Problemas na cozinha
Foi publicado o IPCA de novembro que ficou em 0,51%, em 12
meses passou de 2,54% para 3,27%, ainda abaixo a da meta do Banco Central de
4,25%. A principal causa para a elevação dos preços foram os efeitos, no setor
global de proteínas animais, da gripe suína na China, que levou a uma enorme
redução da produção chinesa de carne de porco, super consumida pelo país
asiático. Com isso, a China está pagando um ágio sobre o preço externo da carne
bovina brasileira. Com essa prática de pagar ágio, a China passou a absorver
quantidades crescentes da exportação brasileira. Para se ter uma ideia, em
2016, 20% da exportação de carne do Brasil ia para a China. Hoje, essa
proporção é de 55%.
Mas não foi só a carne que teve impacto sobre o índice, a
Habitação passou de ( -0,61% para 0,71%), que subiu puxado pela energia
elétrica – a tarifação estava em bandeira vermelha, agora passou para
amarela. Contando com menor volatilidade,
a média dos núcleos de inflação, acelerou de forma modesta (0,21% para 0,23%).
Outros fatores que mitigam uma alta generalizada da inflação
podem ser notados nos preços livres que se encontram ainda abaixo de 3%, passou
de 2,66% para 2,94%), e principalmente o índice de difusão permanecendo no
mesmo patamar de 55%.
O choque de alimentos acabou se antecipando, era esperado
que seus efeitos iniciassem a partir de 2020, desta forma, a Rosenberg acabou
ajustando sua previsão do IPCA em 2019 para 4% a.a., mas mantendo em 3,5% para
2020, projetando que os efeitos de segunda ordem deste choque não terão
dimensão relevante sobre os demais preços; por fim, os efeitos da recuperação
mais moderada, bem como da introdução nova POF (*), devem colaborar por uma
inflação mais baixa.
(*) visa
mensurar as estruturas de consumo, dos gastos e dos rendimentos das famílias e
possibilita traçar um perfil das condições de vida da população brasileira a
partir da análise de seus orçamentos domésticos.
Acredito que com esse cenário de inflação para os próximos
meses, acrescido da recente desvalorização do real, o Banco Central deve
terminar o ciclo de redução de taxas, na próxima reunião em dezembro,
promovendo uma última redução de 0,5%. Sendo assim, a taxa Selic deverá
permanecer por um tempo em 4,5% a.a. Isso deverá ocasionar uma reprecificação
pelo mercado, das taxas de juros, principalmente as pré-fixadas que continham
embutido mais quedas.
- David, será que a
inflação vai voltar?
Não acredito que isso irá ocorrer, veja que os motivos dessa
elevação são específicos e momentâneos. Tanto os alimentos como a energia
tendem a se acomodar mais à frente. Por outro lado, a interrupção por parte do
Banco Central, me parece prudente nesse momento.
A criação de empregos nos EUA no mês de novembro foi
excepcional, com 266 mil novas vagas, levou a taxa de desemprego para 3,5% a
menor em 50 anos (imagino o que O Trump está postando em seu Twitter agora), os
salários em 12 meses se elevou para 3,1%. Observando os setores onde ocorreu
essas contratações, foi positivo em todos os segmentos, mesmo na manufatura que
se encontra fraco ultimamente.
Então, o que isso
significa para o Fed? Powell e seus colegas estão quase certamente muito
satisfeitos com este relatório, que oferece algumas justificativas de sua visão
de que a economia está em um bom lugar e que não há necessidade de cortar as
taxas novamente.
Apesar de expressar preocupações sobre uma desaceleração inspirada na guerra comercial, os empregadores estão respondendo a um mercado de trabalho apertado com salários um pouco mais altos. Isso também será bem-vindo ao Fed, que ficou desapontado com os ganhos insignificantes dos salários. E não há nada de inflacionário no relatório - nenhuma taxa de indicação precisaria subir mais cedo para evitar preços muito altos.
Na próxima semana
vou comentar sobre a nova previsão dos economistas em relação aos juros nos
EUA, e essa estatística ocorreu antes da publicação de hoje. Realmente, a vida
de eocnomista não é fácil!
No post aposta-atômica, fiz os seguintes comentários sobre os juros de 10 anos:
... “Barreira para a baixa –
Para que a correção do movimento de baixa, que ocorre desde o final de 2018,
termine é necessário que esse nível de 1,95%/2% não seja ultrapassado” ...
... “Porta para a alta –
Por outro lado, se essa região acima não conter os juros e o nível de 2,3% for
rompido, podemos abandonar por um tempo a ideia que o nível de 1,45% seria
visitado novamente” ...
Passados duas semanas sem atualização no Mosca, se o mercado fechar nos níveis
atuais de 1,85%, elevam-se as chances do primeiro cenário prevalecer.
A correção que acontece desde o início de setembro está se
configurando mais longa e complexa. Acima tracei um cenário possível de
acontecer, que levaria os juros a “tomar um folego” e voltar a cair mais
adiante. Tracei uma região em vermelho que é bastante importante não ser
ultrapassado, pois caso isso aconteça, aumentam as chances da opção mencionada
acima “porta para alta”, caso os juros ultrapassem 2,3%.
Continuo sem inclinação de propor um trade nesse mercado,
ainda é muito incerto como as cotações se comportarão nas próximas semanas, aliás,
desde o início de outubro, as mesmas ficaram contidas num intervalo restrito em
1,7% e 1,8%, ora tendendo para um lado, ora para o outro, minando qualquer
tentativa de resultado.
O SP500 fechou a 3.147, com alta de 0,96%; o USDBRL a R$
4,1419, com queda de 1,04%; o EURUSD a € 1,1055, com queda de 0,43%; e o ouro
a U$ 1.459, com queda de 1,09%.
Fique ligado!
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