Limite máximo



Em dias como hoje, onde é feriado em Nova York, pouca coisa acontece. Sendo assim, vou aproveitar para comentar assuntos relativo ao mercado de ações. Começo com o conceito da construção dos índices que são de conhecimento geral. A primeira pergunta que pode surgir, para quem não conhece a fundo, é como as ações são selecionadas.

O critério mais comum é função da negociação ocorrida num determinado período, no caso do SP500, como o próprio nome diz, são escolhidas as 500 em ordem decrescente de volume. Feito isso, falta definir qual a participação de cada uma no índice, para esse quesito adota-se o que se denomina de market cap, que é o resultado da multiplicação do número de ações de uma determinada companhia pelo preço da sua ação no mercado. Em outras palavras, o seu valor total a mercado. Soma-se o valor das 500 companhias e a proporção será o valor de cada uma pelo total.

Tudo isso é atualizado periodicamente segundo regras bem estabelecidas. Notem que cada índice tem sua particularidade, por exemplo o Dow Jones corresponde as 30 maiores empresas americanas, o Ibovespa tem outras regras.

Vamos nos fixar sobre o SP500. Um analista observando os dados desde 1990 concluiu que toda vez que uma empresa atinge 4% do índice, em seguida, volta a perder esse nível. No gráfico abaixo, se pode observar esse fenômeno. Com exceção da Microsoft e Apple, as outras ações não voltaram mais para esse patamar.


Por que será que ocorreram essas exceções?

O primeiro motivo é pela ampla preferência dos investidores pelas empresas de tecnologia, no gráfico a seguir se pode notar a performance desse setor em relação ao SP500. De uma maneira intuitiva é natural que as grandes empresas de tecnologia devem ter uma participação maior no índice.


O segundo motivo (reflexões do Mosca), tem a ver com a crescente participação dos ETF na carteira dos investidores. O gráfico a seguir mostra a evolução explosiva dos ETFs quando comparado aos fundos mútuos, representando hoje mais de 50% do total.


A gestão desses fundos – ETF, são completamente diferentes dos fundos mútuos. No primeiro o gestor não tem nenhuma opinião sobre as ações que o compõem o índice, não acha nada se está caro ou barato. No outro caso, o gestor tem liberdade para optar por quais os papeis que quer ter na carteira.

Desta forma, quanto maior o volume estacionado nos ETF maior a rigidez desses papeis. É como se metade desses papéis saíssem de circulação. Conforme o volume cresce menos títulos ficam disponíveis no mercado (sem considerar eventual operação de venda a descoberto). Fico com a impressão que, num mercado em alta, os papeis mais demandados tem um impacto maior nos preços - pois estão menos disponíveis, do que se não existissem os ETF.

Essa concentração em ETF poderá acarretar situações imprevisíveis no futuro. Considerando que essa moda deve continuar, pois cada vez mais, os gestores de fundos mútuos terão dificuldade de bater o índice. O gráfico a seguir mostra o que ocorreu em 2018. A distribuição dos resultados diz tudo.


Atualmente, do volume negociado na bolsa americana, 90% corresponde as ordens dos fundos ETF e o restante 10% de institucionais. Para o leitor que não conhece o funcionamento, o gestor de um determinado fundo ETF, tem um pequeno estoque dessas ações para prover liquidez ao mercado, se esse estoque diminui (ou aumenta) ele “monta” (“desmonta”) mais ETF emitindo (resgatando) e comprando (vendendo) as ações correspondentes.

Num raciocínio por absurdo, suponha que a grande maioria dos fundos investidos na bolsa, estivessem em ETF, e um novo recurso quisesse comprar ações da Apple, quem iria vender? Tudo indica que, quanto maior a concentração, maior a chance das ações que compõem o índice ficarem distorcidas. Parece muito estranho!

No post mal-acostumado, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Na última terça-feira, nossa posição foi liquidada conforme observação acima. A máxima neste dia foi de 3.127 recuando em seguida” ... ... “segundo que a reta que estava contendo essa alta não foi rompida na parte inferior” ...

Dito e feito, a bolsa não reverteu e continuou a subir respeitando a linha inferior mencionada acima.

- Xiiiii David, perdeu o barco! Hahahaha ...
Se eu fosse um investidor agressivo, ao ultrapassar o nível de 3.130, deveria entrar de novo. Como mencionei no post ... “o mercado pode continuar subindo do ponto atual até o próximo nível de 3.160” ...
No gráfico acima com janela semanal, apontei um nível como “máximo”. Antes que meu amigo entre na conversa, deixa eu explicar o que quero dizer como máximo. Dentro das minhas premissas, considero esse nível o mais provável para começar uma reversão, a correção que estou aguardando. Já seria um pouco mais que o esperado, mas .... Agora, se por acaso esse nível for atingindo, e a bolsa continuar a subir, é porque o movimento é mais forte, e uma onda 3 já está em curso. Aí a conversa é outra.

Se você está achando confuso, sem saber muito bem o que esperar, é assim que uma análise mais cuidadosa deve analisar. Trabalhar com um cenário básico, mas ter cenários alternativos, pois nunca existe uma única visão. Se assim fosse, os analistas seriam os donos de todo o estoque de ETFs do mercado, comprados com os lucros. Para esclarecer, neste caso seria os ETF da bolsa americana! Hahaha ...

O SP500 não teve negócios pelo feriado americano; O USDBRL a R4,2117, com queda de 1,22%; o EURUSD a 1,1007, sem alteração; e o ouro a U$ 1.458, com alta de 0,26%.

Fique ligado!

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