O sonho se transformou em pesadelo
Não vou comentar a decisão do STF de modificar o
entendimento sobre prisão em segunda estancia. Esse tipo de situação me faz
crer que o Brasil ainda tem um extenso caminho rumo a moralidade. Talvez um
dia, na geração dos meus filhos ou netos. Na minha, perco as esperanças. Vamos
observar a reação da sociedade e principalmente do Congresso que poderá
reverter essa medida.
Durante alguns meses o mundo viveu um inferno, com a
insegurança ocasionada pela guerra Comercial entre China e EUA, Brexit, e a
fixação do mercado sobre quando começaria a recessão, os mercados reagiram em
conformidade. Talvez o único ativo que acabou sofrendo menos com essa situação
foram as bolsas de valores. Já no mercado de bonds, se disputava qual seria o
montante total de títulos com juros negativos, batendo recordes diários. Nos
EUA, não podia ser diferente, ou melhor, tão diferente. Com a curva de juros
ainda no território positivo, a atenção se voltava no diferencial de juros
entre os vencimentos curtos e os longos, cuja obtenção de resultados negativos
nessa métrica, apontaria a iminência de uma recessão.
Porém, no início de setembro, o jogo começou a mudar, os
juros mais longos estacaram a queda e iniciaram um movimento de recuperação. O
primeiro sinal de aperto de liquidez no mercado interbancário americano surgiu.
No post ataque-pela-retaguarda, o Mosca
relatou como a taxa de fundos de curto prazo chegou a 4,75%, notem que
naquele momento o mercado estava apostando quantas quedas de juros ainda teria
pela frente. O Fed decidiu intervir diariamente, e logo em seguida anunciou um
programa para compra de títulos segundo uma frequência de U$ 60 bilhões por
mês.
Passados 2 meses dessa ação, seria razoável imaginar que o
volume de intervenção tivesse retrocedido, pelo menos marginalmente, mas ao contrário,
tem crescido.
O leitor poderia ser levado a imaginar que o ritmo de compra
de títulos pelo Fed poderia estar muito lento. Pela ilustração a seguir, não
parece ser esse o caso. Uma estimativa visual nos leva a um total de U$ 300
bilhões.
A emissão de títulos é feita pelo Tesouro que possui contas
separadas do banco central. Talvez o motivo que justifique esse aperto seria
pela emissão de bonds por parte do governo com retenção desses valores no
caixa, sem que essa liquidez circule pelo mercado. Eles não se falam?
Essa pressão associada a expectativas menos ruins para a
economia mundial, fizeram com que as taxas de juros nos EUA sofressem uma
reversão. Nos mercados futuros esperava-se uma queda de aproximadamente 0,50%,
agora o que precificado é mais uma queda de 0,25%.
Sem entrar na tecnicidade, a forma como o Fed está atuando
tem como subproduto a abertura de taxa entre os títulos curtos e longos.
Acredito que sua intenção ao implementar dessa forma, seja dupla: gerar
liquidez com papeis curtos e dificultar a inversão da curva de juros. A melhora
observada, além da atitude do Fed, ocasionou que, o diferencial de juros
ficasse positivo qualquer que seja a métrica de vencimento adotada, veja a
seguir.
Assim como, existem noites que temos pesadelos horríveis,
outras somos presenteados com sonhos. Porém, ambos passam, pois, a maioria das
noites não se sonha. Assim parece ter acontecido nos mercados, os pesadelos de
alguns meses se tornaram sonhos com um momento mais positivo. Agora o que é
incrível, é como essa mudança na curva de juros não se tornou manchete dos
jornais, só do Mosca! Aqui também
vale aquela tônica que é mais fácil vender desgraça.
No post melhor-não-entender-de-contabilidade, fiz os
seguintes comentários sobre o juro de 10 anos ___ : ...
“Notem que estabeleci dois patamares com definições muito diferentes:
Barreira para a baixa – Para que a correção do movimento de baixa, que ocorre
desde o final de 2018, termine é necessário que esse nível de 1,95%/2% não seja
ultrapassado (esse é um pequeno ajuste das afirmações anteriores onde mencionei
o patamar de 1,9%).
Em outras palavras, se o juro
ainda tem chão para cair, ao atingir o patamar acima, o movimento de queda deve
ganhar tração.
Porta para a alta – Por outro lado, se essa região acima não conter os juros e
o nível de 2,3% for rompido, podemos abandonar por um tempo a ideia que o nível
de 1,45% seria visitado novamente” ...
No post acima tinha
observado outras possibilidades que acabaram sendo eliminadas, haja visto que,
os juros se encontram na região apontada como “barreira para a baixa”. Naturalmente,
a probabilidade de alta agora é mais elevada, porém é importante que o nível de
2,05% seja rompido.
Por enquanto todas
as possibilidades continuam abertas, tem para todo gosto!
- David, entendo sua dúvida, mas com um revólver na cabeça
qual seria sua opção, juro sobe ou desce?
Sinceramente nessa
situação, o melhor seria rezar! Hahaha ...
No gráfico com
janela mensal publicado a seguir, se pode notar que os últimos 3 meses houve
oscilações de preços, sem que houvesse algo mais definitivo. Não saberia o que propor
nesse momento.
Como apontei no
gráfico, ocorreu o que se denomina de triple botton, que não deixa de
ser uma indicação pela dificuldade de o juro cair abaixo de ~ 1,5%. Em outras
palavras, se essa reversão indicar um mercado de alta de juros, pode ser
significativa. Mas isso não é definitivo, é necessário que o movimento continue
para cima e se acelere.
O SP500 fechou a
3093, com alta de 0,26%; o USDBRL a R$ 4,1637, com alta de 1,55%; o EURUSD a € 1,1016, com queda de
0,30%; e o ouro a U$ 1.458, com queda de 0,64%.
Fique ligado!
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