Sinal de vida
Vou começar fazendo algumas observações sobre o Megaleilão
dos excedentes da cessão onerosa do pré-sal, que decepcionou os investidores.
Pela repercussão publicada, antes desse evento, combinado com a queda do dólar
observada nos últimos dias, tudo fazia a crer que seria arrecado os R$ 106
bilhões projetados. Mesmo que não houvesse pagamento de ágio, essa projeção
seria um sucesso.
Nós que não somos do ramo sabemos que o petróleo é uma
commoditie em declínio, não que irá se tornar escassa como fazia crer estudos
de décadas atrás, mas porque os carros usando energia elétrica se encontram em
franca expansão bem como a preocupação com o meio ambiente, muito destacada
pelos jovens. Mas não posso assumir que, essas empresas de petróleo não consideraram
esses fatos.
Por tudo isso, fico com as seguintes dúvidas sobre esse
resultado. As empresas estrangeiras não participaram do leilão - com exceção de
duas empresas chinesas com participações diminutas acompanhando a Petrobras,
por qual motivo: preço; desinteresse; ou falta de confiança no governo?
Não é anormal empresas interessadas num leilão participar da
concorrência mesmo que não tenham intenções de compra, seus objetivos são
conhecer mais a fundo os projetos e entender a precificação feita pelo
vendedor. Agora é incomum criar uma expectativa de sucesso, sem que o vendedor
tenha indicações fortes que haverá demanda. Alguém comeu bola!
Vou comentar rapidamente o resultado do IPCA de outubro. O
índice do mês publicado foi 0,10%, superior a expectativa de - 0,07%. A
variação acumulada em 12 meses passou de 2,89% para 2,54%, abaixo do piso da
meta (2,75%). Os preços livres também apresentaram queda passando de 2,90% para
2,66%, enquanto a difusão permanece estável ao redor de 55%.
A projeção da Rosenberg para o IPCA em 2019 é de 3,4% e 3,5%
para 2020. Notem no gráfico a seguir
que, desde 2017, a inflação permanece abaixo do centro da meta, isso indica que
o banco central deveria ter baixado os juros há mais tempo. Podemos concluir
que a inflação continua sem inflação!
Na Europa alguns resultados recentes apontam para uma
pequena melhora, ou talvez não piora! O PMI de serviços em 52. 2, levantado
pela empresa Markit, foi um pouco superior as expectativas.
As vendas ao varejo na zona do Euro também ficaram acima da expectativa
dos analistas, embora mesmo nesses últimos meses, onde os resultados em geral foram
horríveis, não chegou a ficar negativo.
E por último, o índice de surpresa publicado pelo Citibank,
depois de chegar a níveis próximo de -100, se recupera aproximando-se de 0.
Embora essa marca não deveria ensejar grande comemoração, haja visto que, das
últimas vezes, ao atingir essa marca voltou a cair. Quem sabe desta vez será
diferente.
Os juros dos títulos alemães subiram das mínimas atingidas
em agosto. Não me entendam mal, não estou querendo dizer que finalmente
ultrapassaram a barreira do 0%, apenas ficaram menos negativos. Essa alta fez
com quem estava com esses títulos na carteira, tivesse um prejuízo dobrado,
tanto no carregamento da posição, bem como na marcação a mercado. Para quem
entendam melhor esse efeito recomendo a leitura do post a-matemática-do-juro-negativo.
Será que a Europa está dando um sinal de vida?
No post a-mais-valiosa-opção-de-venda, fiz os
seguintes comentários sobre o SP 500: ... “No momento a bolsa se encontra exatamente no ponto de
ruptura a 3.025. No trade proposto, sugeri um stoploss a 2.970, mas prefiro
apertar um pouco mais esse nível para 3.000. O motivo é que, se o rompimento é
para valer, a bolsa não tem nada a fazer muito distante do patamar de hoje” ...
Na semana passada eu estava receoso quanto a um possível false break, porém passados esses dias e
considerando a evolução de preços nesse período, se pode praticamente descartar
essa hipótese. No longo prazo, a bolsa continua com um objetivo apontado há
algum tempo pelo Mosca de 3.250, e
outros mais acima, conforme relatado no post nem-o-cambio-impacta-mais-inflação. Mas
mesmo que, esses objetivos se mostrarem corretos, muita água vai rolar até lá.
No curto prazo, o nível de 3.125 parece ser um ponto onde o
SP500 pode entrar numa correção. Enquanto estiver contido entre as duas retas
paralelas, o nível projetado parece factível.
A não ser que haja uma explosão de preços fazendo com que o
SP500 acelere sua alta acima dessas retas, o movimento se mantem confinado
entre elas. Sendo assim, vou atualizar o stoploss para o nível de entrada
3.030. Caso aconteça a explosão de preços, vou analisar com mais detalhes se
altero o objetivo de curto prazo.
O SP500 fechou a 3.085, com alta de 0,27%; o USDBRL a R$
4,1004, com alta de 0,42%; o EURUSD a € 1,1049, com queda de 0,14%; e o ouro
a U$ 1.468, com queda de 1,50%.
Fique ligado!
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