Aposta atômica
No próximo ano haverá eleições para presidente nos EUA.
Historicamente, os presidentes que no primeiro mandato tiveram uma boa ascensão
econômica foram reeleitos, entenda-se como, bolsa de valores subindo. Nesse quesito, Trump teria os pré-requisitos
para dobrar seu mandato, porém o processo de impeachment pode complicar sua
vida. Como provavelmente, não existe um outro nome do partido Republicano que
seja competitivo, e considerando sua elevada rejeição por parte da população, é
bom analisar o que existe do lado dos Democratas.
Um nome que surgiu como favorito neste momento, é a
candidata Elizabeth Warren, professora da Universidade de Harvard que se tornou
famosa por seus fulminantes interrogatórios de banqueiros facínoras, que tinham
levado o país para o abismo da Grande Recessão. A jurista, com retórica
combativa e progressismo da velha escola, tornou-se a grande dama da esquerda
dos EUA.
A candidata norte-americana tem mais de um plano. Até agora,
quase 20. Se diferencia da infinidade de candidatos de seu próprio partido pela
campanha de grande envergadura que está realizando: com propostas que redefinem
a economia; com um plano para lutar contra a epidemia de opiláceos; um plano
para impor uma taxa aos que chama de “ultra bilionários”; um plano para acabar
com a dívida de Porto Rico; um plano para reduzir a influência das grandes
corporações no Pentágono; um plano que garanta o acesso de todas as mulheres ao
aborto; um plano para acabar com as dívidas que asfixiam os estudantes
universitários; um plano para promover manufaturas ecológicas; um plano para
garantir que qualquer presidente dos EUA em exercício possa ser acusado. E
muitos outros, sem dúvida não vai conseguir realizar tudo que pensa.
Não bastasse isso, resolveu apoiar a soltura de Lula
aparecendo nas redes sociais fazendo o gesto característico com a letra “L”.
Com um discurso de conduzir uma política externa baseada em democracia e
direitos humanos, o oposto do que Trump faz, fortalecendo governos
autoritários, como o Brasil. Esse parece aquele caso quando se diz “se hay governo soy contra”, porque, não
posso acreditar que uma mulher com formação jurista possa defender o Lula.
Não é para menos que o ex-prefeito de Nova York, Michael
Bloomberg estuda se candidatar. Não sei se o objetivo seria não concordar com
uma guinada à esquerda, ou porque ao calcular seu imposto, caso Warren se torne
presidente, chega a bagatela de U$ 3,0 bilhões de dólares. Com esse valor, vale
pagar qualquer campanha.
Com essa retorica, Wall Street está muito preocupado com um eventual
governo comandado por Warren. Um consenso se formou que caso vença as eleições,
as bolsas deveriam ter queda importante.
O Wall Street Journal publicou uma matéria que pode ter
relação com os fatos acima, afirmando que, os fundos da Bridgewater, dirigido
pelo guru Ray Dalio, comprometeu nada menos de U$ 1,0 bilhão comprando em
opções de venda do SP500 e Euro Stoxx50 para vencimento no próximo mês de março.
Esse valor não corresponde a uma parcela significativa quando comparado ao
volume administrado em seus fundos de U$ 150 bilhões.
Houve um aumento considerável nas opções de venda do índice
S&P 500. O número de opções de venda em aberto do S&P 500 atingiu o
nível mais alto em mais de quatro anos. Também mostram os dados, que houve um
interesse crescente nas opções de venda do S&P 500 com vencimento em março.
Março de 2020 é significativo nas primárias democratas,
porque a maioria dos delegados do partido, necessários para capturar uma
indicação presidencial, será concedida até o final do mês.
Wall Street começou a oferecer análises do que um presidente
Warren poderia alcançar pelo poder executivo e sugerir maneiras pelas quais os
investidores poderiam “apostar” numa candidatura Warren. O Morgan Stanley,
enviou aos clientes comerciais uma “cesta de risco Elizabeth Warren”, descrita
como uma maneira de proteger o risco associado aos seus inúmeros planos.
Recentemente, Ray Dalio publicou uma matéria com o título “
o mundo enlouqueceu e o sistema está quebrado”. Nessa publicação enfatiza o
excesso de dinheiro injetado pelos bancos centrais ao redor do mundo,
criticando com veemência a implementação de juros negativos, sugerindo que o
mundo possa estar num momento de inflexão em termos de juros, pois espera que
mais adiante haverá inflação. Neste material, de forma discreta, comenta sobre
o risco de Warren assumir a presidência americana, onde projeta fortes quedas
das bolsas.
Para um estrategista como Dalio fazer uma aposta desta
magnitude, acredito que de tudo que comentou, e considerando o vencimento curto
desatas opções, mirou no risco Warren. Minha leitura é que, caso ela vença as
eleições as bolsas deveriam cair significativamente. Calculando qual seria o
preço de exercício destas opções, aponta para uma queda superior a 15% do preço
atual. Se estiver certo, e as bolsas caírem, para cada 1% de queda do SP500
abaixo dos 15%, o retorno é de U$ 1,0 bilhão. Por outro lado, se nada disso
acontecer, seu prejuízo será pequeno em seus fundos. Essa é uma “aposta
atômica”! A conferir ...
No post o-sonha-se-transformou-em-pesadelo, fiz os
seguintes comentários sobre o juro de 10 anos:
... “Barreira
para a baixa – Para que a correção do movimento de baixa, que ocorre
desde o final de 2018, termine é necessário que esse nível de 1,95%/2% não seja
ultrapassado” ...
... “Porta
para a alta – Por outro lado, se essa região acima não conter os juros e o
nível de 2,3% for rompido, podemos abandonar por um tempo a ideia que o nível
de 1,45% seria visitado novamente” ...
Embora tenha-se passado duas semanas desde a última
atualização, nenhuma definição surgiu, ficando aberto os dois cenários – um
pouco mais provável a baixa. A única coisa que parece clara é que o juro está
numa correção.
Não tenho nenhuma sugestão a dar nesse ativo, a tônica de
queda que prevaleceu durante os últimos 12 meses, terminou em final de
setembro. Desde então, os juros ficaram contidos entre 1,45% – 1,95% nos
extremos, tendo ficado mais no meio deste intervalo, como agora.
Será que na próxima semana de Black Friday, o juro vai
entrar em liquidação? No início de dezembro haverá última reunião do Fomc, e
embora ninguém espere um movimento de corte de juros, serão publicadas as
projeções da autoridade monetária, e dali o mercado poderá extrair alguma informação
sobre como o Fed enxerga a economia – ou não enxerga, que parece ser o mais
provável! Hahaha ...
O SP500 fechou a 3.110, com alta de 0,22%; o USDBRL a R$
4,1964, sem alteração; o EURUSD a € 1,1022, com queda de 0,32%; e o ouro
a U$ 1.462, com queda de 0,14%.
Fique ligado!
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