É uma miragem ou é real
Quem acompanha os mercados internacionais pode estar um
pouco perplexo com a performance das bolsas de valores, principalmente a
americana. Algumas semanas atrás, o assunto era quando a economia americana
entraria em recessão. Como num passe de mágica, todo mundo esqueceu desse
assunto. Para quem convive nesse meio não fica tão surpreso, pois é assim que
os mercados caminham.
Duas notícias principais acalmaram os investidores: um
possível (ainda não foi assinado) acordo entre EUA e China, e uma provável
(ainda não resolvido) saída para o Brexit. Notem que se foi esse o motivo,
ambos carecem de resolução.
As ações responderam bem a notícias mais econômicas e
políticas. Os dados globais apontam para um possível embasamento da recente desaceleração
do crescimento mundial que envolve 90% dos países, segundo o Fundo Monetário
Internacional.
Outro fator que também teve impacto nos mercados está
relacionado aos dois bancos centrais mais importantes - o Banco Central Europeu
e o Federal Reserve - que retomaram amplas injeções de liquidez por meio de
grandes compras de títulos no mercado, ampliando massivamente o efeito de uma
nova rodada de corte de taxas em outros lugares. Com isso, os mercados de
ações, juntamente com o mercado de títulos, se consolaram com a noção de que o
Fed pode ter parado, depois de três cortes neste ano.
Com esses ventos de curto prazo diminuindo, os mercados estão prestes a se beneficiar de um maior engajamento de investidores que ainda não adotaram completamente o que muitos sempre chamaram de “compra compulsória”. Afinal, muitos investidores institucionais e o dinheiro de pessoas físicas permanecem relativamente pouco investidos, abrindo a janela para uma vantagem tecnicamente impulsionada, que impele os índices dos EUA para mais altas.
A volatilidade em consequência caiu aos níveis mais baixos
históricos. Para que os leitores tenham uma ordem de grandeza, no passado, a
marca de 20% a.a. era considerada normal. Como podem notar no gráfico abaixo,
hoje se encontra em míseros 5% a.a. Acredito que, os fundos indicias conhecidos
como ETF, são responsáveis em grande parte por esse fenômeno.
O real motivo dessa migração de fundos ativos para fundos
passivos é consequência da má performance dos primeiros nos últimos anos, como
se pode verificar abaixo.
O que mais impressiona é a disparada nas ações de tecnologia
ocasionando uma concentração de valor nas principais ações desse segmento:
Facebook, Apple, Microsoft, Google. Somado o valor da Apple com o da Microsoft,
o resultado ultrapassa o valor das 2.000 ações compostas do índice Russell
2000.
Existe uma crença que as ações sobem no final de ano, como
se fosse um presente de Papai Noel – The
Santa Rally. Todos os anos, os investidores buscam explicações para esse
fenômeno através de pesquisa no Google. Da maneira como o mercado está se
comportando parece que esse ano não será diferente.
Mas essas condições favoráveis de curto prazo pouco fizeram para aliviar as
incertezas de longo prazo, pelo menos por enquanto.
As perspectivas econômicas globais permanecem instáveis, principalmente na Europa, onde as perspectivas de políticas fiscais e estruturais significativas a favor do crescimento são ilusórias. Alguns economistas estão preocupados que, a julgar pelos dados semanais de reivindicações de desemprego, o mercado de trabalho dos EUA possa estar perdendo força. Alguns indicadores prospectivos do crescimento do produto interno bruto já foram revisados para baixo.
Entre tudo isso, os negociadores chineses e norte-americanos estão se
esforçando para chegar a um acordo sobre o que seria, na melhor das hipóteses,
um acordo de "fase um" - sugerindo que a recente diminuição da tensão
poderia muito bem durar pouco, considerando os espinhosos problemas de longa
data que permanecem não resolvidos. Além disso, as intensas injeções de
liquidez do banco central estão ocorrendo em meio a preocupações crescentes com
consequências não intencionais e danos colaterais, especialmente aqueles
associados à dependência prolongada de medidas monetárias não convencionais
(incluindo o risco crescente de instabilidade financeira) e divisões visíveis
na comunidade do banco central. E não se pode esquecer a política nacional,
onde a mudança para políticas mais voltadas para o interior e menos favoráveis
às empresas continua ganhando força, sugerindo que uma pausa - se não uma
reversão definitiva - na globalização econômica e financeira está longe de
terminar.
Como deveria se posicionar os investidores, se ainda existem
tantas dúvidas? Se a postura for de não acompanhar o mercado e aguardar as
confirmações mais solidas, poderá perder a oportunidade. Se arriscar nas compras
e seja o que Deus quiser, poderá amargar prejuízos no futuro. Essa é a razão de
o Mosca usar a análise técnica, que
identificou essa alta quando do rompimento do nível de 3.020 no SP500. Daqui em
diante, cautela (hoje vendemos nossa posição a 3.125, conforme sugerido no post a-chave-mestra: ... “Desta forma, resolvi apertar o stoploss para 3.070, e
aguardar o que ocorre primeiro: ou o nível de 3.125 ou nosso stoploss” ...)
No post interpretações-de-um-macaco-velho, fiz os
seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “Na região em amarelo, compreendida entre
106.000/104.500, podemos considerar normal; abaixo, e até 103.500 (vermelho), o
nível de retração pode se considerar estendida; e no máximo (verde), a
contenção deveria se reter pela reta cinza, ao redor de 102.000” ...
A bolsa brasileira está sofrendo influência das
manifestações que vem ocorrendo na América Latina. Inicialmente foi o choque da
eleição argentina liderado por um candidato peronista, Alberto Fernádez, que
convidou o Lula para sua posse, uma vez que, Bolsonaro se recusou a ir. Uma possível
renegociação da sua dívida externa deverá ocorrer logo de sua posse; depois, a
chocante rebelião no Chile, país tido como modelo; e por último a Bolívia que
se encontra com uma governabilidade instável. Tudo isso, criou pressão no dólar
bem como na bolsa de valores brasileira.
Com uma janela mais curta publicada a seguir, anotei o trecho
onde a queda que estamos presenciando deveria ser contida, que coincide com os
intervalos acima. No momento a bolsa se encontra no primeiro nível, sem nenhuma
garantia que a queda tenha terminado. No momento, resta aguardar os próximos
dias.
O SP500 fechou a 3.120, sem variação; o USDBRL a R$ 4,1932,
com queda de 0,58%; o EURUSD a € 1,1077, sem variação; o ouro a U$
1.474, com alta de 0,40%.
Fique ligado!
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