxo, mas o
veredicto é inequívoco: os lucros planetários das corporações americanas não
sustentam isoladamente esse colosso. Há capital estrangeiro em demasia
arriscando tudo, e se essa fortuna resolver repatriar-se — seja por desencanto
ou protecionismo —, o cataclismo será retumbante.
A fragilidade é estonteante. A posição líquida de
investimento internacional dos EUA desabou num precipício equivalente a mais de
80% do PIB, um abismo escavado desde o caos de 2008. Os soberanos das ações
americanas, sejam potentados locais ou fundos soberanos remotos, equilibram-se
sobre uma corda bamba. A fluidez de deslocar capital via ETFs ou reviravoltas
regulatórias, como o ardil mexicano de 2008, evidencia que a debandada pode ser
fulminante. E se o globo, saturado da soberba americana, renegar esses ativos?
Os canadenses já acenam o prelúdio, esvaziando suas travessias e acenando
desprezo.
Os regentes das ações americanas não são mais os barões de antigamente;
são uma horda global, volúvel e inquieta. O império financeiro dos EUA reluz,
mas suas fundações estremecem. Quem detém as ações hoje pode selar o destino de
amanhã — e o perigo espreita, faminto.
Análise Técnica
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No post “a-ingenuidade-do-lula” tracei alguns cenários
possíveis para o IBOVESPA. Vou ficar com o “Vamo que Vamo”, mas com algumas
ressalvas que comento no texto: “No gráfico abaixo, o IBOVESPA iniciou um
movimento de alta que deveria atingir níveis na casa dos 200 mil, uma alta nada
desprezível. Como podem notar, estaria dentro da *onda 3 azul – mais
poderosa, que pode atingir 150 mil (por enquanto, essa é minha preferência).”
A bolsa completou (ou ainda está completando) 5 ondas de
menor grau – vermelha no gráfico. Muito bem, qual é o problema? Apontei no
gráfico com símbolo vermelho o nível de 134,2 mil. Esse número, que se não for
ultrapassado, pode indicar o término da alta nos outros dois cenários que
mencionei no post acima — o pior é que ele é encontrado em congruência por duas
medidas diferentes de ondas (coisas da Teoria de Elliott Wave).
Trabalhando no caso de alta, o interesse de compra irá
surgir no retângulo apontado em verde “interesse” e ficaria desapontado se
atingisse a região no retângulo em laranja “desinteresse”.
- David, você não está vendo pelo em ovo? Está difícil de
você dar um call de compra para nossa bolsa!
Não preciso te repetir os motivos que tenho exposto
exaustivamente¹. A situação gráfica do IBOVESPA leva a diversas interpretações.
Mas existe uma grande vantagem: como se pode entrar numa possível “armadilha”,
você fica mais “esperto” que em casos de maior certeza.
¹ Quero deixar registrado, novamente, que enquanto a seleção
brasileira não tiver um técnico com padrão internacional, vamos ser obrigados a
ver um time com jogadores excepcionais passar a vergonha que passamos no jogo
de ontem contra a Argentina. Durante o jogo, a assombração dos “7 X 1” veio à
memória diversas vezes. Perder para a Argentina tem sofrimento dobrado!
O S&P500 fechou a 5.712, com queda de 1,12%; o USDBRL a
R$ 5,7318, com alta de 0,58%; o EURUSD a € 1,0750, com queda de 0,37%; e o ouro
a U$ 3.017, sem variação.
Fique ligado
Jorge Jesus, Abel ou Mourinho
ResponderExcluirqualquer um deles seria melhor que o Dorival
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