Trump: no Tiro ao Alvo Rotativo #IBOVESPA
Um relatório da Gavekal, do qual menciono parte no post de
hoje, "Trump declarou guerra ao império americano que dominou o mundo
desde 1945, buscando restaurar um estado-nação autossuficiente, com tarifas e
cortes como armas, enquanto o ‘deep state’ e a ordem global viram alvos a serem
derrubados."
Seriam esses passos algo engenhosamente estruturado ou ele
vai atirando conforme os alvos passam à sua frente? Fiz um relato de alguns
artigos publicados no *Wall Street Journal* e na *Bloomberg*, como poderão ver,
não estão muito otimistas.
Trump, Musk e o Fim do Império: Um Caos Econômico com
Sabor de Apocalipse
Imagine um piloto que, em vez de pousar com cuidado, decide
fazer um cavalo de pau na pista só para provar que é o Manda-Chuva. Donald
Trump está no leme da economia americana, com Elon Musk como copiloto, e, em
março de 2025, eles aceleram rumo a um experimento que mistura cortes brutais,
tarifas kamikazes e uma guinada radical: o desmonte do império americano em
favor de um nacionalismo econômico à moda antiga. Baseado em análises de
diversas fontes, o plano é um coquetel de motosserra fiscal e protecionismo que
pode mandar a economia global para o espaço – ou para o buraco.
Trump e Musk não estão só cortando gastos ou ajustando
políticas; eles querem reescrever o jogo. Musk sonha com US$ 1 trilhão a menos
no orçamento federal, enquanto Trump empilha tarifas e prega a volta do
“America First” – que, para Charles Gave, da *Gavekal*, é um grito de guerra
contra o império que os EUA construíram desde 1945. O objetivo? Desmantelar a
ordem global que beneficiou as “platform companies” (pense Apple, Amazon) e
trazer de volta um estado-nação autossuficiente. O custo? Um tombo econômico
que Wall Street já batizou de “hard landing”.
A motosserra fiscal e o fim do império
Musk quer cortar US$ 1 trilhão em 2025 – 3% do PIB, um
ataque mais feroz que a austeridade de Thatcher nos anos 1980, que afundou o
Reino Unido numa recessão. O governo federal é um quarto da economia americana;
amputar isso é como tirar o coração de um paciente e esperar que ele corra uma
maratona.
Mais de 100 mil empregos federais já estão na mira, com até meio milhão em risco até o fim do ano. Estados e cidades que vivem de verbas federais – de estradas a universidades – tremem, com US$ 20 bilhões em infraestrutura sob ameaça, segundo a Transportation for America.
Para Gave, isso é parte de um plano maior: Trump quer
abandonar o império americano, sustentado por dólares globais, livre comércio e
bases militares, e construir um estado-nação que produza seu próprio aço –
dane-se onde o resto do mundo vai buscar o dele. Musk, o general dessa guerra,
vê os funcionários federais como parasitas do “deep state” e quer enxugar os
gastos que mantinham essa máquina imperial. Só que a conta não fecha: Trump
promete poupar Medicare e Social Security, mas Musk fala em “fraudes” de meio
trilhão nesses programas. Ou é blefe, ou é carnificina nos serviços básicos.
Tarifas: o porrete do nacionalismo
Trump está viciado em tarifas. Ele já subiu as taxas contra
a China, mirando eletrônicos e roupas, e ameaça Europa e Canadá com mais. Na
Fox News, dia 9 de março, ele jurou que “tarifas vão nos fazer ricos”. No dia
seguinte, o Dow caiu 890 pontos, o S&P 500 perdeu 2,7%, e o Nasdaq
despencou 4%. Essa incerteza é um veneno que paralisa investimentos e
contratações.
Howard Lutnick prevê inflação com esse “aumento único” nos
preços, enquanto Scott Bessent fala em “resetar” a economia – como se fosse um
brinquedo quebrado. Para Gave, tarifas são o grito de um estado-nação que
rejeita o império e suas “platform companies”, que enriqueceram os ricos às
custas da classe média industrial – a mesma que elegeu Trump. O JPMorgan Chase
já vê 40% de chance de recessão; a Goldman Sachs, 20%. O consumo, já vacilante,
pode colapsar.
Um império em ruínas, uma economia em xeque
Trump herdou uma economia estável, mas frágil: crescimento
sólido, mas com um mercado imobiliário travado e um mercado de trabalho
esfriando. Pós-eleição, os mercados subiram, sonhando com desregulamentação.
Agora, é pesadelo. “Voltamos ao modo recessão”, diz Dario Perkins, da
GlobalData. A Delta Air Lines relata queda na demanda, e as viagens de negócios
minguam. A Bloomberg Economics estima que US$ 1 trilhão em cortes encolheria o
PIB em 3,3%, com desemprego a 5,7%. Mesmo US$ 100 bilhões já tirariam 0,3%.
Gave vai além: Trump não liga para o S&P 500 – não há
“Trump put” para salvar os mercados. Ele quer derrubar as empresas imperiais
que dominam os índices e abrir espaço para as que lucram com a volta do
estado-nação. A transição do império para o nacionalismo deixa os vassalos –
Europa, Japão – sem proteção, forçados a escolher entre defesa e bem-estar
social. O “international order” desaba, e com ele a correlação entre mercados
globais.
O caos como meta
Clive Crook acerta: Trump vê disrupção como fim, não meio.
Comércio é soma zero – ou eu ganho, ou você perde. Tarifas são armas, não
política. Musk despreza o governo que bancou suas empresas, querendo
“desintoxicá-lo” do gasto público. Não há plano claro: “Tarifas podem subir com
o tempo”, debocha Trump, enquanto empresas pedem socorro. Gave prevê um urso
nos índices americanos e um touro em nações como China e Índia, além de ouro
subindo enquanto os vassalos sofrem.
O tombo à vista
A incerteza trava tudo: investimentos, consumo, crescimento.
O Fed, com inflação das tarifas, não vai salvar o dia. Os estados que elegeram
Trump – 30 de 31, diz Andrew Reamer – são os mais vulneráveis aos cortes. O
castigo pode cair sobre seus próprios eleitores. Wall Street chora, o mundo
assiste, e Trump e Musk apostam num caos que, para eles, é vitória. Mas a
história avisa: quem joga com fogo assim incendeia a casa inteira.
A incerteza está fazendo parte do dia a dia de empresários,
banqueiros e economistas que buscam, de todas as maneiras, dimensionar o
impacto em cada um de seus setores, ainda mais dificultado pelas mudanças
repentinas que às vezes duram horas, como a elevação da alíquota do aço imposta
para o Canadá, que passaria de 25% para 50%, voltando à primeira horas
depois.
Tenho a impressão de que Trump não tem um plano ambicioso e
mais parece o "Tiro ao Alvo Rotativo" que existia nos parques de
diversões e feiras, que envolve uma série de alvos – como figuras de metal,
patos, ou outros objetos – que se movem ou giram em um trilho e o jogador usa
uma arma de pressão para acertar os alvos e derrubá-los enquanto eles
passam.
Parece certo que a volatilidade dos mercados irá ficar
elevada por um bom tempo até que os efeitos dessas medidas sejam melhor
entendidos pela comunidade empresarial, ou seria ainda melhor, se Trump se
cansasse de tanta bagunça.
Análise Técnica
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No post “o-que-vai-acontecer-daqui-125-anos” fiz os
seguintes comentários sobre o IBOVESPA: “Tudo indica que a onda c laranja se
encontra em andamento. Como se trata de uma correção, sua formação é
desconhecida, nem tampouco se pode propor alguma, só ficando mais claro
conforme se desenvolve. Ficamos na expectativa de algum ponto de entrada; porém,
o curso é de baixa – mesmo com a evidência de ‘estar barata’.”
A bolsa está seguindo a opção que tracei com boa aderência à
Teoria de Elliot Wave. Segundo minha hipótese, a onda (ii) vermelha está
em andamento. Para se posicionar, o rompimento do nível 122.555 indica que a onda
(iii) vermelha está em curso e vale um trade de venda. Por outro lado, se,
ao invés da queda, subir ao intervalo apontado em rosa 128.040 / 129.600, e
principalmente esse último, torna-se necessária uma reavaliação.
O S&P500 fechou a 5.599, com alta de 0,49%; o USDBRL a
R$ 5,8027, com queda de 0,14%; o EURUSD a € 1,0880, com queda de 0,27%; e o
ouro a U$ 2.932, com alta de 0,56%.
Fique ligado!
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