Interpretações de um macaco velho
A Bloomberg publicou uma reportagem indicando que algumas
das pessoas mais ricas está preparada para uma queda da bolsa.
A maioria dos investidores ricos espera uma queda
significativa nos mercados antes do final do próximo ano, e 25% de seus ativos
médios estão atualmente em caixa, de acordo com uma pesquisa com mais de 3.400
participantes globais. O conflito comercial EUA-China é sua principal
preocupação geopolítica, enquanto as próximas eleições presidenciais americanas
são vistas como outra ameaça significativa para as carteiras.
"O ambiente geopolítico em rápida mudança é a maior
preocupação dos investidores em todo o mundo", disse a diretora de
estratégia de clientes do UBS GWM. "Eles veem a interconectividade global
e as reverberações das mudanças impactando seus portfólios mais do que os
fundamentos tradicionais dos negócios, uma mudança acentuada em relação ao
passado".
Quase 80% dos entrevistados dizem que a volatilidade
provavelmente aumentará e 55% acham que haverá uma liquidação significativa do
mercado antes do final de 2020, de acordo com o relatório que foi realizado
entre agosto e outubro e entrevistou pessoas com pelo menos US $ 1 milhões em
ativos. Sessenta por cento estão pensando em aumentar ainda mais seus níveis de
caixa, enquanto 62% planejam aumentar a diversificação entre as classes de
ativos.
É um sentimento compartilhado por Stephen Lansdown,
co-fundador bilionário da empresa de serviços financeiros Hargreaves Lansdown
Plc. Falando em um evento para lançar uma pesquisa da Guernsey Finance sobre
famílias ricas no mês passado, ele disse que "tem muito dinheiro disponível
no momento" porque os mercados o decepcionaram
Ainda assim, parece que a cautela dos investidores é
estritamente para o curto prazo. Quase 70% dos entrevistados em todo o mundo
estão otimistas sobre o retorno do investimento nos próximos 10 anos.
"O desafio é que eles parecem querer responder" à
incerteza de curto prazo "reduzindo realmente seus horizontes de tempo e mudando
para ativos como caixa que são seguros", disse Michael Crook, diretor
administrativo da equipe de estratégia de investimentos. Embora muitas dessas
pessoas invistam em um horizonte temporal ao longo de décadas e para as
gerações futuras, "isso parece uma incompatibilidade".
À primeira vista esse artigo parece preocupante, afinal, se
o pessoal mais rico está vendendo devem saber de algo que nós não sabemos. As
vezes isso pode ser verdade, porém se encaixa em casos específicos, o que não é
essa a situação.
Uma análise mais detalhada desse artigo não me causa esse
impacto. Minhas razões se devem ao fato desses investidores a terem vendido suas
posições e os recursos estão em caixa. Mesmo eles vendendo o mercado não caiu,
ao contrário se encontra nas máximas. Provavelmente, neste momento devem estar pensando
em recomprar suas posições, se já não o estão fazendo.
Minha experiência de mercado me forneceu algumas dicas em
situações semelhantes, que posso resumir.
1.
Quando uma notícia ruim ocasiona uma pequena
queda ou nenhuma, o mercado está forte. A recíproca é verdadeira, se uma notícia
boa não segura a queda, pode vender.
2.
Quando se notícia que um grande investidor, ou
grupo de investidores, tomaram determinada decisão. Daqui em diante, eles
torcem para que os outros o sigam, pois, sua próxima operação será inversa
(comprar se venderam, e vender se comparam). Se ninguém seguir, vão entrar novamente
em condições piores.
No caso em questão, a última tabela acima, mostra que a
grande maioria ainda está otimista quanto ao futuro, sendo assim, diminui ainda
mais o efeito dos clientes mencionados na pesquisa.
Mas como saber qual será a reação do mercado? Eu me baseio
nos gráficos como fonte dessa informação. É através dele que busco identificar
uma mudança de direção, ou continuidade do movimento.
Macaco velho, é macaco velho!
No post decisão-sob-outra-ótica, fiz os seguintes comentários
sobre o Ibovespa: ... “dois cenários diferentes, que
podem acarretar reversões em níveis distintos. O primeiro se encontra muito
próximo a 109.000/110.000, e o segundo por volta de 120.000 “ ... ... “o
mercado vai no seu sentido, um “obstáculo” calculado surge a frente, segundo a
análise técnica. De antemão, não se pode saber se nesse ponto haverá a
reversão, e nem tampouco qual sua extensão” ...
O Mosca não tinha nenhuma
informação sobre o leilão do pré-sal, nem tampouco da soltura do Lula, que acabaram
acontecendo na semana passada. Mas a análise técnica mostrava que esse nível seria
difícil de ser ultrapassado. A máxima foi de 109.600 exatamente no intervalo
indicado. Coincidência? Não parece.
Situações como essa, das quais vocês já presenciaram durante
a existência do blog vai dando mais credibilidade a essa ferramenta.
Como fica daqui em diante? Comentei diversas vezes que a
interpretação técnica da bolsa brasileira permite algumas possibilidades. Sendo
assim, fico aberto a uma possível reversão como cenário alternativo. Trabalho
com cenário base uma pequena correção conforme gráfica a seguir.
Na região em amarelo, compreendida entre 106.000/104.500,
podemos considerar normal; abaixo, e até 103.500 (vermelho), o nível de
retração pode se considerar estendida; e no máximo (verde), a contenção deveria
se reter pela reta cinza, ao redor de 102.000. Abaixo disso, é necessária uma
reavaliação mais profunda. Nosso stoploss se encontra logo abaixo do primeiro
patamar.
- David, e se formos
stopados, e o mercado reverter um pouco abaixo do stoploss?
Paciência! Não será a primeira vez nem a última. Como se
diz, ossos de oficio (grafista). O stoploss é sempre uma marca que envolve: um critério
técnico associado com sua premissa, uma probabilidade maior de ocorrência, e um
limite de perda desejado. Talvez, o segundo seja o mais comum entre os
analistas gráficos, os outros são mais subjetivos e dependem de cada um.
O SP500 fechou a 3.090, com alta de 0,13%; o USDBRL a R$
4,1627, com alta de 0,22%; o EURUSD a € 1,1008, com queda de 0,22%; e o ouro a
U$ 1.457, com alta de 0,17%.
Fique ligado!
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