Fuja do CDI
Eu fico impressionado como algumas tendências em finanças
demoram a sair da moda. O CDI, depois de vários anos considerado o melhor
indexador para as aplicações financeiras, deixou de ser atraente. Mesmo assim,
noto que a maioria das aplicações e indexadores dos fundos mantem esse
parâmetro.
Eu praticamente não tenho mais nenhum investimento indexado
ao CDI. Vejamos o que diz a matemática, bem como as expectativas para o futuro.
A taxa SELIC alcançou sem maior nível em julho de 2015 ao
atingir 14,25% a.a. – que saudades! Hahaha .... Esse nível prevaleceu até
outubro de 2016, quando o COPOM voltou a reduzir os juros básicos da economia.
Desde então o BCB deve terminar o ciclo de queda de juros nesta semana levando
essa taxa para 6,75% a.a., a menor taxa da história recente no Brasil.
Para quem não sabe, a taxa do CDI é uma “irmã” mais novo da
taxa SELIC. Enquanto o primeiro mede a taxa de troca de reservas entre os
bancos lastreadas em títulos privados, a segunda tem a mesma finalidade, porém
com lastro em títulos públicos. Quando o mercado está bastante liquido a taxa
CDI tende a ser mais baixa que a SELIC – situação que prevaleceu e prevalece no
mercado financeiro. E ao contrário, tende a ser mais elevada quando a liquidez
está mais escassa.
Em meus cálculos a seguir, vou utilizar um diferencial
negativo entre ambas (CDI – SELIC) de 0,20% a.a. Mesmo assim, notarão que o resultado não se
altera caso esse diferencial não seja exatamente este.
A tabela acima busca analisar qual o juro real se pode
esperar considerando algumas hipóteses para a taxa SELIC, bem como para a
inflação medida pelo IPCA. Na coluna do CDI, como podem notar, associei uma
postura simétrica, onde existe mais simulações para a taxa subir ao invés de
cair. Mais adiante comento sobre essa assunção.
Em azul destaquei o que se pode esperar para esse ano
segundo as previsões dos analistas, como podem observar, o juro real será da
ordem de 2,5% a.a. Para 2019 desataquei em amarelo as previsões dos analistas
como sendo SELIC a 8% a.a. e inflação de 4,25%. Nesse caso o juro real esperado
seria de 3,4% a.a.
Observem que os analistas preveem uma alta da taxa SELIC
daqui até o final de 2019, de 225 pontos. Duvido! Acredito que a taxa SELIC
permanecerá um bom tempo no patamar atual, ainda mais que a probabilidade de um
candidato de esquerda assumir caiu drasticamente com a eliminação do Lula. O
mais provável é que os juros reais no próximo ano repitam o nível atual.
Assim, vamos entrando na normalidade de um país em termos de
estrutura de juros, onde o juro de curto prazo é menor que os de longo prazo,
penalizando quem permanece nesse tipo de investimento.
Vale aqui uma observação nos títulos emitidos através de
debentures. Observo a oferta de empresas oferecendo remuneração atrelada ao CDI
com prazos de vencimento longos, de 5 a 7 anos. Não entrem nessa, não me parece
uma boa opção, mesmo que paguem juros aparentemente atraentes de 100% do CDI
líquido.
- David, espera um
pouco, não estão ruins assim, existem títulos que pagam 105% do CDI.
Meu amigo, 5% de pouco é menos ainda! No nível atual
equivale a um aumento na taxa de 0,3% a.a. Isso era bom com juros a 14% a.a.,
quando o juro era elevado, agora são migalhas ....
A área em verde - nenhuma menção ao Palmeiras que está com
um timaço e com obrigação de vencer, são os juros que se pode obter investindo
em NTNBs de prazo relativamente curtas. Notem que é pouco provável que a
combinação de CDI e inflação aconteçam, para ser mais atrativo que esses
papeis. Assim sendo, recomendo comparar esses títulos.
Se você quiser ser um pouco mais agressivo, sugiro a compra
de papeis prefixado, as LTNs com prazo de 3 a 5 anos. São as melhores opções
vista de hoje, mas reconheço que são mais arriscadas que as NTNB. Mesmo assim,
merece um pedaço de seu portfólio.
E para finalizar, recomendo 0% em CDI!
O mercado teve uma reação mais violenta na última
sexta-feira, após o anuncio dos dados de emprego. Para ser honesto, não achei
que foi para tanto, na verdade o que acabou acontecendo foi uma serie de
resultados mais positivos que culminou com esse último elemento. As bolsas foram bastante afetadas se
considerado a baixa volatilidade que prevaleceu por tanto tempo.
Em relação ao SP500, os leitores do Mosca sabem que espero uma correção mais pronunciada em algum
momento. Pode ser que, o movimento ocorrido seja o início, mas ainda é muito
cedo para fazer essa afirmação. Nossa posição foi estopada e vou aguardar mais
alguns dias para um eventual trade que pode ser em qualquer direção – na compra
ou na venda. Sem viés no momento.
No post cumprimentos-ou-mão-obra, fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: ...” existe
uma chance de o dólar corrigir nos próximos dias o que permite a sugestão de um
trade na venda, com nas seguintes condições: venda de dólar a R$ 3,23 com
stoploss a R$ 3,30. A aposta é que desta vez o triângulo será rompido para
baixo” ...
Naquele momento havia dúvidas se uma recuperação poderia
acontecer, tanto é verdade que “meu amigo” perguntou:
...”- David, e se não
subir até esse nível?
Está ficando craque!
Se isso não acontecer, antes de eu ajustar o nível de entrada em função do
movimento do preço, provavelmente vamos vender ao redor de R$ 3.10.
- Então vende já!
Eu sei que parece
lógico, mas se eu vender agora, teria que manter o stoploss no nível acima,
arriscando uma perda maior que o desejado” ...
No gráfico a seguir, notem que o dólar chegou bastante
próximo do nível de rompimento inferior a R$ 3,12.
Hoje o mercado atingiu nosso nível de venda do dólar a R$
3,23. O stoploss foi definido a R$ 3,30, e mesmo que sejamos stopados não
significa que mudarei de ideia, a de que o dólar continuará caindo frente ao
real. Somente acima de R$ 3,50 a situação se complica.
A bolsa de valores americana fechou em forte queda de 4,10%.
Em apenas uma semana a queda foi de 7,5%, e para quem estava acostumado a
oscilações de menos de 0,5% num dia, essa volatilidade vai assustar muita
gente. As chances de podermos estar começando a correção maior que eu estava
esperando aumentaram sensivelmente. As quedas no bitcoin também se aceleram nos
últimos dias. Hoje chegou a negociar abaixo de U$ 7.000.
O SP500 fechou a 2.648, com queda de 4,10%; o USDBRL a R$
3,2627, com alta de 1,39%; o EURUSD a € 1,2383, com queda de 0,62%; e o ouro
a U$ 1.337, com alta de 0,37%.
Fique ligado!
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