Só sobraram os salteadores #nasdaq100 #NVDA #Bitcoin #MSTR
Eu insisto “ad infinitum” que as criptomoedas só irão se valorizar se houver novos compradores, dia após dia, sem interrupção. Lógico que os derivativos podem dar uma acelerada temporária, mas em algum momento esse novo comprador deverá aparecer. Existem outros lunáticos como Michael Saylor, que resolveu transformar sua empresa de software num grande cassino ao comprar, de forma alavancada, 2% do total de bitcoins em circulação. Veja de forma abreviada como funciona:
Basicamente, a empresa toma dinheiro emprestado a taxas de
juros baixas, emitindo notas conversíveis (dívidas que podem ser convertidas em
ações no futuro) ou vendendo ações adicionais, e usa esses fundos para comprar
Bitcoin em grandes quantidades. Aqui está como isso opera de forma
sucinta:
1. **Captação de Recursos:** A MicroStrategy emite, por
exemplo, US$ 1 bilhão em notas conversíveis com juros de 0% a 2%, pagáveis em
5-7 anos, ou vende ações a preços inflados pelo hype do Bitcoin. Esses
instrumentos atraem investidores por oferecerem exposição indireta ao BTC.
2. **Compra de Bitcoin:** O dinheiro levantado vai direto
para aquisição de Bitcoin, sem depender apenas do caixa operacional. Isso
permite que ela compre muito mais do que teria com recursos próprios — em
novembro de 2024, por exemplo, anunciou US$ 561 milhões em compras
adicionais.
3. **Efeito Alavanca:** Se o Bitcoin sobe (digamos, de US$
90 mil para US$ 120 mil), o valor de seus 471 mil BTC dispara, superando o
custo da dívida. Isso aumenta o valor da empresa e das ações, justificando mais
emissões para novas compras.
4. **Risco Implícito:** A alavancagem depende da valorização
contínua do Bitcoin. Se o preço cair drasticamente, o valor dos ativos não
cobre a dívida, e a conversão das notas em ações dilui acionistas, pressionando
o preço da ação.
É uma aposta de "tudo ou nada": a MicroStrategy
usa dívida barata para turbinar sua exposição ao Bitcoin, esperando que o ganho
supere os juros e sustente o ciclo. Até março de 2025, com o BTC em alta, tem
dado certo — mas uma queda prolongada pode virar o jogo.
Nem acho essa dívida barata em função do ativo detido, muito
diferente de uma empresa que capta recursos para produzir algum produto; no
caso dele, não produz nada.
A moda pegou. Ontem recebi um relatório da Brazil Journal
informando que a Méliuz anunciou a compra de 10% de seu caixa em bitcoin, uma
estratégia para replicar a MicroStrategy. Veja o argumento de seu CEO, Israel
Salmen: “alternativa mais inteligente para aplicação do nosso caixa”. Não sei
de onde ele tirou sua inteligência. Ninguém o lembrou os juros dos títulos
brasileiros? Vou refazer sua frase: a maneira mais estúpida de arriscar nosso
caixa.
Mas os adeptos da criptomoeda estavam ansiosamente
aguardando a criação da reserva estratégica de bitcoin pelo governo americano.
Suvashree Ghosh comentou os detalhes, dos quais faço um resumo a seguir.
Donald Trump, o autoproclamado rei das promessas grandiosas,
assinou ontem uma ordem executiva que supostamente criaria uma reserva
estratégica de Bitcoin e um estoque de criptomoedas como Ether, XRP, Solana e
Cardano. O mercado, sedento por um empurrão bilionário, esperava fogos de
artifício — um governo jogando dinheiro fresco para inflar os preços e coroar
os EUA como o xerife do Velho Oeste cripto. Em vez disso, Trump entregou um
balde d’água fria, e o Bitcoin despencou, arrastando os outros tokens para o
buraco. Por quê? Porque o plano é uma piada de mau gosto para quem esperava
ação de verdade.
Vamos aos fatos: o governo não vai gastar um centavo do
bolso dos contribuintes para construir essa tal reserva. Nada de compras
agressivas no mercado, nada de injetar bilhões para fazer o Bitcoin decolar. A
ordem, vomitada no X pelo "czar cripto" David Sacks, diz que o fundo
será montado só com os Bitcoins que o Tio Sam já tem na gaveta — uns US$ 16,4
bilhões surrupiados de criminosos e casos civis. Quer mais? Então reze por
"estratégias neutras em termos de orçamento", um jargão pomposo para
"vamos improvisar sem gastar nada". E não se preocupe, eles juram que
não vão vender o Bitcoin da reserva — mas isso é o mínimo depois de prometerem
a lua.
O estoque de outros tokens? Uma vergonha ainda maior. Com
míseros US$ 400 milhões em Ether, XRP e afins — tudo de confiscos —, o governo
não planeja comprar mais nada. Pior: o Tesouro pode vender esses ativos quando
bem entender, enquanto o Bitcoin fica intocável. É como se Trump tivesse dito:
"Bitcoin é rei, o resto é resto". Isso não é uma estratégia, é um
tapa na cara de quem acreditou na fanfarronice de campanha.
O mercado? Desmoronou na mesma hora. "As posições estão
sendo desfeitas", choramingou Stefan von Haenisch, da OSL, enquanto o
Bitcoin caía 1%, estacionando em US$ 89.410. Ether, XRP, Solana e Cardano?
Todos comeram poeira. A QCP Capital tentou dourar a pílula, dizendo que o fim
das vendas caóticas de Silk Road é "estruturalmente positivo". Sério?
Isso é consolo para quem perdeu a aposta num cavalo manco.
A verdade nua e crua: Trump prometeu um touro selvagem e
entregou uma mula empacada. Sem dinheiro novo, sem ousadia, só um governo
remexendo os bolsos dos bandidos que já pegou. O mercado queria um foguete;
ganhou um estilingue. E enquanto isso os preços estão estagnados.
Parece que só sobrou o dinheiro que vai ser confiscado dos
traficantes, mercenários e outros que usam esse meio de circulação para
engordar essas reservas estratégicas. Imagino que ninguém vai ficar torcendo
para que esse tipo de transação cresça. Mesmo assim, tenho uma má notícia: isso
não representará dinheiro novo, pois as moedas já foram adquiridas. Por último,
resta o aventureiro do Michael Saylor, que pode estar certo de ter seus dias
contados, pois seu endividamento vai bater no teto em algum momento. Deve ficar
feliz se seu rating não for rebaixado, o que levaria alguns investidores de
seus títulos a terem de vender. Mas o grande risco é uma queda no preço do
bitcoin: quanto mais alavancado ele estiver, mais rápido suas ações virarão pó.
Análise Técnica
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Do ponto de vista da análise técnica, meus comentários no
post “mundo de lucro rápido” foram: “a onda 4 azul parece não ter
terminado. No gráfico, usei essa onda como sendo flat, o que implicaria uma
pequena queda até os níveis destacados no retângulo – entre U$ 90,1 mil e U$
87,5 mil”.
O bitcoin chegou à mínima de U$ 78,2 na semana passada e
desde então houve uma leve recuperação. O tempo está passando e a cripto
precisa reagir para dar fim à onda 4 azul, no intuito de terminar esse
movimento em níveis superiores às máximas. No curto prazo, ainda não se pode
notar 5 ondas.
Agora, para quem está comprado, o maior risco é essas ondas
terem terminado, conforme apontei com símbolo vermelho. Se for assim, o bitcoin
está a caminho da onda IV azul, ao redor de U$ 50 mil. Quando isso
acontecer, Michael Saylor vai estar em maus lençóis.
No post “A incerteza volta”, fiz os seguintes comentários
sobre a Nasdaq 100: “Eu tenho duas contagens que não diferem muito no curto
prazo e ambas têm o seguinte dilema: os níveis atuais são uma oportunidade de
compra ou, numa recuperação que terá a seguir, deve-se vender?”
A Nasdaq 100 está testando os níveis apontados a seguir de
20.2 mil / 20.0 mil; depois, mais abaixo, se encontra a marca de 19.6 mil ou
ainda 19.0 mil, o que não seria nada dramático não fosse o fato de já ter caído
10% da máxima. Antes que meu amigo pergunte, não me aventuro a sugerir uma
compra. Vou esperar as 5 ondas.
Em relação à Nvidia, comentei: “Para verificar a opção da
correção da onda 4 vermelha estar ainda em andamento dentro das linhas
pontilhadas, poderia chegar ao nível de U$104 (-15%) – U$98 (-20%). Acredito
que ninguém quer experimentar para ver. Ficamos na expectativa de 5 ondas ou observando
o que ocorre para baixo”.
Tudo indica que a NVDA caminha para os níveis apontados no
retângulo. Mesmo com resultados fantásticos e perspectivas muito boas para o
futuro, se chegar nesses níveis – US$ 106/ US$ 104 – US$ 98, apontará uma queda
entre 27% ou 30%. O responsável não é a empresa em si, mas Donald Trump, com
suas medidas atabalhoadas.
John Authers expõe, na Bloomberg, a fragilidade dos fundos
ativos enquanto o mercado sofre com a incerteza tarifária da era Trump. O
relatório SPIVA da S&P é implacável: pelo 15º ano consecutivo, a maioria
dos fundos mútuos large-cap não conseguiu superar o S&P 500. A lógica é
simples e cruel — eles detêm o índice coletivamente, mas as taxas corroem os
retornos, deixando-os para trás. Um terço até bate o mercado, mas isso não muda
o veredicto.
O Global Investment Returns Yearbook reforça o argumento com dados cortantes: de 1990 a 2020, 52% das ações globais perderam valor, e 71% ficaram abaixo do mercado. Os 5% melhores carregam quase todos os ganhos. Para os gestores ativos, é uma missão quase impossível — acertar nessas poucas estrelas ou afundar. Authers cita Anu Ganti, da S&P, que aponta custos e a concentração de retornos como barreiras intransponíveis.
Enquanto tarifas bagunçam o cenário econômico, o texto de
Authers deixa uma lição evidente: a gestão ativa é um jogo de probabilidades
desfavoráveis. Para mim, entusiasta por fundos passivos, o recado é cristalino
— o índice é rei, e ponto. Em vez de apostar em palpites caros, o investidor
sábio abraça a simplicidade que vence. O futuro premia aos que seguem o
mercado, não aos que tentam superá-lo.
O S&P500 fechou a 5.770, com alta de 0,55%; o USDBRL a 5,7894, com alta de 0,45%; o EURUSD a € 1,0846, com alta de 0,58%; e o ouro a U$ 2910, sem variação.
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