O embrolho político de economias divergentes

Acredito que boa parte dos leitores conhece Mohamed El-Erian profile, ex- executivo da Pimco, uma das maiores administradoras de fundos profile. Desde que saiu dessa empresa, por discordar de seu par Bill Gross, dedica-se a atuar como articulador e comentarista de vários meios de comunicação, inclusive da Bloomberg.

Quero comentar um artigo que ele publicou recentemente, onde coloca sua visão sobre o mundo de uma forma didática. As informações aqui, são fruto desse documento.

O mundo está caracterizado, de uma forma crescente por divergências - na performance econômica, políticas monetárias e nos mercados financeiros. Essas, divergências contribuíram na volatilidade vista nos mercados de bolsa, e num movimento fora do comum no mercado de moedas. E esses movimentos não estão retrocedendo, colocando pressão no ainda tenso sistema político.

As economias mundiais podem ser classificadas em quatro categorias: O primeiro grupo inclui países como a Índia e os USA, onde essas economias estão expandindo, permitindo a elas, ultrapassar os desequilíbrios financeiros. O segundo grupo é exemplificado pela China, que está passando por uma desaceleração suave para um novo patamar de crescimento. Embora menor que a dos últimos anos, mas que, é adequado para suportar um progresso, no sentido de aumentar melhores rendimentos e a estabilidade financeira.

O terceiro grupo inclui economias - como o Brasil, várias da zona do euro, e o Japão - que não estão crescendo suficientemente rápido, e correm o risco de novas quedas. E finalmente, o quarto grupo consiste de coringas econômicos e financeiros, como a Grécia e a Rússia - países que conseguem reconquistar o crescimento e estabilidade financeira, mas podem facilmente implodir, levando ondas pela Europa e além.

A divergência é tanto um fenômeno político, como econômico e financeiro. Superá-la - e assegurar um crescimento global estável - vai requerer uma sensível política nacional e coordenação multilateral. Infelizmente, ao contrário, pois um ambiente desordenado na política nacional e internacional prevalece, impossibilitou essa abordagem.

Entretanto, políticas monetárias experimentais nas economias avançadas - como a iniciada pelo ECB esse mês - desacelerou o ciclo vicioso de economias com performance abaixo da média e políticas confusas.

Ainda mais, forças de mercado ganharam ainda mais importância na tentativa de conciliar as divergências econômicas globais, conduzindo a dramáticas mudanças nas taxas cambias. A lista de moedas que se enquadram - onde inclui-se  a queda de 25% do euro, um recorde histórico para o peso mexicano, uma desvalorização desordenada do real e outras moedas de países emergentes - está crescendo dia-a-dia. Mesmo economias saudáveis como a Coréia do Sul, está incentivando enfraquecer sua moeda, deixando os USA sozinhos para tolerar uma apreciação significativa.

Para mostrar os extremos vividos pelo câmbio ultimamente, o gráfico a seguir, mostra algo inusitado, onde a volatilidade das moedas, é hoje, superior à da bolsa de valores.



O mercado de moedas, por si só, não trará um balanceamento global necessário. Melhores políticas, nacionais, regionais e globais são essenciais - e elas requerem melhores políticas.

Um número grande de políticos ao redor do mundo, não conseguem - ou querem - preencher suas responsabilidades de governança econômica. Isto é particularmente lamentável, dado que existe um amplo consenso, em relação aos componentes técnicos necessários de repostas: Reformas estruturais para renovar os motores do crescimento, esforços para rebalancear demanda agregada, e eliminação de créditos em excesso. O que está faltando é implementação.

Mas os governos não parecem superar sua disfunção tão cedo. Nos USA, o Congresso e executivo estão imobilizados num beco sem saída. O sistema político europeu está sendo chacoalhado pelo crescimento de partidos populistas, muitos ganhando suporte com uma plataforma ante européia.

Nos países emergentes, o Brasil imerso em escândalos de corrupção múltiplos, A liderança Russa continua engajada em suas aventuras regionais, não se preocupando com o impacto econômico devastador.

A economia mundial encontra-se numa conjuntura crítica. A maioria dos economistas concordam no que é necessário para evitar um nova rodada de perda de oportunidades de crescimento, emprego inadequado, instabilidade financeira, e piora na desigualdade.

Banco Centrais e mercados não podem alcançar um reordenamento global ordenado, por si só. Tão difícil como possa parecer, os políticos precisão perseguir respostas compreensivas. Quanto mais eles demorarem, menos efetivos serão seus resultados.

No post Dilma-plano-b, eu comentei que o ouro estava se aproximando de um nível (US$ 1.135) que poderia acelerar o movimento de queda. Porém, isso era antes da reunião do FED na semana passada. Desde então o metal experimentou um alta de US$ 45, e traçou um movimento de curto prazo alentador.

Vou aguardar uma melhor identificação dos níveis para sugerir uma operação de compra. Os dados de momentum continuam ainda muito negativos, e para eu poder ter uma segurança maior que se trata de uma mudança da direção vista nestes últimos três anos, o ouro vai ter que "mostrar" resultado. Por enquanto vou tratar esse trade, se e quando acontecer, como de curto prazo. Imagino que o nível será ao redor de US$ 1.160 - US$ 1.170. 

O SP500 fechou a 2.104, com queda de 0,14%; o USDBRL a R$ 3,1333, com queda de 2,90%; o EURUSD a 1,0951, com alta de 1,21%; o ouro a US$ 1.190, com alta de 0,70%.
Fique ligado!

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