Sempre alerta



O risco de recessão retrocedeu nas últimas semanas, a principal razão foi a publicação de dados melhores da economia americana. Sabemos que não existe nenhum modelo para prever com antecedência quando uma irá ocorrer. Os economistas que fizeram no passado previsões nesse sentido de forma assertiva, foi pura sorte, tanto é verdade que foi um evento de uma única vez, nunca mais acertaram.

Mas isso não é suficiente para relaxar, as condições econômicas mundiais são precárias, e o risco seguramente é maior agora. Como diz o ditado popular, ficar com “ um olho no peixe e outro no gato” é recomendável.

A economia americana depende muito do consumo. Um povo que aprende desde criança a consumir e se endividar, uma queda seria perigosa. O índice de consumo publicado pela Bloomberg fornece um certo conforto prevendo que as vendas de Natal devem ser robusta.


Um dos bancos que tinha um call muito forte sobre a recessão, o Morgan Stanley, recuou nessa perspectiva. Como se pode verificar neste gráfico, que acompanha essa probabilidade, pode ser que foi alarme falso.


Uma outra análise enfoca as características das recessões ocorridas no passado. Se pode notar que a extensão tem diminuindo com o tempo, conforme os dados a seguir. Quando o parâmetro é o tempo entre o início e seu termino, ultimamente tem se mostrado de curta duração.


De fato, você sabia que pode haver uma recessão sem contração no PIB? Foi exatamente o que aconteceu após a bolha da tecnologia. Houve uma forte contração na atividade industrial e uma expansão na taxa de desemprego, mas o PIB real nunca foi negativo.


Mas esse fato não é um alento para o investidor, pois o impacto na bolsa de valores é profundo. Na verdade, é isso que nos afeta mais. Como se pode notar, nesses momentos não é infrequente quedas de 40% ou mais!


Parece sábio usar uma estratégia onde usando as datas oficiais de início e término da recessão, se concorde para entrar e sair do mercado. Isso funcionaria? Claro, seu patrimônio aumentaria, mas não tanto quanto se você tivesse enfrentado sem alteração a sua posição.


A recessão é tão imprevisível como a vida, você pode estar em excelentes condições físicas e algo inesperado acontece. Naturalmente, existem níveis de probabilidade. Fumar, se alimentar de forma errada, pressão alta, e elevado colesterol, esperar pelo melhor é torcida, o melhor é tomar as providencias. Da mesma forma a recessão, existem momentos com maior risco e outros com menor risco. No momento atual, e melhor acompanhar como um médico, pois os exames “clínicos” apontam para necessidade de atenção. Como dizem os escoteiros é hora de ficar sempre alerta!

No post tomografia-para-fundos-de-investimento, fiz os seguintes comentários sobre o juro de 10 anos: ... “o nível de 1,9% é crucial, acima muda minha retorica de queda de juros e eleva a chance de o mesmo ficar pelo menos no “caixote”, abaixo podemos estar entrando num período de consolidação para que no futuro presenciar novas quedas. Não vejo nenhum interesse em propor um trade nesse momento, melhor ficar observando o que o mercado vai dizer” ...

No gráfico diário a seguir, as configurações dos últimos dias apontam para a continuidade do movimento alta de juros no curto prazo. Acredito que o nível entre 1,95%/2% será visitado proximamente. A seguir, eu explico as duas linhas traçadas a partir daí.

Notem que estabeleci dois patamares com definições muito diferentes:


Barreira para a baixa – Para que a correção do movimento de baixa, que ocorre desde o final de 2018, termine é necessário que esse nível de 1,95%/2% não seja ultrapassado (esse é um pequeno ajuste das afirmações anteriores onde mencionei o patamar de 1,9%).

Em outras palavras, se o juro ainda tem chão para cair, ao atingir o patamar acima, o movimento de queda deve ganhar tração.

Porta para a alta – Por outro lado, se essa região acima não conter os juros e o nível de 2,3% for rompido, podemos abandonar por um tempo a ideia que o nível de 1,45% seria visitado novamente.

- David, e se ficar no meio desse intervalo?
As chances ficam dividas, ou melhor, um pouco mais provável para cima que para baixo.

Mas, uma coisa de cada vez, vamos aguardar os próximos dias para decidir que caminho podemos tomar. Nesta semana tem decisão do Fed sobre os juros, e embora essa reunião não é daquelas que tem secção de perguntas, nem atualização das projeções pelo Fed, o comunicado poderá dar alguma pista se a queda dos Fed funds deve continuar.

O SP500 fechou a 3.022, com alta de 0,40%; o USDBRL a R$ 4,0074, com queda de 0,79%; o EURUSD a 1,1079, com queda de 0,22%; e o ouro a U$ 1.504, com alta de 0,12%.


Fique ligado!

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