A doce vida com os bodes
Quando se entra numa negociação considerando estar em
condição vantajosa, duas coisas podem acontecer: você tinha uma percepção
correta da situação e rapidamente se chega a um acordo, ou não mediu
corretamente as forças de seu oponente e o processo se torna demorado. Nesse segundo
caso, quanto mais tarda a solução, mais você fica disposto a abrir mão de
vantagens que lhe são de direito, porém o estado inerte, é negativo para ambos.
Hoje acordamos com a possibilidade de dois assuntos
encardidos terem uma solução, ou pelo menos uma saída: Brexit e o acordo
comercial entre USA e China.
O otimismo do Brexit foi marcante e a libra subiu mais na
sexta-feira - seu maior ganho percentual diário em sete meses - depois que
Donald Tusk, presidente do conselho da UE, disse ter visto "sinais
promissores" sobre a chance de um novo acordo Brexit entre o Reino Unido e
a UE, mesmo que o país não tenha apresentado um plano realista e viável. O
otimismo de que um acordo pode ser alcançado vem aumentando após uma reunião
entre Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, e Leo Varadkar, líder
irlandês na quinta-feira, após o qual, os dois disseram que poderiam ver um
"caminho" para um possível acordo com o Brexit.
Depois de se encontrar com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson para negociações, o primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar disse na quinta-feira que, um acordo para a Grã-Bretanha deixar a União Europeia de maneira ordenada, pode ser fechado até o final do mês. Varadkar classificou as conversações de "construtivas", enquanto os dois líderes disseram em uma declaração conjunta que "poderiam ver o caminho para um possível acordo". Mas não ficou claro o que o par concordou.
Do outro lado do Atlântico, o presidente dos EUA, Donald
Trump, na quinta-feira chamou o primeiro dia das negociações comerciais com a
China, em mais de dois meses, de "muito, muito bom". O otimismo
comercial foi reforçado durante a noite, depois que um jornal estatal chinês
dizer que um acordo comercial "parcial" beneficiaria a China e os
Estados Unidos, e Washington deveria levar a oferta à mesa, refletindo o
objetivo de Pequim de esfriar a briga antes que mais tarifas americanas entrem
em vigor.
O principal negociador comercial da China, o vice-primeiro-ministro Liu He, disse que a China está disposta a chegar a um acordo com os Estados Unidos em questões de que ambos os lados se importam, a fim de evitar que o atrito leve a mais escalada. Ele ressaltou que "o lado chinês veio com grande sinceridade".
O jornal oficial China Daily disse em um editorial em inglês: “Um acordo parcial é um objetivo mais viável”, acrescentando que “não seria apenas um benefício tangível ao romper o impasse, mas também criaria o respiro necessário, e espaço para os dois lados refletirem sobre a imagem maior "
Além disso, e não por coincidência, horas antes de uma
reunião esperada entre Liu da China e o presidente dos EUA Donald Trump na Casa
Branca, o regulador de valores mobiliários da China divulgou um cronograma
firme para eliminar pela primeira vez os limites de propriedade estrangeira em
empresas de futuros, valores mobiliários e fundos mútuos, sugerindo que
investidores profissionais dos EUA sejam bem-vindos para investir.
Analistas observaram que a China enviou uma delegação maior
do que o normal de altas autoridades chinesas a Washington, com o ministro do
Comércio Zhong Shan e vice-ministros de agricultura e tecnologia também
presentes. Separadamente, o SCMP informou que o vice-primeiro-ministro da
China, Liu, recebeu uma carta do presidente Xi, que pode ou não ser entregue ao
presidente dos EUA, Trump, em sua reunião de hoje.
Os mercados reagiram a essas notícias com altas nas bolsas
ao redor do mundo. Mas isso é aceitável para mergulhar no risco? Acredito que
não, mas foi suficiente para tirar algumas apostas mais catastróficas do
mercado, acionado seus stoploss. Como a história do bode, enfiaram tantos
animais na sala, que meia dúzia de bodes parece um paraíso.
No post disparidade, fiz os seguintes comentários
sobre o juro de 10 anos: ... “Acredito que seja possível a formação de um triângulo
cuja as bordas se encontram de forma tentativa no gráfico acima. Nesse caso,
poderá surgir uma oportunidade para apostar na queda de juros numa região entre
1,85% / 2,0%” ...
Às vezes fico perplexo com as ideias que o mercado acredita,
nesses momentos, fica tão enraizado essas ideias, que nem racionam qual o
motivo que os levaram a essa crença. Ultimamente, existe um mantra que, para a
bolsa americana subir é necessário que os juros caiam. O Fed jogaria essa
“boia” para evitar uma derrocada das ações. Sendo assim, se o juro subia a
bolsa caia e vice-versa. Ninguém pensou qual seria o motivo dessa redução de
juros; A autoridade monetária seria levada a tal atitude somente porque algo
ruim estaria para acontecer, por exemplo, uma recessão.
Se não houver esse risco de recessão, porque os juros de 10
anos estariam tão baixos? Ninguém pensa nisso?
Vocês já devem ter visto uma frase que me acompanha desde
que comecei nesse ramo: O juro pode subir pelo bom motivo ou pelo mal motivo. No
primeiro caso, é pelo risco de inflação e no segundo por um aquecimento demasiado
da economia. Nesses tempos modernos vou ter que incluir mais um motivo, porque
está muito baixo. E esse seria o caso atual.
Podemos estar assistindo a quebra desse mantra do mercado e
é possível que a bolsa americana e o juro subam, na visão do Mosca, sem nenhum problema!
O gráfico a seguir, com janela semanal, mostra os movimentos
do juro de 10 anos nas últimas semanas, com oscilações fortes em ambos
sentidos. Como anotei, se o fechamento de hoje terminar no nível atual, ou
ainda, for superior a 1,75% apresentando um outside
week, teremos dois sinais importantes de alta, o que se chama double bottom. Desculpem o “Tecnales”.
Ainda é cedo para dizer o que irá ocorrer com os juros de 10
anos, se o que está acontecendo é uma correção mais forte para voltar a cair
mais a frente, ou um “encaixotamento” que perdura por 8 anos, entre 3,0% e
1,4%, ou algo maior. A verdade é que a análise técnica nos deu indicações com
antecedência de ser perigoso apostar na queda de juros naqueles níveis, agora
vamos aguardar ela nos dar indicações do que pretende. Let´s the market speak!
O SP500 fechou a 2.970, com alta de 1,09%; o USDBRL a R$
4,1063, sem variação; o EURUSD a € 1,1040, com alta de 0,30%; e o ouro a
U$ 1.489, com queda de 0,30%.
Fique ligado!
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