Melhor não entender de contabilidade
Se a Europa está tentando se manter no jogo do crescimento
através de empates, o EUA ganhando de 1 a 0 com golzinho no final da partida, e
as goleadas da China parecem coisa do passado, de onde pode surgir o
crescimento que o mundo tanto precisa?
Um relatório elaborado pela Gavekal aponta para os países
emergentes ex-China. Suas razões podem ser resumidas em alguns itens:
Um cenário
político global em mudança: Algumas semanas atrás, Donald Trump indicou que estava disposto a declarar
"vitória" em sua guerra comercail com a China e seguir em frente. Pouco
tempo depois, a União Europeia e o primeiro ministro britânico conseguiu
concordar com um acordo do Brexit que fazia sentido para ambas as partes. Estes
eventos removeram dois grandes riscos políticos do sistema global e, portanto, agora
são negativos tanto para os bonds americanos quanto para o dólar. Alem disso, reduz
os custos de financiamento e aumenta o apetite pelo risco. Um dólar americano fraco
é geralmente boa notícia para mercados emergentes.
Uma grande mudança na política monetária: Até o mês
passado, o Fed ainda sinalizava que manteria seu balanço estável. Os
deslocamentos no mercado de recompra dos EUA, o fez abandonar esta resolução.
Em vez disso, o Fed agora está expandindo seu balanço novamente. Essa mudança
implica uma baixa do dólar americano, o que deve ser uma boa notícia para os
mercados emergentes.
A China voltou a injetar liquidez e facilitar a política:
Os dias de estímulos maciços já se foram há muito tempo. Mas a liderança está
certificando-se de que o crescimento chinês não desmorone, e o ciclo do mercado
emergente é tipicamente um grande beneficiário do estímulo chinês.
A combinação de um dólar americano no pico e um estímulo
chinês, normalmente é suficiente para defender um caso para os mercados
emergentes. Mas parece que algo mais está acontecendo. Em quase qualquer lugar
que você olha os mercados emergentes, você encontra reformas fiscais
significativas (Brasil, Índia), mudanças regulatórias importantes (Brasil,
Índia, Indonésia) ou interesse significativo em reduções de taxas de juros
(Índia, Brasil, Indonésia, Rússia etc.). Em resumo: estímulo no lado fiscal, estímulo
no lado regulatório e estímulo na frente da política monetária.
É certo que o impacto do estímulo fiscal pode ser limitado
em países como como Índia ou Indonésia, onde poucas pessoas realmente pagam
impostos. No entanto, o outro lado da moeda é que taxas de juros mais baixas
terão muito mais impacto estimulativo do que nas economias desenvolvidas. Corte
de juros de -40bp a -50bp pouco fazem, exceto tornam a vida impossível para os
bancos, companhias de seguros e fundos de pensão, dos países desenvolvidos. Mas
reduzir as taxas de 7% para 5% promove consumo, gastos de capital e aumento da
assunção de riscos.
Considerando tudo isso, por que os investidores ainda não se
entusiasmaram com as perspectivas de crescimento em mercados emergentes? Uma
explicação possível é que, na última década, os investidores se acostumaram a
olhar para esses mercados através do prisma da China. Dado o tamanho da
economia chinesa e o impacto do ciclo econômico chinês em outros mercados
emergentes, esse viés faz sentido. Nos últimos anos, a China e os mercados
emergentes de fato tendiam a se mover como um único. Como resultado, dadas as
perspectivas modestas para crescimento chinês, a maioria dos investidores
parece ter chegado à conclusão de que as expectativas para outros mercados
emergentes não são tão convincentes.
Esta conclusão pode revelar-se apressada e simplista. Em um
mundo em que o dólar não está mais subindo (seja por causa da guerra comercial,
um Fed mais atenuado ou riscos reduzidos do Brexit), os mercados emergentes
ganham muito do foco político. Hoje, a maioria deles está usando esta janela de
oportunidade para adotar políticas estimulantes.
Em 2003, poucos investidores acreditavam que a China
contribuiria metade de todo o crescimento global do PIB nos próximos 10 anos.
No entanto, ao longo da década passada, aproximadamente metade do crescimento
global foi de fato produzido pela China, um quarto por outros mercados
emergentes e um quarto pelas economias avançadas.
Dadas as opções políticas atualmente em desenvolvimento
nessas três zonas, seria tão difícil imaginar que, na próxima década, metade do
crescimento global poderia vir de mercados emergentes ex-China, um quarto (ou
menos) da China e um quarto das economias desenvolvidas?
Dado o cenário macro, isso poderia facilmente provar o
caminho de menor resistência: na próxima década, com o crescimento combinado do
Brasil, Índia, Indonésia, Rússia, Vietnã e outros que superam o crescimento na
China e provavelmente nas economias desenvolvidas também. Felizmente para os
investidores, isso é cada vez mais provável e esse cenário está longe de ser
precificado pelas moedas, mercados de títulos, mercados de commodities, ou
mesmo por mercados emergentes locais de ações.
Esse é um relatório bastante otimista para os mercados
emergentes. Não fosse a sua origem, poderia ser encarado como torcida. A
fundamentação é convincente, a condição para essa região é bastante favorável.
Não tenho como avaliar os países asiáticos, mas um dos países citados é o Brasil.
Para nós que aqui vivemos, já se pode notar importantes mudanças, embora ainda
não tenha se traduzido em crescimento mais robusto do PIB. Porém, consertar 20
anos de desgovernança do PT, políticos acostumados a agir de forma desonesta,
não é em 12 meses que se resolve.
Como o estudo aponta, o nosso crescimento será diferente de
como era no passado, que era centrado na Indústria e exportações, agora o que
se vislumbra é o crescimento via consumo, onde o crédito vai fazer toda a
diferença.
Jair Bolsonaro não tem ideia do valor de sua equipe
econômica, não fosse o Ministro “Posto Ipiranga” estaríamos agora, além de toda
a bagunça criada pela sua família, a economia estaria sem perspectivas, um
caminho semelhante ao da Argentina na gestão Macri. Essa situação me faz
lembrar um momento onde eu trabalhava no BFB e meu chefe saiu de férias. Na sua
ausência, montei uma posição gigante em LTN, no início do plano Collor. Apostei
que a inflação ficaria muito baixa e os juros SELIC da época iriam cair. A
diretoria nem percebeu minha posição e nem o lucro que ocorreu. Bastou meu
chefe voltar para ele me chamar em sua sala e perguntar “ estes dados contábeis
estão certos? ” Respondi afirmativamente. “Que porrada! ” Bons tempos ...
Sonhar faz parte da vida, e caso essa análise estiver
correta, os países emergentes vão passar para primeira divisão, em bloco. Só
espero que o Brasil esteja nesse grupo, e tem tudo para estar, basta o
Presidente se preocupar com outros problemas e deixar Paulo Guedes
continuar seu trabalho. Espero que não sobre tempo para o Bolsonaro olhar a
“contabilidade! “. Hahaha ...
No post sempre-alerta, fiz os seguintes comentários
sobre os juros de 10 anos: ... “Notem que estabeleci dois patamares com definições muito
diferentes:
Barreira para a baixa –
Para que a correção do movimento de baixa, que ocorre desde o final de 2018,
termine é necessário que esse nível de 1,95%/2% não seja ultrapassado (esse é
um pequeno ajuste das afirmações anteriores onde mencionei o patamar de 1,9%).
Em outras palavras, se o juro ainda tem chão para cair, ao
atingir o patamar acima, o movimento de queda deve ganhar tração.
Porta para a alta – Por
outro lado, se essa região acima não conter os juros e o nível de 2,3% for
rompido, podemos abandonar por um tempo a ideia que o nível de 1,45% seria
visitado novamente” ...
Nesta semana o juro chegou a atingir a máxima de 1,80% para
em seguida reverteu, situando-se agora em 1,70%. A atualização do gráfico a
seguir deixa nosso cenário exposto acima ainda incerto, pois do mesmo jeito que
pode sugerir a formação de um triângulo, que levaria o juro a novas mínimas, inversamente
poderia estar se preparando para novas altas.
- David, deixa ver se
eu entendi, pode acontecer qualquer coisa? Come on!
Olhando pelo seu prisma a resposta nesse momento é sim. Mas
para não ficar sem rumo, vou estreitar os níveis onde poderíamos ter uma pista
melhor, basta que o mercado saia de onde está.
No cenário de baixa, o primeiro rompimento a 1,6% levanta um
alerta cuja confirmação viria abaixo de 1,5%/ 1,45%. Por outro lado, passar
1,8%, levanta suspeitas que uma alta pode estar se formando, com confirmação
acima de 1,85%/1,90%. Não é à toa que o juro se encontra hoje a 1,7%,
exatamente no meio desses intervalos.
Qualquer tentativa de se posicionar agora é temerosa. Se
vocês se recordam, eu comentei que 70% do tempo o mercado permanece em correção
e somente 30% em movimento direcional. A disciplina é não buscar operar nessas
situações e colocar um viés opinativo sobre os gráficos. O objetivo não é estar
certo o compromisso é com o bolso!
O SP500 fechou 3.066, com alta de 0,97%; o USDBRL a R$
3,9944, com queda de 0,53%; o EURUSD a € 1,1161, com alta 0,11%; o ouro a U$
1,512, sem variação.
Fique ligado!
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