Tudo zero!
Acredito que é de conhecimento dos leitores o movimento deflacionário que o mundo
vive. A queda dos custos de mão de obra afetando os preços de produtos e
serviços são percebidos pelos consumidores. AS principais forças por traz desse
movimento se resumem em: globalização e os avanços tecnológicos.
Esse movimento que prevalece com mais força a partir de
2008, vem causando vantagens para os consumidores, mas grandes problemas para
as indústrias afetadas, bem como para os bancos centrais que acabam perdendo a
eficácia da política monetária.
Quando refletimos nas consequências encontrarmos os setores
que estão são afetados, mas confesso que outros acabam surpreendendo, como por
exemplo a Corretora Americana Charles Schwab que anunciou uma redução à zero de
suas comissões sobre negociações de ações.
Essa ação desencadeou uma diminuição em cadeia de outras
corretoras. A E*Trade, seguida da TD Ameritrade e Interactive Brokers Group, para
citar algumas, que seguiram no mesmo caminho.
As comissões de negociação são a última frente de uma feroz
guerra de preços que vem ocorrendo em todo o setor financeiro. As corretoras e
os gestores de recursos estão diminuindo os custos dos ETFs e da consultoria
financeira, cortejando clientes novos e mais jovens com produtos e serviços
gratuitos. A popularidade de aplicativos de negociação sem comissão, como a
Robinhood Markets Inc., aumentou a pressão sobre as empresas que ainda cobram
comissões.
Essa onda começa a ter adeptos no Brasil. Recebi hoje um
comunicado da XP Investimentos que a partir de agora, dois contratos de
mercados futuro (dólar e bolsa), serão isentos de corretagem. O movimento ainda
é pequeno, porém é assim que começa.
Não fica claro quais foram os motivos que levaram a tão
drástica medida, pois é sabido que os americanos têm uma parcela importante de
seus recursos investidos em ações. Além do mais, a proliferação dos aplicativos
para negociações de ações resultou numa mudança importante na forma como o
fluxo acontece, transformando investimentos de prazo mais longo para
especulações de curto prazo.
O resultado foi um declínio dramático no período médio que
as ações permanecem no portfólio. Em 1940, o estoque médio era mantido por 7
anos, enquanto hoje é mantido por 1 mês! Suspeito que todas essas informações e
"notícias" estão realmente nos tornando piores investidores, pois
estão se alimentando de nossos preconceitos comportamentais.
A estatística publicada a seguir me impressiona. Embora
contemple um horizonte bastante longo. Fornece a dimensão das consequências de
se investir com visões imediatistas. A bolsa americana rendeu a espetacular
cifra de 13.898% em aproximadamente 50 anos. Uma análise mais financista leva a
um retorno médio de 10, 3% a.a. Isso é o que eu denomino da matemática do
dinheiro: capitalizar é o nome do jogo.
Se o melhor dia for extraído da amostra, o retorno total
diminui em 10% do total. No resultado capitalizado parece fazer grande
diferença, porém, em bases anuais, a queda é pequena pois a média ainda gira em
torno de 10% a.a. Agora se os 5 melhores dias forem retirados, a queda é de
admiráveis 35%, enquanto a taxa anual média passa para 9,4% a.a. O que esses
dados não fornecem é de quanto o retorno seria acrescido se fosse extraído o
pior dia, e os 5 piores.
Seguramente a razão que levou essas empresas a fornecer de
“graça” é a alta rotação de ações realizadas por seus clientes. Esse é um
serviço que tem custos baixos, mas tem custos. Por outro lado, se o prazo de
permanecia das ações voltassem aos 7 anos poderiam fechar suas portas! Não sei
de onde eles tirarão suas receitas, talvez da já diminuta diferença de preços entre
compra e venda das ações. Porém, foi a concorrência os levaram a tomar essa
decisão, consequência de um mundo disseminado de deflação.
Estou esperando que os restaurantes, planos de saúde,
condôminos, para frisar alguns, baixem a zero seus preços! Assim, poderíamos
viver tranquilamente num mundo com juros de 0%, pois tudo seria zero!
No post dois-pesos-duas-medidas, fiz os seguintes comentários
sobre o Ibovespa: ... “Para poder confirmar o que apontei como mais provável e necessário
que a bolsa ultrapasse o nível de 106.650” ... ... “é necessário ultrapassar os
106.500, caso contrário, a correção ainda estará em curso” ...
Em conjunto com a queda ocorrida no exterior, a bolsa
brasileira também foi afetada, ocasionando uma retração nas cotações. O
objetivo traçado acima fica suspenso até que fique mais claro o movimento de
curto prazo. No gráfico de mais curto prazo, observo duas possibilidades: a
formação de um triângulo ou uma correção flat, conforme gráfico a seguir.
Na opção triângulo a queda deveria ser contida ao redor de
98.000, enquanto na opção flat entre 95.000 a 96.000. Existem ainda outras
opções cuja probabilidade é menor, o que não ajudaria a compreensão nem a
orientação para um novo trade.
Vou ficar mais preocupado com a opção de continuidade da
alta, caso o Ibovespa recue abaixo de 93.000. Contrariamente, ultrapassando o
nível de 106.500, o movimento de alta ganha tração.
Vou compartilhar essas últimas 48 horas para que entendam
como a análise técnica interage com o analista. Os mercados de ações, ao recuar
abaixo das minhas expectativas, me infringiu um certo constrangimento, afinal,
ninguém gosta de errar! Nas primeiras horas, existe uma tendência a querer
negar os fatos, que fica abrandado conforme o tempo passa. Em seguida, depois
de terminada (estopada) a posição, o analista se vê num outro momento. Qual o
plano B?
Nesse novo período, e de forma totalmente desprovida de
emoção, fiz outras hipóteses, mantendo ainda a opção de alta, uma vez que, as
premissas de mais longo prazo não foram atingidas. Depois disso, é um trabalho
mecânico, define-se novos parâmetros sem que se passe o desconforto de um prejuízo
em andamento. Assim, 95.000 ou 106.000, na orientação acima, tem o mesmo
impacto, zero! O que não seria verdade se a posição ainda estivesse em aberto.
Sendo assim, uma boa performance deve ser medida em função
do risco assumido, que não é visível nos resultados, bem como das oportunidades
aproveitadas. Os erros fazem parte da jornada é devem ser limitados a pequenos
valores.
Se o Mosca existisse
desde 1970 não saberia dizer se a porção direcionada a bolsa americana teria um
retorno superior a 13.898%, mas provavelmente não passaríamos o sufoco dos
períodos desatacados em vermelho abaixo.
É importante que o leitor perceba que o resultado expressivo
obtido na bolsa americana desde 1970, de forma passiva, só foi possível porque
o mercado subiu sempre. Somente em alguns momentos houveram quedas. Encaro o
resultado dessa alta somente como estatístico, embora a redução do retorno por
conta de perder alguns poucos dias é intrigante.
O SP500 fechou a 2.910, com alta de 0,80%; o USDBRL a R$
4,0877, com queda de 0,99%; o EURUSD a € 1,0970, sem variação; e o ouro a U$
1.505, com alta de 0,42%.
Fique ligado!
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